Agora sim a corrida espacial começou !
O noticiário pandêmico ofuscou um fato histórico. O lançamento da nave construída pela Space X com dois astronautas a bordo. A notícia foi quase que dada como nota de rodapé, quando na realidade deveria merecer destaque porque se trata do primeiro lançamento de uma nave tripulada por humanos bancada pela iniciativa privada. Sim, trata-se de um projeto de parceria entre a empresa de Elon Musk e a NASA. A Space X que parecia ser um delírio de Musk já é realidade faz algum tempo, mas somente agora alcança aquele que talvez seja o seu primeiro grande feito. Concebida como uma empresa de transporte espacial de carga e passageiros coloca os vôos espaciais em outro patamar, pois estes já não dependem mais – exclusivamente – do dinheiro público. Os planos da empresa são ambiciosos, mas totalmente factíveis. Há mercado para este tipo de serviço. Outro ponto. Como precisa ser rentável para justificar o investimento de seus acionistas, a Space X projetou e construiu o primeiro foguete propulsor totalmente reutilizável, capaz de aterrisar em uma plataforma marítima, reduzindo sobremaneira os custos de uma viagem interplanetária. Os lançadores que se perdiam após lançarem a cápsula principal sempre foram o item mais custoso no orçamento de uma viagem espacial. Vencido este ponto, podemos dizer que o céu é o limite. Comparando com o tempo das grandes navegações do século XVI, diríamos que a Space X é uma espécie de Companhia das Índias, o empreendimento mercantilista que viabilizou as viagens marítimas e modificou a face do planeta, gerando um ciclo de prosperidade, moldando o que poderíamos classificar como modernidade. Com a Space X comprovando sua capacidade técnica, abre-se a mesma possibilidade, só que agora de exploração e conquista do espaço sideral. Até agora o que conhecíamos eram iniciativas bancadas pelos Estados com fins militares, que foram também usadas para lançamentos de satélites de comunicação. Com a Space X temos o capital apostando no desenvolvimento de possibilidades comerciais infinitas. Agora sim, podemos afirmar que a verdadeira corrida espacial começou.