Ainda Muitos Hospitais e Clínicas Não Sabem Avaliar Viabilidade de Pacotes

Ainda Muitos Hospitais e Clínicas Não Sabem Avaliar Viabilidade de Pacotes

(*) todas as ilustrações são partes integrantes do material didático dos cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

Desde que o tema RBV saiu das discussões que ocorriam lá nos Estados Unidos e “ganharam o mundo”, fazendo com que os gestores passassem a exercitar a viabilidade de remunerar os serviços através de “pacotes para melhoria de cuidados” (Blunded Payment), o termo “pacote” que já era confuso para muita gente, passou a fazer parte da “mitologia” para uma infinidade de gestores da saúde privada:

  • No sentido literal de “mito”, para quem não consegue discernir uma coisa da outra;
  • No sentido ilustrado de infinidade, porque a quantidade de gestores ainda não adequadamente preparados é enorme !

Desde que isso começou a fazer parte da agenda das operadoras de planos de saúde (já faz tempo) até os dias de hoje, “o mantra” de que qualquer pacote é sempre inviável para hospitais e clinicas se fortaleceu:

  • E como o movimento por parte dos serviços de saúde para analisar o assunto de forma adequada não inclui método ... análise sistêmica ... a tendência do mantra continuar a ser “declamado na posição de lótus” se mantém;
  • Ainda são poucos os gestores de hospitais e clínicas que realmente têm discernimento para avaliar todos os aspectos que envolvem a análise, confundindo custo com preço, oportunidade com oportunismo, enquadramento real ... uma pena !

A conta tipo pacote tem a característica de ser, ao longo do tempo, uma oportunidade para a operadora de planos:

  • Mas esta oportunidade pode ou não se materializar ... pode ser maior ou menor ... dependendo da forma como o serviço de saúde avalia e condiciona a realização dos procedimentos ... da forma como “o acordo é formalizado”;
  • E dependendo do contexto, pode ser uma ótima oportunidade para hospitais e clínicas;
  • Os negócios na área da saúde são mais ou menos viáveis dependendo da capacitação dos gestores que estão nos dois lados da mesa: da fonte pagadora e dos serviços de saúde;
  • Como em qualquer outro tipo de negócio, o negociante melhor preparado consegue melhores resultados;
  • Pacotes, como na questão da precificação em contas abertas ... dos preços dos itens de conta ... quanto mais capacitado está o gestor melhores são suas chances para fechar um bom negócio, seja do lado da operadora, seja do lado do hospital, da clínica, do CDI ... !

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É que ainda temos gestores em hospitais e clínicas que para avaliar uma proposta de pacote faz a média do valor das contas abertas para o procedimento:

  • Não é errado fazer isso ... mas é errado ... e muito errado ... fazer somente isso;
  • Desconsiderar a análise dos custos, fatores comerciais e a relação com os parceiros inibe completamente a avaliação das oportunidades reais;
  • E fazer somente o cálculo do valor médio sem metodologia adequada de seleção da amostra correta para estratificar a carteira faz com que “o número apurado” (a média calculada) represente “nada”.

Com “nada” para comparar com uma proposta real, ainda tem gestor que ao concluir que o valor calculado é menor do que uma média “de não sei o quê” afirme que haverá prejuízo !

  • Calcula preços ... compara preços e chega a uma conclusão “sem sentido” em relação ao lucro ou prejuízo se adotar a proposta de pacote feita pela operadora;
  • Nem avalia o custo, nem as alternativas que a proposta pode refletir nos custos, independente do preço !

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Alternativas ? ... é a palavra-chave definindo que na verdade o cenário é um pouco pior:

  • Sem aplicar a metodologia adequada, gestores de hospitais e clínicas ficam sem ferramentas para discutir alternativas à proposta apresentada pela operadora;
  • A operadora geralmente está aberta para discutir alternativas, uma vez que não é porque o melhor “pacote do mundo” não seja viável, que não esteja disposta a negociar ... flexibilizar ... não é verdade que ajustes não sejam benvindos sempre, como podem pensar que “fecha a porta da negociação” sem base sólida para discutir;
  • Sem visão adequada dos ajustes que podem eliminar as barreiras, criam anticorpos que eliminam o desenvolvimento do assunto ... e o assunto acaba fracassando por falta de discernimento, e não por inviabilidade econômica ... infelizmente !

No pior cenário possível, “engole” a proposta da operadora devido ao cenário comercial muito favorável para ela, sem ao menos visualizar que havia uma alternativa na negociação que poderia minimizar o impacto, quando até havia margem para negociação ... sem ferramenta para isso, nem soube o que contrapropor !!

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A mitologia sobre o tema ... o mantra ... tudo é revestido de um cenário onde existem somente grandes empresas que atuam como fontes pagadoras e serviços de saúde ... estruturadas ... como se o mercado fosse apenas meia dúzia de empresas conhecidas de todos, e não uma infinidade de empresas que compõem um complexo e gigante mercado chamado saúde suplementar regulada.

A realidade é muito diferente, e como o assunto não se desenvolve como poderia, não explora o potencial que teria se a visão do cenário fosse diferente:

  • Na verdade temos umas poucas operadoras com estrutura realmente adequada para desenvolver os projetos de pacotes, que vão escalando uma estrutura profissional de precificação como ilustrado na “pilha verde da figura”;
  • A maioria delas apura valores de contas até misturando procedimentos que não tem nada a ver uns com os outros, e com base no menor valor apurado propõem pacotes para os serviços de saúde. Algumas nem isso fazem: observam o que as outras estão propondo e fazem a mesma coisa, sem avaliar que o custo da outra pode não ter nada a ver com o dela;
  • E temos poucos serviços de saúde que têm estruturas capacitadas de precificação, profissionalizadas “mais no topo” da pilha roxa da figura, atuando em precificação;
  • A maioria fica observando o preço praticado no mercado para definir o seu, exclusivamente de forma reativa, conforme as operadoras vão pressionando;
  • Assim os projetos de desenvolvimento de pacotes que caminham são poucos ... os que se baseiam em análises adequadas são poucos ... a maioria acaba se desenvolvendo na “na base da força bruta” imposta pela operadora que domina determinadas regiões ... uma imposição disruptiva e condenável que é apelidada no meio como “ou dá ou desce” !

O que mais chama a atenção é que a especialização necessária para que hospitais e clinicas avalie com assertividade nem é tanta ... o problema é que boa parte dos envolvidos:

  • Ou são profissionais de formação essencialmente assistencial, que conhecem muito sobre o procedimento e pouco sobre o mercado;
  • Ou são profissionais de formação não assistencial, que conhecem o mercado, mas não tem muito conhecimento sobre “a matéria prima” do produto que vai vender;
  • Basta a empresa, ou eles mesmos, empenharem um tempo que não é grande para se capacitarem nas melhores práticas;
  • E basta os hospitais e clinicas sempre colocarem estes dois tipos de profissionais para analisar conjuntamente ... se deixar um prevalecer sobre o outro não tem muita chance de dar certo e o “mito” prevalece !

Oportunidades nos negócios sempre devem ser analisadas adequadamente, e com pacotes não é diferente: pré-julgar sem avaliar com método e técnica pode ser um grande erro para hospitais e clínicas.

Divulgamos na página    www.jgs.net.br  a agenda dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde ... como sempre: vagas limitadas ... turmas pequenas !

Para os interessados, tem um curso específico sobre este tema: Dia 14/09 - Das 17 às 20 h – “Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais” – Detalhes: www.escepti.com.br/cursos/gnas12

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil    www.gesb.net.br    !

Informações adicionais    contato@escepti.com.br !

Wanderson Silva

l Finanças Corporativas I Controladoria l Turnaround

3 a

Perfeito seu artigo, os hospitais não estão preparados para esse tipo de remuneração e não poder de barganha, pois não conhecem seus custos a finco, trabalhando apenas com médias, sem levar em consideração o perfil epidemiologico. Quanto custa o paciente diabético, hipertenso na mesma cirurgia? Quando fazem a média esses detalhes não entram no escopo!

Andréa Cabral

Cirurgiã Bucomaxilofacial especialista em dor crônica / DTM / clinica odontológica e hospitalar / habilitada em laser / odontologia voltada para pacientes oncológicos / Auditora em serviços de saúde

3 a

Sou da assistência, começo a entender porque os pacotes não fazem sentido nem para mais nem para menos.

Juliana Barradas

Enfermeira Auditora/ Analista de Gestão em Saúde na Bradesco Seguros/ Analista de Sinistros/Especialista em Auditoria Hospitalar/Certificação Green Belt em Lean Six-Sigma/ Membro Black da Comunidade de Auditores em Saúde

3 a

Ótimo o artigo!

Carlos Alberto Marcelino

Executivo de Controladoria Gestão de Controladoria| Administrativo e Financeiro | Custos e Orçamentos

3 a

Bom dia! O curso é presencial?

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