Alegria no simples. No singelo.
Alegria que nos move, alegria que nos motiva, alegria que invade nosso ser, que reluz como um sol interior procurando espaço para resplandecer.
A vivência genuína e verdadeira dessa emoção nos torna leves, risonhos e de uma simplicidade de uma criança. A vida se torna mais simples, o peso que até então carregávamos e aparentava ser tão árduo, se transforma como inexistente. Por que procuramos um melhor jeito de carregar quando a melhor solução é soltar?
Adultos e suas complexidades, acreditam que sempre a solução esta no complexo, por isso tem mais olhos para dificuldade do que para a simplicidade. Enquanto que as crianças já se atentam para o singelo, o simples que optamos por não enxergar depois de crescidos. Pois quando pequenos, tudo até então era novidade, portanto belo e fascinante. Válido de ser observando e admirado com algo esplêndido e inacreditável.
Porém ao crescemos, nos habituamos com que até então era novidade, como observar uma borboleta em repouso, admirar um canto de um passarinho, ou seja, encontrar graça e alegria na manifestação das pequenas coisas como a da natureza. Acabamos nos convencendo que essas coisas eram pequenas de mais para prender nossa atenção e que devemos nos focar em buscar e observar algo maior. Mas afinal, o que é algo grandioso e esplêndido?
Para cada indivíduo a manifestação do grandioso e esplêndido pode alterar, de acordo com seu momento de vida, por exemplo, quando bebês o grandioso e esplêndido era conseguir andar sozinho(a), quando crianças aprender a ler e a escrever, quando adolescentes ter sua independência, chegando na maioridade, quando adultos nos especializar em uma profissão e adquirir crescimento profissional. Claro que tudo isso é natural e saudável, mas qual é a linha tênue que divide o doentio e o saudável?
È a proporção que se coloca, quando apenas nos obcecamos por algo, nos fechando para a realidade ao nosso redor, aquilo que julgávamos ser nossa liberdade e motivo de alegria, se torna aprisionante e um fardo difícil de ser carregado, fazendo que nos tornemos descontentes e mal-humorados. Ocasionando então o oposto da liberdade e leveza que procuramos. Por esta razão, devemos nos atentar quando nos tornamos loucos por um desejo de grandeza que nunca chega e nunca estamos satisfeitos.
Por isso a necessidade de nos focarmos no simples, no singelo que aparentemente não contribuiria para nossos objetivos mais majestosos, pois através do pequeno pode se achar a peça faltante para uma estrutura maior, a pausa na contemplação de uma pequena flor pode ser o respiro que precisávamos para adquirir mais ânimo e alegria em nossa caminhada rumo ao topo da montanha.
Arte e texto: Tamara Neves Xavier.