Alfabetização sem Cartilha

Gente querida,

Como educadora compartilho com vocês a escolha do nome do movimento "Alfabetização sem Cartilha" e empoderamento de professores alfabetizadores. A competência profissional traz a segurança necessária para poder atuar com leveza e tranquilidade junto aos alunos de qualquer idade. A leitura e a escrita fazem parte da vida, o uso destas práticas devem estar presentes na escola que muitas vezes artificializa estes usos deixando de ser significativa. Fui a professora de Dona Tetê, artista reconhecida hoje por seu trabalho com a chita, ela aprendeu a ler e escrever aos 82 anos comigo. Lemos poesias de Cora Coralina, ouvimos canções de Raul Seixas e João do Vale. Choramos, rimos, cantamos, nos emocionamos e reafirmamos sua história de vida, sua luta, suas conquistas, sua arte escondida embaixo do colchão pela vergonha de não saber ler. Contei a ela um pouco da história de Educação e apresentei-lhe Paulo Freire, que desvelou o grande equivoco de culpar o analfabeto por seu analfabetismo desconsiderando o contexto de desigualdade social que o produz. Senti o peso dos seus ombros se tornar mais leve. Tetê passou muuuitos anos frequentando a escola para adultos sem aprender a ler e escrever porque aquela escola se quer considerava as pessoas que ali estavam, suas histórias, seus saberes sobre o mundo e a vida. Era uma escola como muitas, com uma receita a "cartilha" que enquadra todos num mesmo padrão. Não ouve as pessoas, apenas entrega conteúdos prontos. Pior, estas escolas do século XXI, ainda encontram-se presas no século XVII, desconsideram tudo que foi descoberto sobre como se aprende, sobre como é o processo de aquisição da leitura e da escrita. São escolas de professores maltratados pelas próprias condições da profissão, professores desempoderados e sem alegria. Ao fazer o diagnóstico da escrita com Dona Tetê, percebi que ela possuía hipóteses avançadas sobre a escrita. Como isso não foi percebido? O conhecimento sobre a profissão docente, a atualização profissional empodera o professor que traz curiosidade e entusiamo para sala de aula, enche o ambiente de afeto, alegria, respeito e diálogo; acredita no potencial de seus alunos e eleva sua auto estima. O mais importante nas escolas são as pessoas, o restante: conteúdo, procedimento vem se a pessoa for acolhida.

Assim, convido vocês a fazerem parte do novo curso, venham "vamos espalhar boniteza pelo mundo"


Maria Zulmira Souza Zuzu

Palestrante, mediadora, criadora de conteúdos, formatos multimídia e comunicação na temática da sustentabilidade.

6 a

Jany é uma referência. Seus insights pouco a pouco tocam mais e mais pessoas para a temática essencial da alfabetização. Mestre no sentido mais completo da palavra.

Escola do século XIX com professores do século XX no século XXI um desafio a ser cumprido em uma conjuntura que permeia a desigualdade, reflexo das contradições inerentes a um governo dissociado, inconstante, volúvel, entretanto há luz sobra a questão quando percebo pessoas preocupadas em implementar, aperfeiçoar e difundir novas praticas de transmissão conhecimento pedagogicamente acertadas. Valeu Professora Jany!!

Valéria Gabriel Nezzi

Pesquisadora Associada- USP- NACE Escola do Futuro| CEO Light 4 Education| Palestrante - Inovações Tecnológicas|Pedagoga

6 a

Meu próximo curso.

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