Alma de repórter

Alma de repórter

Hoje, 16 de fevereiro, é o dia Nacional do Repórter. Soube da data porque vi um post de uma colega de profissão em uma rede social. Vivemos um momento em que nossa audiência é tão participativa que, chegando a fazer o noticiário junto conosco, sente pertencer ao universo da reportagem. Foi-se o tempo do telespectador passivo, inerte. Aí eu me pergunto: - O que fazer com essa representatividade? Quem nos assiste, nos ouve, nos lê, participa e nos ajuda merece o título de repórter?

Pra mim, repórter é sinônimo de responsabilidade e comprometimento. Estamos sangrando para continuar. A profissão de jornalista está entre as mais perigosas do mundo e o repórter, certamente, é quem encabeça esse ranking. Mandar um vídeo, um flagrante, uma imagem exclusiva é totalmente diferente de ser repórter. Na colaboração, não se exige apuração. Nós, jornalistas, quando repórteres, representamos uma emissora, um grupo de comunicação. Cabe à nós correr atrás de todos os porquês, faça chuva, ou sol.

Não somos movidos pelo acaso. O estar no lugar certo e na hora certa é obrigação e não coincidência. Comparo um repórter com um aparelho celular. Colocamos uma capinha nele, tentamos protegê-lo das quedas, mas nunca desligamos. Até colocamos pra carregar, mas ele continua trabalhando, mesmo ligado na tomada. Não descansamos. Tem horas que trava mesmo (é quanto a gente erra), e, às vezes, o armazenamento tá cheio.

Todo repórter se define como um contador de histórias. E contar histórias passa por saber ouvir. Equilibramos o famoso deadline com a paciência que precisamos ter para extrair o melhor conteúdo de quem, voluntariamente, aceita falar conosco. Essa conquista é difícil, necessita de uma habilidade que só o repórter tem.

Alguns colegas falam por imagens. O repórter cinematográfico traduz o que vemos e sentimos. O apertar de botão é um misto de técnica e sensibilidade. Ser repórter aguça todos os sentidos. É preciso ter um faro apurado (mesmo sabendo que tevê, rádio e tela não têm cheiro), olhos de águia que tudo vê, ouvidos sempre alerta, mãos e pés sem frescura para tocar onde for preciso. O repórter degusta antes, para fazer quem tá do outro lado vivenciar a sensação da notícia como se estivesse naquele lugar, naquele instante.

Não basta ser repórter, é preciso ter alma de.

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