Altos volumes de vendas, porém continua faltando dinheiro em caixa!

Por vezes ouvimos relatos de administradores, empreendedores e gestores que, apesar de suas vendas estarem em alto volume e a organização estar operando com lucro, ele não consegue honrar as despesas correntes mensais. A organização deve a bancos, estoura seus limites de crédito e busca opções de financiamento de dívidas junto a entidades financeiras pagando altos juros no mercado. Qual o motivo disto acontecer?

A resposta para este problema provavelmente se encontra na gestão do capital de giro da empresa.

O conceito do capital de giro é extremamente importante e deve ser levado em consideração pelos empreendedores ou gestores na hora de tomarem algumas decisões acerca da alocação de seus recursos financeiros.

O capital de giro é o recurso que, como se diz popularmente, dará condições de a empresa ‘girar’.

Analisemos algumas situações básicas de uma organização. Para aquisição de estoque é necessário caixa; esse estoque é muito importante, pois ao final de um ciclo operacional, quando tiver sido vendido e o dinheiro da venda efetivamente tiver sido recebido, se tornará caixa novamente; uma vez tendo se tornado caixa, além de pagar o capital instalado (mão de obra, aluguéis, equipamentos e etc.) há possibilidades de honrar obrigações com os fornecedores - que poderão continuar fornecendo itens que irão compor o estoque novamente. Neste ciclo, damos particular importância ao nível de estoques, pois a máxima: “estoque parado na empresa é dinheiro parado” é verdadeira e, portanto, afeta o caixa.

Quando pensamos em vendas, é preciso analisar que estas vendas podem gerar recebimentos à vista, a prazo ou parceladamente. No caso de à vista, por possuir alta liquidez, será utilizado para os pagamentos à vista e também abastecer os estoques da empresa novamente, via pagamento aos fornecedores. No caso de entradas a prazo ou em parcelas, estes valores tornam-se um direito de recebimento pela empresa e não necessariamente são (ainda) dinheiro. O dinheiro da empresa, portanto, ou está parado em estoques ou ainda está na mão do cliente.

Os recursos que estão alocados em estoque possuem um prazo médio para venda. É muito comum as empresas praticarem, dentre outras estratégias, uma particular para estimular vendas: o prazo para pagamentos oferecido aos clientes.

Suponhamos que o fornecedor que vendeu o material para compor o seu estoque, ofereça um prazo de 15 dias para pagamento. Suponhamos ainda que as vendas ocorrem (na média) 05 dias após a aquisição. Por suposição, imaginemos ainda que dessa venda a modalidade é receber com prazo para daqui a 30 dias. Temos que: da aquisição até o pagamento ao fornecedor, você precisa de recursos em 15 dias. Porém, para o recebimento, também partindo da data de aquisição, você terá trinta e cinco dias (que é o tempo em que ficou no estoque, mais o período de recebimento).

Percebe-se claramente que há um descasamento de recursos financeiros. Isto é, o tempo em que você realiza pagamentos é menor que o tempo em que entram recursos financeiros na empresa.

Estamos analisando a aquisição, venda e recebimento efetivo de um único produto a fim de entendermos melhor o exemplo, mas com as vendas e pagamentos agregados – que é o que ocorre no dia a dia - a situação não é diferente do exemplo. Ainda, estamos apenas sugerindo gastos com fornecedores, mas somem-se ainda os gastos com salários de funcionários, pagamentos de impostos e taxas, despesas diárias e tantas outras obrigações.

Esta situação revela a necessidade de duas ações imediatas: a primeira, encontrar um valor de caixa mínimo operacional para que a empresa possa gerir seu capital de giro de forma inteligente. A segunda, à partir da primeira, avaliar sua política de crédito.

Existem algumas técnicas para determinar qual o caixa ótimo a ser mantido na empresa de forma que ela não precise recorrer a empréstimos no mercado financeiro e, ainda, que essa quantidade seja realmente a suficiente de forma que a parcela que não ficará fisicamente no caixa seja investida em alguma aplicação financeira. Isso mesmo! Caso o gestor ou empreendedor não pense desta forma, é bom rever sua postura!

O custo do dinheiro parado, assim como mercadoria em estoque, pode ser entendido sob a ótica do conceito de custo de oportunidade. O dinheiro ‘parado’ no caixa ou estoque, poderia render juros em alguma aplicação. Desta forma, deixa-lo ‘parado’ custa o rendimento que não está gerando.

Há algumas maneiras, um tanto quanto complexas e elegantes que utilizam métodos de modelagem e estatística para determinar esse valor ideal de caixa para capital de giro, bem como a melhor política de prazo de financiamento de crédito, com base na realidade de cada empresa, obviamente. Há também métodos bem mais simples, porém eficientes, que podem ser aplicados aos negócios.

Um profissional especializado pode orientar na determinação dessas quantidades e, desta forma, auxiliar a equalizar esse descasamento entre recebimentos e pagamentos levando a empresa a desfrutar de uma situação de caixa mais favorável com base na gestão do capital de giro.



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