Amar o que se faz, para fazer o que se ama
Muitos profissionais veem como baboseira falar de amor relacionado ao trabalho. Mas quero trazer uma perspectiva com base na experiência que eu vivenciei e ainda vivencio e mostrar que amor tem tudo a ver com mentalidade otimista e de crescimento e, no contexto deste artigo, nada a ver com romancear o trabalho.
Hoje, mais do que nunca, podemos traduzir amar o que se faz como: sentir que pertence à sua equipe de trabalho, que é acolhido, que tem voz, é valorizado, reconhecido, bem recompensado, e cria conexões verdadeiras com seus líderes, colegas e liderados.
Amor é o que você espera ganhar no final de cada ação que você realiza, ainda que isso não aconteça sempre e que não seja consciente.
A melhor vida do mundo
Desde criança, já quis ter inúmeras profissões diferentes, viver em cidades e países diferentes, ser uma pessoa diferente, em cada fase da vida.
Hoje, consigo entender que esta volubilidade latente sempre esteve relacionada às paixões (no sentido construtivo do termo).
Normalmente, existia no meu ambiente de convivência alguém que vivia em determinado lugar, e era um apaixonado, como se o local onde ele morasse fosse o melhor do mundo (ainda que por qualquer cálculo lógico não o fosse).
Ou mesmo, via um profissional entusiasmado com sua profissão, como se ela fosse a melhor do mundo, ou mesmo simplesmente alguém que, com sua autoestima explosiva, mostrava ao mundo que sua vida era a melhor do mundo.
E, sendo assim, os resultados dessas pessoas, em tudo o que faziam, geralmente eram extraordinários, o que gerava ainda mais entusiasmo em quem as conhecia.
Aqueles três casos, assim como tantos outros, inspiraram-me a desejar um estilo de vida, uma profissão, um lugar para viver.
No entanto, no fim das contas, não me lembro de ninguém daquela época que tenha a mesma profissão que eu, ou more no mesmo lugar, ou tenha o mesmo estilo de vida.
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Amor como conduta
E, então, eu descobri que o que eu queria mesmo ter, como aquelas pessoas tinham, era a paixão que elas exprimiam, ou o amor, no sentido de conduta, de se dedicar àquilo que você faz ou tem, como a melhor coisa do mundo.
Eu percebi, então, que queria era influenciar as outras pessoas como aquelas me influenciaram, era me dedicar à minha vida e a tudo que faço, certa de que são as melhores coisas, pessoas, profissão do mundo. E que, assim, isso iria contagiar os demais a fazer o mesmo.
Mas, como somos animais de imitação e como somos formatados por comportamentos condicionados que, às vezes, nem mesmo lembramos como se anexaram à nossa personalidade, temos que criar mecanismos que nos lembrem o tempo todo de que nossa vida será a melhor do mundo, se fizermos isso dela.
E, para isso, a primeira tarefa é criar rotinas que nos façam autoconfiantes em relação a isso, como:
Para me lembrar de que quero fazer tudo com amor, mesmo nos dias que pareçam mais sombrios, tenho um quadro escrito amor bem grande na minha parede. Rodear-se daquilo que você quer experimentar ajuda muito, podem ser objetos, pessoas, livros, filmes, seriados, lugares, alimentos etc.
Meu quadro me ajuda a lembrar que quero viver com o entusiasmo de que eu sou responsável por viver com plenitude, amar o que eu faço para fazer o que eu amo.
É assim que sinto que vale viver.
*Isso não quer dizer que não sinto dor, que não fico triste, que não passo por sofrimento algum, apenas que escolhi que a dor é melhor enfrentada com uma mentalidade otimista e boas amizades, que a tristeza pode conviver com a alegria, e que o sofrimento é um período que preciso passar para compreender algo ou alguém, para aprender algo e, especialmente para me conhecer melhor.
**Terminei o artigo, e senti necessidade de citar Brené Brown que descreve tão bem o sentimento do que é viver plenamente: "significa abraçar a vida a partir de um sentimento de amor-próprio. Isso significa cultivar coragem, compaixão e vínculos suficientes para acordar de manhã e pensar: "Não importa o que eu fizer hoje ou o que eu deixar de fazer, tenho meu valor". E ir para a cama a noite e dizer: "Sim, eu sou imperfeito, vulnerável e às vezes tenho medo [incluo - meu trabalho, meus colegas, meus familiares e cônjuge não são perfeitos também rsrs], mas isso não muda a verdade de que também sou corajoso e merecedora de amor e aceitação [e acrescento: assim como os demais também o são]".