American Splendor-Sucesso editorial de Harvey Pekar
Durante muito tempo sempre gostei de ler histórias em quadrinhos, sendo que dava muita importância a arte deles do que propriamente a sua história. Mas o tempo passou, e o meu gosto pessoal também. Percebi que esta mídia tem um grande poder de entretenimento não somente visual. Passei assim a peneirar as obras que comprava nas bancas de jornal, o que foi um grande alívio financeiro para mim já que comprava muitos títulos na maioria inúteis no quesito leitura. Hoje sou bem seletivo no que eu leio. Por já ser um adulto prefiro histórias mais realistas. Daí descobri uma infinidade de obras que contavam a vida como ela é, com os seus dramas cotidianos, e isso sem necessariamente conter alguma imagem.
Mas o amor pela mídia de quadrinhos não acabou, e descobri alguns autores que se destacaram em contar em imagens aventuras cotidianas. Um deles foi Robert Crumb com seu quadrinho feito junto do autor Harvey Pekar, American splendor, ou anti-herói americano como ficou conhecido aqui. Acabei descobrindo um volume traduzido para o português, cheguei a ler, e fiquei fascinado. As histórias podem até serem banais, mas o ponto é que eles dois abriram a minha mente para uma possibilidade: Posso fazer um quadrinho baseado nas minhas próprias experiências de vida da mesma forma que eles. Isto foi muito bem contado no filme de mesmo nome, que pode ser assistido no You Tube gratuitamente. É um pouco antigo (2003) mas vale a pena.
A obra American Splendor (Anti-herói Americano) começou a ser feita em 1976 ou seja, é bem datada. E hoje é comum se ver quadrinhos biográficos na internet de forma até mesmo gratuita. Se tornou bem banal isso. Mas este fato não me vinha a mente no momento em que conheci o quadrinho e a história do autor Harvey Pekar. De um mero arquivista de hospital desconhecido inovou totalmente por acaso a maneira de como se via a mídia dos comics norte-americanos. Naqueles tempos o que se via era herói contra vilão com super-poderes numa eterna luta entre o bem o mal, ou animais falantes no estilo Disney em aventuras infantis. Aliás, quadrinhos naqueles tempos era basicamente coisa de criança ou adolescente, nada mais. Crumb quebrou um pouco isso nas suas obras underground. Mas nem mesmo ele usava a vida como ela realmente é como tema de alguns de seus trabalhos. Ele, até que falava um pouco de suas próprias experiências pessoais, mas sempre de um jeito irônico, escatológico e caricato. Mas Harvey mudou isto no seu American Splendor.
O início desta obra é bem contada em uma de suas histórias. Foi num momento difícil de sua vida conjugal e social, junto com o seu vício por colecionar discos de blues (o que o ligou a Robert Crumb que também colecionava). Num dia banal meditou sobre a sua vida, sentou na sua mesa e começou a roteirizar quadrinhos da sua vida cotidiana. Usando figuras de palitinhos (já que não sabia desenhar) conseguiu fazer boas histórias. Com o dinheiro que poupou por conseguir se livrar do vício da compra e venda de discos antigos financiou o primeiro número de sua revista, o que foi um grande sucesso na época. Foi publicada até um pouco antes de sua morte, em 2010. O último número foi em 2008, totalizando umas 39 edições (Fonte: Wikipédia)
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Mudei muito a minha maneira de pensar sobre esta mídia depois de conhecer este quadrinho, e o filme. A história de Harvey me tocaram muito sobre como é possível mudar as coisas mesmo nos nossos piores momentos. Por isso resolvi escrever algumas histórias neste estilo, autobiográfico, como também desenhá-las. Sei que vivo uma época diferente da dele, que praticamente iniciou o que se tornou comum nos dias de hoje. Mas sinto que posso contar a minha história da mesma forma que. É uma maneira interessante de se expressar sem sombra de dúvida. Logo irei postar algumas histórias, quem sabe publicá-las um dia.
Bom, então é isso. Ate a próxima Postagem!