A análise de dados como protagonista do sucesso da sua empresa
Por Tamiris Anunciação
A Copa do Mundo de 2014 merece ser lembrada e não é pela goleada de 7x1 no Brasil, mas pelo uso de Business Intelligence (BI) para medir o desempenho dos jogadores em campo e levar o time à vitória. A equipe alemã usou uma ferramenta de análise de dados para conseguir interpretar informações importantes e criar estratégias assertivas.
Com relatórios gerados a cada jogo sobre o número de passes, velocidade, finalizações, defesas e penalidades, os técnicos do time conseguiam identificar com facilidade quais atletas apresentavam os melhores resultados, chegando à escala titular ideal para a Copa do Mundo.
Além de servir de inspiração para outros times, o exemplo da vitória da Alemanha traz uma boa notícia para o setor corporativo: a análise de dados também pode ser protagonista do sucesso das empresas. Aplicar BI na rotina gerencial não é algo fora da realidade ou que depende de ferramentas inacessíveis para acontecer.
Não por acaso, a máxima “dados são o novo petróleo” tem ganhado cada vez mais destaque. A frase é do matemático londrino Clive Humby, especializado em ciência de dados. Ao afirmar que os dados são tão valiosos quanto o petróleo, Humby também destaca que, assim como o combustível fóssil precisa ser refinado, os dados precisam de análise.
Na prática, BI é o uso de tecnologia na orientação de processos a partir de dados transformados em informações com potencial de aplicação. Existem ferramentas disponíveis no mercado capazes de examinar diferentes conjuntos de dados de maneira integrada, gerando não só relatórios analíticos, mas também painéis gráficos e mapas. Mas, mesmo sem aparatos tecnológicos mais avançados, é possível aplicar técnicas de BI, independente do segmento de atuação e do porte da empresa.
Comece pelo básico
Todo dado importa, desde que sua interpretação possa ser usada para direcionar uma ação. Para introduzir a Inteligência Empresarial, comece pelo básico, analisando, por exemplo, quais os caminhos viáveis dentro do cenário atual. “Todo relacionamento gera um dado, mas nem sempre esse dado é tratado e se transforma em informação. Cada empresa precisa olhar para a sua realidade. É possível começar a tratar dados por meio de uma planilha no Excel, por exemplo”, afirma Renato da Rocha Neto, sócio da Litz Estratégia e Marketing.
O especialista ressalta que, mais do que dados sobre os consumidores, os empresários devem ficar atentos a outras áreas correlacionadas ao seu setor, como informações de fluxo financeiro e de fornecedores, ou da economia em nível macro. “Existem informações que podem parecer distantes dos nossos negócios, mas nos impactam diretamente”, complementa o especialista. O desafio, como pontua Neto, é disseminar todo o material e realizar mudanças efetivas.
Setores de informações que impactam empresas indiretamente:
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Setores de informações que impactam empresas diretamente:
Alexandre Bijetti Rigobel é gerente comercial da Santa Cruz Engenharia, empresa responsável pela construção do empreendimento Jardim das Américas, em Londrina. Segundo ele, a análise de dados guia estratégias de marketing, tomada de decisões e proporciona resultados comerciais muito mais promissores dentro do residencial. O espaço possui 1.424 apartamentos e 89 blocos, 40% dos imóveis são de propriedade da construtora.
“Com base na análise dos números diários de nossas campanhas de marketing, por exemplo, conseguimos ajustá-las com agilidade. Essas alterações permitem mudar um percurso que, em um primeiro momento, não havia dado tão certo quanto havíamos imaginado. Essa análise, seguida de uma decisão e estratégia, permite que obtenhamos resultados comerciais mais promissores”, destaca Rigobel.
Com base em sua experiência diária, o gerente comercial pontua que, para além dos dados gerados pelo departamento de marketing, as informações geradas pelo departamento de cobranças podem mostrar com precisão o comportamento de clientes e determinar padrões. “Se afrouxamos o trabalho de coleta de dados, que é diário, impactamos diretamente no número de recebimentos. Essas informações são valiosas para a tomada de decisões sobre as situações e a criação de estratégias a serem aplicadas”, complementa.
Entre as plataformas utilizadas para a coleta e análise de dados do Jardim das Américas, estão gerenciadores de marketing como Google e Facebook Ads, consultorias especializadas e também o uso do Serviço de Proteção ao Crédito, SPC da ACIL, no departamento de cobrança.
O consumidor no centro das escolhas
Em geral, a essência do BI é simples. Quando as decisões são direcionadas com dados reais e não por achismos ou percepções pessoais, a empresa coloca o consumidor no centro das suas escolhas e o retorno é consequência do trabalho aplicado. Para isso, é preciso medir o grau de satisfação do consumidor, entender o que ele procura quando vai até o seu negócio, ou seja, inteligência empresarial é também para ouvir o que o seu cliente tem a dizer.
O Catuaí Shopping Londrina sempre trabalhou com estudos de comportamento de consumo e avaliações internas que medem o grau de satisfação do público e lojistas, mas nos últimos anos o trabalho de pesquisas específicas para aprimoramento do planejamento e execução de estratégias tem se intensificado.
“Essas informações ajudam a nortear o planejamento anual, bem como sua execução. Trabalhamos com estudos frequentes sobre hábitos e comportamento de consumo, além de avaliações das campanhas de comunicação, ações promocionais e eventos do shopping. As análises e pesquisas são fundamentais para o trabalho no longo e curto prazo, para direcionamento mais assertivo e embasado, limitando a subjetividade no processo de decisão”, explica Lorraine Magalhães More, gerente de marketing do Catuaí Londrina.
A assertividade resume a principal vantagem da Inteligência Empresarial. O empresário ainda está no controle da estrutura organizacional da empresa, mas com apoio de informações poderosas, que podem garantir o sucesso e perenidade do seu negócio.