Análise Econômica
A economia brasileira encerrou 2021 sob condições desanimadoras, de forma mais direta, apresentou nos dois últimos trimestres valores negativos para o Produto Interno Bruto de -0,4% e -0,1%, o que tecnicamente caracterizou um cenário recessivo, segundo alguns colegas analistas. Para 2022, as previsões compiladas pelo Banco Central e apresentadas em seu relatório semanal são igualmente desfavoráveis, já que a média das expectativa para o crescimento está na casa dos 0,36%, sendo que parte dos entrevistados pela instituição não descarta números abaixo de 0% Em relação à inflação, espera-se um resultado já distante da meta estabelecida pelo CMN (5,03%).
Um dos fatores que contribuiu para o cenário acima foi a revisão proposta pelo governo, e levada adiante pelo congresso nacional, da emenda constitucional limitadora dos gastos públicos federais através da mudança para o pagamento dos precatórios pela União. As alterações produziram efeitos negativos na percepção de risco dos aplicadores sobre a economia nacional, refletido na desvalorização do real frente às demais moedas estrangeiras com especial destaque para o dólar americano que atingiu valor muito próximo dos R $5,80 ao longo do ano.
A desancoragem fiscal também teve papel preponderante para o comportamento do índice de preço oficial (IPCA). Em 2021, o indicador acelerou fortemente sendo cotado para fechar o período na cifra dos dois dígitos entre 10,00% a.a. e 10,05% a.a.. Concentrado primeiramente em setores específicos como alimentação, energia e combustíveis, o aumento dos preços logo se disseminou para todos os demais da economia, resultando na pesada perda do poder de compra dos consumidores e diversos outros efeitos deletérios.
No cenário externo, há consenso de que a desorganização da Supply Chain global, somada ao o fim das restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus e o aumento dos preços das commodities, em especial aquelas ligadas ao setor energético, tem provocado pressões inflacionárias nas economias mais importantes, cujo os bancos centrais estão respondendo com políticas duras de juros para conter a elevação dos preços .
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Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve deu sinais de que pretende promover aumentos sucessivos do indicador ao longo de 2022, podendo chegar a 0,9% até o final do ano. Na Zona do Euro, merece destaque tanto a Alemanha quanto a França que apresentaram valores históricos para o índice de preço nos últimos meses de 2021.
Em território nacional, o cenário não tem sido diferente, uma vez que frente a tentativa de conter uma desvalorização ainda maior do real, assim como o aumento da inflação, as autoridades monetárias têm provocado aumentos sucessivos na taxa básica de referência (Selic), que saiu do patamar de 2% a.a. em janeiro de 2021 e, atualmente, está sendo cotada no valor de 9,25% a.a., ou seja, em níveis de antes da crise sanitária, tendendo a provocar efeitos adversos para a retomada do crescimento da economia.
Relatório Focus: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus
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