Aniversário da implantação da república em Portugal
Queda da Monarquia e Implantação da República em Portugal, 5 de Outubro de 1910.
1a República também designada como “República Parlamentar” (1910 a 1926).
Em 2 de Outubro de 1910, o Partido Republicano Português, já bem implantado e com uma larga base de apoio, inicia uma revolução que obtém sucesso três dias depois, em 5 de Outubro, derrubou a monarquia vigente (monarquia constitucional) instituindo o regime republicano.
Como causas principais do descontentamento geral que leva a uma grande adesão da sociedade portuguesa, a todos os níveis, podemos indicar, a primazia dada aos interesses coloniais britânicos (cedência total dos territórios entre Angola e Moçambique, constantes do “Mapa Cor de Rosa”), o custo crescente da família real, o poder que a igreja católica detinha, muitas vezes subordinando os interesses do estado aos seus próprios, a instabilidade política e social resultante das lutas político-partidárias e da falta de poder real, constitucionalmente condicionado, o sistema de ROTATIVIDADE dos dois partidos no poder – Partido Progressista e Partido Regenerador - a ditadura de João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco e a incapacidade do regime para se adaptar aos novos tempos, com modelos já em vigor na Europa. Tirando proveito do descontentamento generalizado, o Partido Republicano apresenta-se com um programa com capacidade para colocar Portugal na trilha do progresso devolvendo-lhe o prestígio perdido.
Logo após o triunfo do movimento republicano, Teófilo Braga assume um governo provisório (5 de Outubro de 1910 a 3 de Setembro de 1911) – 333 dias, que se mantém na direcção dos destinos do país até aprovação da Constituição de 1911, dando início à 1a República. O novo regime substitui os símbolos nacionais: o hino nacional, a bandeira e a moeda.
Adopta-se, como hino nacional “A Portuguesa”, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, em 1890, a propósito do ultimato britânico (entrega da região explorada e ocupada pelos portugueses Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto, entre Angola e Moçambique, integrando o “Mapa Cor-de-Rosa”).
Hino de Portugal (abreviado)
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
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Em 30 de Junho de 1911 foi escolhido, entre várias outras propostas, por uma comissão que, entre outros, incluía Columbano Bordalo Pinheiro (pintor naturalista), João Pinheiro Chagas (republicano liberal, jornalista, escritor e diplomata, primeiro presidente do primeiro ministério constituído na 1a República Portuguesa) e Abel Acácio de Almeida Botelho (coronel de Estado-Maior do Exército, escritor, político e diplomata), o projecto da actual bandeira nacional, verde-rubra, cores já em uso pelo Partido Republicano, em que o VERDE representa a esperança e o VERMELHO o sangue dos heróis, sobre a linha da divisão das cores encontra-se o brasão de armas, a esfera armilar (instrumento de astronomia usado na navegação que constitui um modelo reduzido do cosmo) simboliza os descobrimentos, e o escudo português em que os sete castelos representam os primeiros castelos conquistados por D. Afonso Henriques, as cinco quinas significam os cinco reis mouros vencidos e os cinco pontos em cada uma as cinco chagas de Cristo.
A moeda em circulação, o real (no plural reais, depois popularizada como réis), em vigor desde cerca de 1430, já substituída à taxa de 1 real = 840 dinheiros (moeda portuguesa desde o final do séc XII até ao ano de 1433, quando foi substituída pelo real por D. Duarte I), foi substituído pelo escudo, na sequência da implantação da República, a uma taxa de 1 000 réis = 1 escudo.
A ortografia da língua portuguesa, foi alterada e regulamentada pela Reforma Ortográfica de 1911 (primeira iniciativa de normalização e simplificação da escrita da língua portuguesa em Portugal).
“…………. Governo Provisório: Presidência, Dr. Joaquim Teófilo Braga. Interior, Dr. António José de Almeida. Justiça, Dr. Afonso Costa. Fazenda, Basílio Teles. Guerra, António Xavier Correia Barreto. Marinha, Amaro Justiniano de Azevedo Gomes. Estrangeiros, Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães. Obras Públicas, Dr. António Luís Gomes", publicado no dia 6 de Outubro de 1910, no Diário do Governo. Basílio Teles nem tomou posse, seria substituído em 12 de Outubro por José Relvas, o mesmo que apregoara a implantação da república.
Este governo, prevendo uma possível reacção dos monárquicos, concedeu uma amnistia geral para os crimes contra o Estado, contra a religião, por desobediência, entre outros. Por outro lado o regime republicano, declarando-se laico, separando Igreja e Estado, expulsou a Companhia de Jesus (Jesuítas) e algumas ordens do clero religioso, encerrou conventos, proibiu o ensino religioso nas escolas, aboliu o juramento religioso nas cerimónias civis. Institucionaliza o divórcio e a legalidade dos casamentos civis, a igualdade de direitos no casamento entre homem e mulher, a regularização jurídica dos filhos nascidos fora do matrimónio, a protecção à infância e aos idosos. As consequências legais do adultério passam a ser iguais. Adapta, ao novo regime, a legislação relativa à comunicação social. Extingue os títulos nobiliárquicos bem como o direito à greve. Substitui as guardas municipais de Lisboa e Porto pela Guarda Nacional Republicana que encarrega da defesa da ordem pública. Em termos de política ultramarina, com o objectivo de permitir o desenvolvimento das colónias, cria um conjunto de regras outorgando-lhes autonomia.
A 1a República, por Decreto de 8 de Outubro de 1910, sob influência francesa, cria o Ministério do Interior (Serviço de Informações e Espionagem), extinguindo o juízo de instrução criminal.
A Guarda Nacional Republicana é criada em 4 de Maio de 1911.
Em 19 de Junho de 1911, como consequência das eleições, realizadas em 28 de Maio, toma posse a Assembleia Nacional, entregando, o presidente do Governo Provisório, Dr. Teófilo Braga, os poderes que lhe tinham sido confiados em 5 de Outubro de 1910, no entanto, a Assembleia, sob proposta do seu presidente Dr. Anselmo Braancamp Freire e por aclamação, confirma a prorrogação do Poder Executivo do Governo Provisório da República, até posterior deliberação.
A eleição do primeiro presidente constitucional da República Portuguesa – Dr. Manuel de Arriaga - em 24 de Agosto, põe fim ao mandato do Governo Provisório, cuja demissão foi aceite em 3 de Setembro.
Em Outubro de 1911, Henrique de Paiva Couceiro comanda uma invasão monárquica, sem êxito.
1a República, também designada como “República parlamentar” (1910 a 1926): A aprovação da Constituição Política da Primeira República, em vigor a partir de 21 de Agosto de 1911, dá início à 1a República, e perduraria até 9 de Junho de 1926, na sequência do golpe de 28 de Maio, data em que foi publicado um decreto dissolvendo o Congresso da República.
A Constituição de 1911 viria a ser substituída por um outro texto constitucional, após um plebiscito em 11 de Abril de 1933.
Este lapso temporal, 16 anos de governo, mostrou-se instável e farto de acontecimentos públicos e políticos: houve sete parlamentos, oito presidentes da República, 39 governos, 40 chefias de governo (um presidente de Governo Provisório e 38 presidentes de Ministério), duas presidências do Ministério que não chegaram a tomar posse, dois presidentes do Ministério interinos, uma junta constitucional, uma junta revolucionária e um ministério investido na totalidade do poder executivo.
O regime perseguiu a igreja e os monárquicos, muitos foram presos e maltratados, o que provocou um grande mal-estar no estrangeiro, muitas críticas de todos os sectores. Portugal isolava-se da maioria dos países europeus.
Portugal com cerca de 8 milhões de habitantes possuía um elevado grau de analfabetismo, 80%. A frequência escolar torna-se obrigatória para crianças, de ambos os sexos, entre os 7 e os 11 anos.
Criou-se o ensino pré-primário, o primário, cursos comerciais e industriais, Universidades no Porto e em Lisboa mas, algumas destas disposições não avançaram de imediato devido à escassez de recursos financeiros.
A primeira mulher nomeada para um cargo na Universidade, foi Carolina Michaelis de Vasconcelos (filologia), em 1910. Regina Quintanilha é a primeira mulher a graduar-se em direito, em 1913.
Por diferenças ideológicas e rivalidades políticas o Partido Republicano fraccionou-se: Evolucionistas (moderados) liderados por António José de Almeida; Unionistas(centro) liderados por Manuel de Brito Camacho; e Democratas (ala esquerda) liderados por Afonso Augusto da Costa. No entanto uma grande maioria dos republicanos não integrava nenhuma dessas facções.
Em 1915 houve um movimento chefiado pelo General Pimenta de Castro, que forma governo e permite uma reorganização monárquica mas sem sucesso, foi preso e exilado para os Açores.
O Dr. Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelonque demitiu-se, foi substituído pelo Dr. Joaquim Teófilo Fernandes Braga (entre 1910 e 1911 chefe do Governo Provisório) e depois pelo Dr. Bernardino Luís de Machado Guimarães (5 de Agosto de 1915 a 12 de Dezembro de 1917).
Governantes de 1910 a 1917
Teófilo Braga (5 de outubro de 1910 a 3 de setembro de 1911) – 333 dias
João Chagas (3 de setembro a 12 de novembro de 1911) – 70 dias
Augusto de Vasconcelos (12 de novembro de 1911 a 16 de junho de 1912) – 217 dias
Duarte Leite (16 de junho de 1912 a 9 de janeiro de 1913) – 207 dias
Augusto de Vasconcelos (interinamente de 23 a 30 de setembro de 1913) – 7 dias
Afonso Costa (9 de janeiro de 1913 a 9 de fevereiro de 1914) – 1 ano e 31 dias
Bernardino Machado (9 de fevereiro a 12 de dezembro de 1914) – 306 dias
Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (12 de dezembro de 1914 a 25 de janeiro de 1915) – 44 dias
Joaquim Pimenta de Castro (25 de janeiro a 14 de maio de 1915) – 109 dias
Junta Constitucional (14 a 15 de maio de 1915) – 1 dia
José Norton de Matos; António Maria da Silva; José de Freitas Ribeiro; Alfredo de Sá Cardoso; Álvaro de Castro
João Chagas (15 a 29 de maio de 1915; não tomou posse) – 2 dias
José de Castro (interinamente de 17 a 29 de maio de 1915) – 12 dias
José de Castro (29 de maio a 29 de novembro de 1915) – 184 dias
Afonso Costa (29 de novembro de 1915 a 15 de março de 1916) – 107 dias
António José de Almeida (16 de março de 1916 a 25 de abril de 1917) – 1 ano e 39 dias
Afonso Costa (interinamente de 4 a 5 de setembro de 1915) – 1 dia
Afonso Costa (25 de abril a 8 de dezembro de 1917) – 188 dias
José Norton de Matos (interinamente de 7 a 25 de outubro e de 18 de novembro a 8 de dezembro de 1917) – 37 dias
Apontamento: Em 08Jan1909 nasceu Luís Filipe de Bragança fruto de uma ligação do então infante D. Manuel com Maria Carlota de Bragança, filha de Caetano Segismundo de Bragança Duque de Lafões, que conhecera numa festa da Corte em 1907. Maria Carlota de Bragança morreu em 18Set1974 mas, antes de morrer, pediu a Luís Filipe e ao neto Edvaldo que prometessem não reivindicar o trono português, porém, os filhos de Edvaldo, como não prometeram, podem reivindicar o trono de Portugal já que são descendentes de D. Manuel II, hoje a residem no Brasil, Luís Filipe morreu em 03Ago2018, aos 109 anos. D. Luís Filipe apoiou o pai em declarar, no testamento, legar todos os bens pessoais ao estado português, já que não fazia questão do património de seu pai, primeiro pelo seu elevado grau de patriotismo, como o pai, e segundo pelo património da mãe que tinha propriedades de café, gado e engenhos de cana de açúcar, no Brasil, além de navios de comércio. Os documentos que demonstravam a descendência real foram queimados no governo do Prof. Oliveira Salazar visando, sem contestação, incorporar os bens da Casa de Bragança na Fundação Da Casa De Bragança e impedir a restauração da Monarquia portuguesa.
Nota: publicação oportuna da história das 2a e 3a Repúblicas