Ano 1 liderando Talent Intelligence e revolucionando R&S

Assumi a cadeira de Talent Intelligence em abril de 2021. Eu já atuava como tech recruiter na XP Inc na época em que decidi pela movimentação interna. Era um baita desafio. Um mato alto, com muitas oportunidades e poucas definições. Inclusive, até o nome da área mudou nesse meio tempo. 

Na prática: deixaria de ter um olhar direcionado para tecnologia e passaria a desenhar Produtos de Gente alinhados à estratégia da XP Inc., ou seja, abrangendo todas as frentes do negócio. Mesmo antes da XP, eu já não conseguia tirar da cabeça o porquê da área de Gente carregar a fama de "antigona". Foi aí que a obstinação de combinar tecnologia e inovação com propósito surgiu na minha vida profissional. Não deu outra: comprei o sonho do novo escopo. 

Um dos maiores desafios (e segue sendo) dessa jornada é equilibrar os pratos entre a prioridade de hoje e o que precisa ser construído para garantir o amanhã. Quick win vs longo prazo. Tem que ter consistência. Discutindo o tema, ouvi uma frase que não esqueci: "não dá só pra sair fazendo e depois perceber que a base que está suportando tudo é um palito de fósforo". O estruturante importa. 

Dadas as apresentações do escopo, vamos aos projetos. A visão de Talent Intelligence era um conceito novo. Inclusive, o nome era Talent Marketing e o objetivo era construir uma estratégia robusta para uma experiência de talentos para além de vagas. "The Great Resignation" chegou e a disputa por talentos também. O mercado de trabalho vem passando por mudanças significativas. Hoje pessoas candidatas entrevistam seus entrevistadores, escolhem as melhores vagas, declinam das posições que não fazem sentido. E mais, se movimentam quando não se identificam com a cultura e quando o equilíbrio entre vida e trabalho não casa com o que valorizam. 

O ponto é: por que o recrutamento só se interessa em conversar com possíveis talentos quando a demanda da contratação chega?! 

Lembrete: este não é um artigo pra tirar toda a importância de recrutar para encontrar as pessoas certas para as posições abertas. Inclusive, levanto a bandeira de um processo de recrutamento com qualidade para atingir os objetivos da companhia. 

Mas sim, pra adicionar a visão de que uma jornada bem construída de prospecção e qualificação de talentos não é só sobre fechar vagas. É oportunidade pra conhecimento de mercado, antecipação de tendências, assertividade e eficiência dos processos e mais, do recrutamento entregando inteligência para o negócio. 

Meu desafio do último ano foi tirar do imaginário e transformar a forma de recrutar na prática. Por isso, ouso compartilhar 5 aprendizados: 

1. Não se apegue ao que já existe. Comentei lá no começo que a área de Gente tem histórico de ser atrasada e coloco neste ponto um dos motivos: não há como ir além sem estudos e sem sair da caixinha que já conhecemos;
2. Não é sobre o produto, é sobre o usuário. Cliente precisa estar no centro. Foi decisivo revisitar a estrutura de recrutamento e desenhar as personas chave para alcançar os objetivos propostos; 
3. Tenha milestones e resultados esperados claros. Quando estiver começando, tire uma foto do agora. Para esse tipo de projeto é necessário resiliência e disciplina pra ter acabativa; 
4. Seja flexível. É bem fácil cair na falácia do perfeito, idealizar demais. Especialmente na fase do conceito e estratégia. Adaptação e agilidade para alterar o rumo; 
5. Se atente ao essencial para a entrega de valor. Divida percepções, peça feedbacks, confie na equipe. Entre o detalhe do perfeito e a vida real, foque no simples primeiro; 

Como extra, uma visão de experiência: foi muito importante não perder de vista o mundo lá fora. Durante projetos robustos e que não tem muita coisa parecida por perto, me vi imersa no meu cercadinho algumas vezes. Como plano de ação, fiz questão de buscar, acessar, compartilhar e ouvir mais de outras áreas. Na minha cabeça, fiz perguntas como: "O que estão fazendo?" "Como nossos papéis se complementam no agora e no futuro?" 

Conexões significativas foram relevantes pra conectar os pontos e corrigir a rota. Pra inovar no decorrer do processo também. E mais ainda pra esboçar qual a continuação da jornada a partir desta entrega.  

Após 6 meses implementamos o software com sucesso, temos: inteligência artificial, estatística na predição de performance e contratação, indicações vinculadas com cultura e propósito e lançamos a visão de rede de talentos para nos conectar verdadeiramente com as pessoas que compõe o mercado e muito mais! 

O desafio agora já é outro, mas a jornada é no longo prazo.