Antes feito que perfeito?

Em formato afirmativo, essa é uma das frases favoritas da geração que se inspira em Eric Ries, Jeff Sutherland e Business Model Canvas. Uma geração de profissionais que se apressa em colocar projetos na rua e acredita que eles precisam ser validados ou descartados rapidamente porque precisam... colocar apressadamente outros projetos na rua. Quanto mais projetos você criar, mais valor você tem. Essa geração foi quem criou Bel Pesce e essa horda de empreendedores de palco, vamos salientar.

Semana passada, uma amiga disparou seu material promocional para a Páscoa via Whatsapp para os clientes. Em menos de dois minutos, uma enxurrada de prints de Stories e um textão acompanhando chegaram no meu celular e ficaram amontoados, daquele jeito que ficam quando recebemos muitas imagens de uma só vez. Alerta! Mandei, assim que recebi, uma chamada de atenção sobre a pouca efetividade daquilo e, dentro de um contexto específico (que só soube depois que ela me explicou), recebi a resposta: foi o que deu pra fazer!

Malditos startupeiros!, pensei na hora.

Nós tranquilamente já estamos há uma década vivendo nesse "errar rápido pra acertar rápido" sem fim, que permite que as pessoas se justifiquem dizendo que fizeram o que deu pra fazer. E sinceramente, que grande bosta. Não saem da superfície, fazem as coisas de qualquer modo, querem fórmulas rápidas e prontas, não se preparam adequadamente para o que se propõem a realizar, não planejam suas ações e ainda saem frustrados porque as coisas não deram certo, embora já saiam planejando o próximo MVP que querem colocar na rua.

Não é o caso da minha amiga, que depois me explicou sob que condições o fez e eu entendi, mas é, infelizmente, o caso de muitos. Acho que foi exatamente essa saturada que me fez "dar uma bronca" nela.

Hoje mandei um orçamento de produção de conteúdo que desconfio que não vai ser aprovado porque "está caro" para o mercado a que ele se destina. E não está caro porque eu estou descolada da realidade, mas porque nessa mesma lógica de "antes feito que perfeito", os conteúdos saem cada vez mais rasos e os títulos cada vez mais tolos - exceto por esse título que eu gostaria de ter escrito -, obedecendo e fortalecendo um mercado que joga o valor do trabalho lá pra baixo porque não se compromete com a qualidade da informação que oferece, senão com a performance das keywords.

Assim como a gestão estratégica do seu negócio é importante, também é importante a comunicação estratégica do seu negócio. Andam juntas e devem ser tratadas, ambas, com responsabilidade.

Ainda que você venha da escola enxuta, se você não "faz o que dá" para gerenciar seu negócio, se você "faz das tripas coração" para dar o seu melhor e para obter os melhores resultados porque acredita nele, por que diabos na hora de comunicá-lo, você acha que basta qualquer coisa?