Aos meus mestres com carinho
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Aos meus mestres com carinho

Pelo visto alguns acreditam terem nascido sabendo. Como são tolos.

Nascemos todos absolutamente carentes de saber. De quem nos oriente, nos ajude a nos desviarmos das armadilhas da vida.

Muitos e variados são esses agentes de ensino. Alguns, inanimados, como o portão mal calçado que bate no carro quando estamos saindo da garagem e nos ensina a sermos mais cuidadosos da próxima vez. Outros, muito mais animados, como o vento frio que traz a dor de garganta e a gripe, e nos lembra de não sairmos mais do banho quente para a rua e com o cabelo molhado.

Podemos aprender também, e muito, até com animais. Com a habilidade arquitetônica do joão-de-barro (ainda que não muito com sua falta de criatividade… será que ele nunca ouviu falar em duplex, piscina, garagem?), com a faraônica do castor que quer represar o mundo, com a audácia do mangusto que enfrenta a serpente venenosa, com a rapidez da lebre que tem que ser mais rápida que a raposa, com a visão de longo prazo e a paciência do jacaré que com a bocarra aberta espreita seu almoço desde manhã cedinho.

Mas não tem jeito melhor de aprender do que aprender com gente.

Razões não nos faltam para acreditar nisto. A começar pelo fato de nascermos com cara de joelho, carecas, vermelhos (provavelmente, de raiva, de quem nos tirou daquele bem-bom), chorando, com fome, sem dentes e, para piorar, ignorantes.

Mas, para compensar, nascemos com um imenso potencial para adquirir conhecimento e desenvolver habilidades. E está é certamente uma das maravilhas da nossa existência: temos ignorância bastante para suprir nossa curiosidade por toda a nossa vida. Tanta ignorância, meu prezado amigo, que mesmo com todo esforço vamos deixar a vida ainda ignorando muita coisa.

E ninguém melhor para nos acompanhar nesta jornada do descobrimento do desconhecido do que o outro. E neste quesito, hors concours, por unanimidade de votos, vêm em primeiro lugar nossos pais.

Aqueles caras legais que apesar de nos esperar por 9 meses e nos receber daquela forma descrita há pouco, nos adotam, nos amam e nos ensinam. Às vezes, é verdade usando uns métodos nada agradáveis como palmadas e chineladas, que insistiam em dizer doíam mais neles do que em nós e eram um remédio melhor para se tomar em casa do que na rua. Lições que hoje, do outro lado do chinelo, reconheço como repletas de sabedoria.

Mas além de nossa família, aí incluídos irmãos e irmãs, tios e tias, avôs e avós, ainda na mais terna infância acabamos conhecendo um novo parceiro na jornada do aprender: o professor.

Ele não é parente, mas vai acabar sendo como se fosse.

Ás vezes lembramos deles de uma forma bem pouco gentil (até mal educada) associados ao desconforto daquela prova surpresa no final do semestre. Há porém outras recordações ainda mais desagradáveis com alguns de nossos professores. Com aqueles que apenas desempenharam um papel profissional, menos do que isto. Meros batedores de cartão. Entravam na sala, e nas nossas vidas, apenas para ganhar um salário. Sempre bem pequeno, necessário admitir, num país que ainda não entendeu a importância da educação.

Foram quase descartáveis. Repetiram os parágrafos dos livros e os exercícios da matemática da fantasia em que as contas sempre dão exatas no final. Nos ensinaram pouco, porque saibam pouco, cresceram pouco, e não aprenderam a lição de servir.

Mas por outro lado, magnífico lado, você e eu, todos nós, tivemos pelo menos um professor dos sonhos. Um que podia ter inspirado Robin Williams, Sidney Poitier e Richard Dreyfuss ao construírem suas personagens inesquecíveis em Sociedade dos Poetas Mortos, Ao Mestre com Carinho e O Adorável Professor. Mas inesquecível mesmo foi aquele nosso professor.

O meu, acho que nasceu professor, é, mais ou menos assim, prontinho.

Um tipo especial de gente que sempre gostou de aprender por que sabia que queria ter sempre algo para ensinar. Gente do tipo que não se importa com quanto vai ganhar nem com quanto vai gastar para ensinar. Gente que se importa com a gente. Gente que parece que está dando aula só pra gente e ainda tem tempo de dar uma explicação, só pra gente, depois que a aula termina.

Seres humanos especiais que nos impactaram tanto, tanto, que alguns de nós se inspiraram em suas vidas e se tornaram professores.

Neste dia meu abraço afetuoso e saudoso a todos os verdadeiros professores, mas, muito mais especialmente aos meus queridos mestres.

Que me serviram de exemplo de que ensinar é uma das melhores formas de servir ao próximo. Moldaram o meu caráter e me ajudaram a descobrir a profissão que eu amo.


Sou Eduardo Cupaiolo, professor.


Nilton Cesar Teixeira

Diretor Financeiro | CFO | Controller | Gerente de Controladoria | FP&A | M&A

1 a

Realmente, o que seríamos sem nossos professores? O Brasil precisa criar políticas públicas para incentivar esses profissionais, porque do jeito que está, nenhum filho(a) de professor(a) quererá ter a mesma profissão de seu pai/mãe.

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