Apenas comece: é assim que seus projetos sairão do papel em 2020

Se eu fosse esperar as condições ideais para começar meu trabalho, eu nunca teria feito nada. Aliás, não estaria aqui hoje. Quantas vezes na vida a gente fica esperando pelo "momento certo" para tirar alguma coisa do papel? A desculpa pode ser a época do ano, o prazo, a idade, o medo, tantas coisas... muitas delas, barreiras mentais que criamos e que na verdade nem são bem assim.

Ninguém se torna um montanhista porque escalou uma montanha só. Tampouco consegue escalar uma enorme sem dificuldade alguma na primeira vez que tentou.

Eu gosto de dizer que nossos projetos devem ser como ir à academia. Você decide começar, quer ganhar alguma definição. Então, você vai o primeiro dia praticamente se arrastando, mas vai. Odeia tudo aquilo, fica desconfortável, sente alguma vergonha, se cansa e então vai pra casa. Aí, algo que te leva a não desistir e mesmo achando que aquilo não vai funcionar, você volta. Treina de novo. Arrisca a olhar ao redor agora, começa a ficar familiarizado com os equipamentos e pessoas. Mas, olha para seu corpo e não vê resultado algum. E assim se vão os dias, terceiro, quarto, quinto, sexto... isoladamente, dia a dia, não há nenhum resultado visível em seu corpo. Até que chega um dia em que uma porção de dias somados gerou algum resultado, que ainda são tímidos, mas já podem ser vistos. E você vai ganhando segurança. animando e tendo consciência de que ainda pode melhorar muito mais, mas ao menos começou. Finalmente começou! E toda essa minha fala é inspirada em um vídeo de Simon Sinek que assisti há alguns meses, no qual ele falava sobre liderança, veja:

Este vídeo na verdade vai muito além da liderança, que era o tema em questão. Serve para tudo. É sobre começarmos com o que temos, mesmo que ainda não vejamos os resultados, persistindo dia após dia.

Quando eu era mais nova era a pessoa mais tímida que você poderia conhecer na vida. Eu não saia em fotos, eu tinha medo de abrir a boca e até mesmo quando fiz um curso de oratória, aulas e aulas depois eu ainda tremia ao falar em público. Eu jamais imaginaria que hoje daria palestras para até 8 mil pessoas, entrevistaria gente sem nada ensaiado ou gravaria vídeos como instrutora do LinkedIn Learning. E tudo isso sem tremer. Mas veja, eu não comecei dando palestras para 8 mil pessoas, primeiro eu me arrisquei a apresentar um trabalho de faculdade para a turma da sala. Eu ainda nào sabia que poderia chegar ao que faço hoje, mas eu sabia que precisava vencer aquele medo, afinal, estava me formando professora. E então, a primeira palestra para poucas pessoas surgiu. E depois mais uma e outra... e já são 170!

Quando decidi empreender e pedi demissão, eu não tinha o melhor computador do mundo. Pelo contrário, ele vivia travando e me fazia passar vergonha.

Eu não tinha experiência em uma porção de coisas, enfrentaria tantas delas com medo, mas enfrentaria. Assim como nas startups, eu comecei com o que tinha, porque eu estava testando um modelo.

Hoje eu recebi uma mensagem de uma pessoa que me disse ser muito tímida, mas que gostaria muito de chegar a ter aulas gravadas em vídeo. Eu disse a ela que escreveria sobre isso e cá estou eu, compartilhando o que aprendi na prática. Nem sempre vamos saltar de um momento zero direto para um momento em que tudo sai perfeito. Isto é, não dá para deixar de ser tímida na primeira tentativa de um vídeo, muito menos que ele já vire uma série e vídeos que componham um curso gravado, sabe? O mesmo vale quando alguém está muito nervoso por ter que falar em público, não vai adiantar muito dizer "vai sem medo", porque ele está ali. O que pode ajudar, neste sentido, é criar um roteiro mental, dominar o tema, ter apoios de slides ou anotações em mãos e várias outras coisas, ainda assim o sujeito vai tremer se estiver começando. Nessas horas é útil lembrar que do lado de lá existem outros seres humanos e que até mesmo a vulnerabilidade pode ser usada a favor: revelando o quão nervoso se está naquela experiência, isso costuma gerar empatia.

Se você deseja muito realizar algo em sua carreira (ou mesmo vida pessoal), procure mapear qual é o caminho para chegar até lá. Pode existir uma série de coisas a serem desenvolvidas antes de conquistar aquele objetivo.

Pode ser, por exemplo, a vontade de um dia ter a chance de assumir um cargo específico, e de repente você percebe que para isso é essencial falar inglês fluente, mas você não fala. Então, em seu planejamento será preciso incluir a necessidade de se matricular em um curso e ir às aulas. Obviamente, não será em um ou dois meses que seu objetivo será concluído, em muitos casos o caminho é mais longo mais, mas se você não fizer nada, nunca se aproximará do que deseja.

Em outros casos o seu desejo é criar um produto, um aplicativo, fazer uma boa apresentação em público, dar aula pela primeira vez, fazer uma palestra, vender algo... os objetivos podem ser vários e também pode ser que no início você não seja bom naquilo, nem por isso deverá desistir. Pelo contrário, procurar mapear o que é preciso para chegar lá e desde já começar de alguma forma, sem esperar pelo momento perfeito.

Eu nunca imaginei que um dia me convidariam para ser instrutora do LinkedIn Learning e que eu gravaria cursos para a plataforma usando minha voz. Confesso que sempre gostei dela, inclusive, há alguns anos, me ofereci para gravar um vídeo da empresa em que trabalhava, eu queria narrar algumas falas com minha voz, pois não tinham outra pessoa. Eu nunca havia feito aquilo, mas busquei avaliar outros vídeos naquele estilo para me inspirar. Eu tinha certeza de que podia fazer, certamente não seria como se eu gravasse hoje, já que adquiri experiências nos últimos anos. Na época não me deixaram fazer, mas lá no fundo eu sabia que minha voz poderia ser usada, algum dia, para trabalhos. Aos poucos fui tratando de tentar falar melhor, mais pausado, abrindo mais a boca, respirando, melhorando a entonação... e aos poucos foi acontecendo.

A verdade é que todos os dias podemos melhorar. E que sempre seremos críticos em relação ao passado. Eu, por exemplo, releio meu primeiro livro ou minha dissertação de mestrado e vejo uma porção de defeitos. Mas aquela era a Flavia da época e isso eu não posso mudar.

Quando me tornei empreendedora percebi que estava em minhas mãos fazer acontecer. Agora eu não tinha mais ninguém a culpar, ninguém estava truncando nenhum processo. Cabia apenas a mim tornar aquele projeto realidade. Foi assim que percebi o quanto podemos mais, que precisamos ser mais produtivos e priorizar as atividades do nosso dia e que tantas vezes nosso maior concorrente não é o outro profissional ou empresa, mas a nossa preguiça e procrastinação.

Para que 2020 seja realmente um ano de realizações (não apenas da boca para fora), comece desde já a pensar em planejar sua carreira ou seus projetos. Não dá mais para acordar e fazer tudo igual, empurrando com a barriga e reclamando. Coloque no papel as etapas que você precisa cumprir antes de chegar a um resultado que considere de qualidade. Comece pequeno, sem as condições ideais. Erre. Faça de novo. Persista. Assim como a tal comparação com os treinos da academia, a gente vai, se esforça, as vezes regride, mas lá no fundo acreditamos que podemos mudar o cenário. E continuamos. Mas em tudo o que fizermos precisaremos passar por etapas. Então, apenas comece!