Apenas a educação é a solução para os problemas do Brasil?
Sabemos que um dos maiores problemas do país é a precariedade na educação. O atual sistema é antiquado, os conteúdos desatualizados, as instituições públicas, por muitas vezes, sem a infraestrutura necessária para o desenvolvimento humano e profissional do aluno. Por fim, nossos jovens saem completamente despreparados das instituições, para tentar a vida no mercado de trabalho, ou adentrar a uma universidade, seja pública ou particular.
Instituições como a JA Rio de Janeiro e o Instituto Coalização, do qual faço parte como membro do conselho de educação, buscam incessantemente mudar este cenário, através de projetos e parcerias com a iniciativa pública e privada. Estes projetos e parcerias possibilitam e facilitam o acesso dos alunos ao mercado de trabalho, que na realidade, é exatamente este o objetivo. Estas ações são grandes passos para melhorar o cenário do país, afinal, sem emprego não há desenvolvimento, e sem mão de obra qualidade, o resultado é o mesmo.
Olhando deste ângulo, não faz sentido considerar educação e empregabilidade como algo unificado? Com interdependências? Em minha humilde opinião, sim.
Mas como citado pelo meu amigo Paulo Milet , em seu artigo, na edição anterior de nossa newsletter:
São mais de 22.000.000 de vagas! Temos apenas 9.440.000 alunos e não precisamos andar para traz em termos de tecnologia, precisamos andar para a frente em termos de qualidade, produtividade e aprendizado como todas as organizações, governos e empresas tem feito nos últimos anos nas suas atividades.
Mas como preencher estas vagas? Como estimular os jovens, e também adultos, a preencherem estas vagas?
Nisso, entramos em outra questão, também citada por Milet:
Temos milhões de adultos que abandonaram os estudos por conta de horários, renda, descasamento com o mercado de trabalho ou outras dificuldades. Vamos trazer de volta!
Nisso, temos um paradigma que, ao meu entender, só pode ser quebrado de uma única forma: incluir o fator motivacional.
Pense comigo. Por que temos tantas pessoas vendendo produtos na rua, geralmente no semáforo/farol? E não apenas idosos ou crianças usadas como forma de gerar comoção nos motoristas para darem dinheiro. São jovens e adultos fortes, saudáveis, alguns até com roupas de marca.
A resposta é simples. A recompensa é imediata.
Imagine você, sabendo que pode gerar um lucro considerável (não generalizando. É apenas um exemplo) vendendo balas em uma rua de alto fluxo de carros e pessoas, e que a outra opção, será trabalhar de 8 a 10 horas por dia em uma empresa, para ganhar metade do que ganhará empreendendo na rua.
Qual seria sua decisão?
Agora, imagine se você é arrimo de família, e está fazendo isso por necessidade, para sustentar sua família, e não pelo desejo de comprar um Iphone 15, e você tem a infelicidade de sofrer um acidente, e você, sem reservas financeira e sem auxílio-doença, não consegue levar o sustento a sua família. Sua decisão seria a mesma?
Entretanto, se você optar por iniciar um curso técnico, seja ele EaD ou presencial, você terá que se dedicar diversas horas por dia, pelo período de 12 meses, para concluir este curso, e mesmo assim, não ter um salário compatível com o que ganharia empreendendo na rua. Você se arrependeria de ter feito este curso?
É um assunto extremamente delicado e complexo, pois envolve uma quantidade absurda de fatores a serem considerados, pois cada pessoa terá diferentes opiniões.
Temos dois lados da moeda: o primeiro, lhe garante uma recompensa imediata, mas os riscos são grandes, inclusive quando estiver mais velho, com problemas de saúde. Será que não se preparar para o futuro, é uma decisão sustentável e perene? O segundo, possibilitará uma recompensa de médio a longo prazo. Dependendo da área de atuação, como as áreas de tecnologia da informação e sustentabilidade, atualmente, a recompensa é a curto prazo, mas ainda assim, exige muita dedicação e estudo.
De qualquer forma, como ficam os fatores "recompensa imediata", que é extremamente atrativo, e "arrimo de família", que é uma necessidade indiscutível, e que só pode ser sanado através do trabalho e da recompensa imediata?
Vamos pensar no seguinte cenário. Digamos que você seja um empreendedor de rua e tenha interesse em realizar uma graduação, seja presencial ou EaD. Com a carga do curso, você tem ciência de que não será possível realizar a mesma quantidade de vendas que realiza, por conta da falta de tempo, mas mesmo assim você fará o seu melhor, tentando manter as duas situações.
Após um determinado período, você se sentirá exausto, e perceberá que não está rendendo nem em seus estudos, e nem em suas vendas. Isso se chama estafa. E não, isso não é frescura, seja ela mental ou física.
Qual será sua opção, então?
Sem dúvida alguma, abandonar o curso. E é por este motivo que temos esta discrepância tão grande entre vagas abertas e preenchidas.
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Então, como atrair os jovens para preencherem as vagas, e trazer de volta os adultos a educação?
Há algo a mais que deve ser considerado. Falta o fator motivacional, algo que já é explorado há anos, principalmente na Europa: relacionar educação e empregabilidade de forma direta.
Não adianta mantermos o sistema educacional engessado da forma que está. A educação deve acompanhar a evolução do mercado, e quem diz o que o mercado precisa, é o próprio mercado. Os governos e instituições de ensino devem acompanhar e auxiliar a suprir estas demandas.
Ao formar um aluno, seja jovem ou adulto, este recém-formado deverá possuir as competências técnicas e, principalmente, comportamentais para poder se encaixar adequadamente no mercado, e ter a oportunidade de crescer em sua carreira. Ele precisa estar preparado.
Mas, como fazer isso sem um direcionamento?
Como uma pessoa, um jovem de 18 anos, ou uma pessoa de meia-idade que deseje realizar uma transição de carreira, sabe o que fazer, e onde procurar?
É por este motivo que a educação deve estar diretamente relacionada a empregabilidade.
Na Alemanha, alunos do segundo grau realizam estágios em empresas parceiras do governo, justamente para apoiar neste direcionamento ao jovem. Isso, inclusive, o auxiliará em um possível futuro processo de transição de carreira em sua vida.
A tecnologia pode proporcionar isso, e é exatamente nisso que o Caderno Nacional , em parceria com Aranduland - Uma cidade digital, sustentável e gamificada , está trabalhando neste exato momento.
Apresentar a um jovem, ou a um adulto que deseja realizar uma transição de carreira, ou retomar seus estudos, qual é o caminho que ele deve percorrer, é a ação mais assertiva para realmente elevarmos o nível de alfabetização, e qualificação de profissionais no Brasil.
Por fim, resolvemos o paradigma da falta de tempo, que leva muitos a desistirem, ou nem mesmo entrarem no sistema educacional, simplesmente, sendo assertivos.
Diversos países possuem graduações de 2 anos a 2 anos e meio, pois o foco é total no que realmente interessa. Sei que alguns não concordarão comigo, mas em minha opinião, se um aluno tiver interesse na história do Brasil, ele pode buscar esta informação paralelamente, por interesse próprio.
A regra das 5 horas
Existe um método de aprendizado contínuo chamado "A regra das 5 horas", criado pelo empreendedor Michael Simmons. Grandes nomes como Barack Obama, Bill Gates, Mark Zuckerberg, Elon Musk e Oprah Winfrey se utilizam deste modelo para aplicar o aprendizado livre. Este método consiste em manter o seu foco total, 1 hora por dia, 5 dias por semana, em aprender.
Nunca subestime o poder que 1 hora focado pode fazer por você.
Adaptar os modelo de estudo online para modelos como este, certamente irá gerar resultados muito superiores aos que vemos atualmente, afinal de contas, é provável que você não tenha que escolher um dos lados da moeda.
Espero que tenham gostado da leitura. Apesar de longa, é um assunto de extrema importância. Estou aberto ao diálogo nos comentários.
Um forte abraço a todos!
CEO - Caderno Nacional
Assistente Administrativa | Gestão de Processos e Sistemas TOTVS
1 aA educação e o aprendizado deveriam ser contínuos em qualquer fase da vida. Nosso país carece em diversos pontos além da educação, mas tenho total convicção que o conhecimento é a porta de entrada para a mudança.
Economista | Board Member | CEO | TEDx Speaker | Palestrante | Professora | Consultora | Colunista | Escritora | Conselheira | Curadora | Entre 10+ mulheres de finanças | 50+criativas do Brasil | Ibest20+
1 aParabéns pelo artigo! Realmente educação e empregabilidade são diretamente proporcionais!
Analista Fiscal Sênior | Analista Financeiro Sênior | Contabilidade Fiscal e Tributária | Tesouraria | Liderança de Equipes | Contas a Pagar e a Receber | Conciliação Bancária | BPO Financeiro | BPO Fiscal | Telecom
1 aA educação é uma parte importante da solução para os problemas do Brasil, mas não é a única. A educação pode contribuir para o desenvolvimento econômico, social e político do país, mas também depende de outros fatores, como a infraestrutura, a saúde, a segurança, a democracia, a ética e a cultura.