Apple quer virar um banco?

O poder de uma plataforma que facilita a vida das pessoas.

Nesta segunda-feira (05 de Junho), como todo ano, eu paro tudo que estou fazendo, pego o meu café, e assisto ao Tim Cook apresentar o Keynote do WWDC (Worldwide Developer’s Conference). Evento anual da Apple onde são apresentados os próximos passos da empresa. Tais como: atualização do sistema operacional de seus dispositivos, as novidades nos produtos Apple, novas ferramentas para auxiliar os desenvolvedores e alguns números de tração da App Store.

Este ano, fiquei muito impressionado. Na verdade, no início o Keynote parecia muito tranquilo, e eu já estava sentindo que era perda de tempo assistir. Tirando os quatro novos personagens de Toy Story no Apple Watch, não havia grandes novidades sendo apresentadas. Mas, esta sensação foi de zero a cem em segundos, quando escutei — uma nova fronteira conquistada — o uso do Apple Play para pagamentos entre amigos.

Talvez esta novidade tenha passado despercebido por você. E, até mesmo hoje, procurando no Google sobre o WWDC 2017, você vai encontrar várias notícias sobre o macOS High Sierra, ou o novo iPad PRO. Mas, acredite estas não são as maiores novidades.

Enviando e recebendo dinheiro de seus amigos, com Apple Pay

A nova funcionalidade vai estar disponível automaticamente no Apple Message, o serviço de mensagens da Apple, na próxima atualização do sistema operacional, iOS 11. Com esta funcionalidade você poderá dividir aquela conta de restaurante com o seu amigo, pagar a sua parte no churrasco, cobrar aquela velha dividia, com toda a praticidade do iMessage.

Já haviam rumores sobre a vinda da empresa para o mercado de P2P. Na verdade, em dezembro de 2016, Jennifer Bailey, VP da empresa, comentou sobre os objetivos de longo prazo da empresa com o Apple Pay. Você pode conferir a entrevista "Apple is still thinking about replacing ‘everything in your wallet’", clicando aqui.

A empresa está prevendo alcançar uma presença de cinquenta porcento no mercado americano até o final deste ano, e já é o número #1 entre os dispositivos de pagamento "sem contato". O Apple Pay avança para o mercado de P2P Payments, onde Venmo, Square Cash e PicPay já atuam a um certo tempo.

Apple Cash Card. Um bilhão de novo cartões.

Quando você envia dinheiro para o seu amigo, utilizando o Apple Pay, esse dinheiro tem que cair em algum lugar, correto? É aqui que o Apple Cash Card entra, pois de fato um cartão de débito virtual esta sendo criado. Um reporter da Recode afirma que a empresa está trabalhando em parceria com a empresa de cartões pré-pago Green Dot.

Após receber o dinheiro no seu cartão virtual da Apple, você poderá fazer o que quiser com ele. Como por exemplo, depositar em sua conta bancária.

Mas pensando bem, com o saldo no Apple Cash Card, você poderá fazer compra em lojas, pagar contas na internet, assinar aplicativos na App Store, e transferir dinheiro para os seus amigos. Porque você depositaria o dinheiro em sua conta bancária, se no final acabaria voltando para a ponta final, que é o pagamento pelo Apple Pay?

Agora estamos começando a entender o poder de construir uma plataforma que facilita a vida das pessoas. Ajudando em tarefas rotineiras, como a de pagamento, de forma simples, agradável e segura.

E os bancos, teriam motivo para se preocupar?

Os bancos gastam uma enorme energia, e muito dinheiro para manter o cartão deles no topo da lista de cartões de seus clientes. Então, é bem justificável que eles estejam preocupados com a vinda da Apple para o mercado de cartões.

Será mesmo que a Apple quer virar um banco? Talvez não agora.

Mas, o que você como cliente considera ser um banco? Ter um cartão de débito, poder transferir dinheiro para seus amigos, e ter um cartão de crédito, satisfaria as suas necessidades?

Pessoalmente, meus investimentos já estão fora do banco, meu cartão de crédito já está fora do banco (com milhas), meu seguro está fora do banco. Só o que me prende é um cartão de plástico para passar no débito.

Um abraço,

Lucas Montano — CEO & Co-founder na Planejei.

Investir em algo que não reflete mais o comportamento das pessoas é o caminho mais rápido para disrupção.