Aprenda a criar embalagens

Aprenda a criar embalagens

Você consegue imaginar um mundo, ou melhor dizendo, um supermercado onde todos os produtos estão sem embalagens? Isso mesmo, nada de papeis laminados, formatos exclusivos e cores padronizadas. Tudo que encontrará é o produto.

Difícil, não? As embalagens fazem parte do processo de compra, afinal, quem nunca levou um produto para casa só por causa dela? Além de revestir, conter informações essenciais para o consumidor, elas dão destaque ao produto, e principalmente, tornam-se aliadas no fator de diferenciação.

Muitos ao baterem o olho podem achar que o processo de construção de uma embalagem é um trabalho fácil e rápido, mas a verdade é exatamente o oposto, até chegar nas prateleiras, um longo caminho é percorrido.

Nesse artigo você vai aprender a criar um protótipo de embalagem funcional e todas as informações que precisam constar.

Agregue valor e conte uma história

Em todo projeto de design é essencial que o cliente preencha de forma correta e completa o briefing, ele será o guia do designer na construção visual e conceitual.

Um detalhe muito ignorado na construção conceitual de embalagens é a capacidade de contar histórias e valores intrínsecos a marca. O que significa isso? Agregue valor perceptivo e subjetivo a sua embalagem.

Muitas marcas agregam valores perceptivo a seus produtos com tiragens limitadas. A Coca-Cola recentemente lançou no Brasil o sabor cereja em determinadas regiões por um período de tempo, aumentando assim, o valor perceptivo do produto. Já a Do Bem, decidiu colocar em destaque sua missão, comprar somente de pequenos produtores e jamais usar aditivos nas bebidas, com visual clean a marca aumentou seu valor perceptivo, agregou uma história e um discurso relevante e pôde ao final, oferecer um produto ao mercado com preço maior.

De forma simples, quanto mais contextualizada for sua embalagem, mais valor seu produto terá.


SHOPPER

Muitos designers entendem qual ou quais são seus públicos alvo, ou seja, seus consumidores, mas desconhecem seus Shopper.

shopper  é a pessoa que realiza uma compra, sendo ela consumidora ou não.
varejo.espm.br

Estamos falando, por exemplo, de uma mãe que vai à loja de brinquedos comprar um presente para o seu filho, obviamente, quando os designers forem definir o visual da embalagem, lidará diretamente com a criança, usando normalmente paleta de cores chamativas, ilustrações do brinquedo e diversas outras linguagens categóricas.

Entender o shopper é perceber que o consumidor tem papel importantíssimo na decisão, mas o shopper tem seus próprios valores, ou seja, a criança deseja um determinado brinquedo, mas quando a mãe for efetuar a compra, procurará por um que seja adequado a idade do seu filho e principalmente sua segurança.

Resumindo, na construção de uma identidade visual para embalagens é imprescindível que o material fale com o shopper e o consumidor, evidenciando valores que são importantes para ambos.

Equities Visuais

Criar uma embalagem para segmentos saturados é difícil. Na maioria das vezes, estamos falando de nichos onde todas as embalagens tem a mesma arquitetura de informação, ou seja, usam fontes parecidas, as mesmas paletas de cores e por incrível que pareça, até imagens similares.

Um exemplo clássico de arquitetura similar, são os molhos de tomate, em sua maioria todos utilizam paleta de cores vermelhas, logo monocromática branca em destaque e no centro da embalagem a imagem de um tomate.

Equities Visuais são grafismos criados a partir da própria marca. A faixa vermelha da Coca-Cola, a caixa exclusiva do Mc lanche feliz, o sistema de padrões da marca Uber e muitos outros.

O grande desafio é encontrar Equities Visuais consistentes que transcendam a saturação visual do nicho. Para criação desses grafismos, é preciso voltar a origem do produto, e aproveitar valores, características e conceitos inerentes a marca e o empreendimento.

Agora, porque não simplesmente fazer mudanças como paleta de cores ou família tipográfica no lugar de encontrar um Equities Visual? Diferentes das mudanças citadas, um grafismo próprio da marca não pode ser copiado, ou seja, ele será tão poderoso quando o produto, uma nova ponte de identificação.

Arquitetura de informação

Definir a hierarquia das informações e a disposição ideal é trabalho recorrente do designer, mas especialmente, quando estamos tratando de embalagens, esse processo é mais complexo. Até o produto chegar nas prateleiras, uma série de teste devem ser realizado, ou seja, não existe um formato pré-estabelecido para o sucesso.

Alguns elementos ser levados em consideração antes do início do projeto, são os essenciais. Podemos citar:

  • Logo;
  • Cromia institucional;
  • Hierarquia dos elementos – Croqui da embalagem;
  • Família Tipográfica;
  • Bloco de informações e chamadas;
  • Informações Essenciais (nutricionais, ingredientes, forma de uso e outros);
  • Imagem do produto ou derivado;
  • Faca de corte.

Esteja sempre disposto a inovar e quebrar a hierarquia padrão pré-existente, afinal, o seu Equities Visuaispossibilita uma maior flexibilidade e opções para destacar-se em um mercado saturado.

Experiência Multissetorial

A simples escolha de um formato, faca especial ou material de impressão, pode transformar a experiência do consumidor. Quando a diferenciação é tangível chamamos de experiência multissensorial, ou seja, é quando o produto desperta um dos cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.

Produtos com texturas especiais, impressas em material diferente do comum, podem proporcionar uma experiência sensorial, ativando o tato. É o caso da embalagem criada pelo designer japonês Naoto Fukasawa, nela o consumidor poderá sentir a textura da fruta do sabor do suco ao tocá-lo.

Outra possibilidade explorada é uma faca de corte diferente. Na prateleira, ao lado de vários produtos do mesmo segmento, embalagens com dobrar, cortes ou formatos diferentes, podem influenciar o consumidor. O designer Simon Laliberté, decidiu aplicar esse conceito na linha de embalagens para pinceis.

Definir o material da embalagem é essencial para o sucesso do produto. Marcas de oleaginosas, por exemplo, estão abrindo mão do plástico transparente com etiqueta por sacos fechados a vácuo com impressão.

Recentemente trabalhei com o redesign de uma empresa castanha, e sugeri a mudança do material da embalagem, com isso, a nova proposta conservaria o produto e ganharia destaque e espaço nas prateleiras

Informações essenciais

No Brasil, todos os produtos que vão ao mercado devem seguir os parâmetros estabelecidos pela ABRE, ela define cada informação ou característica técnica que uma embalagem deve ter.

A ABRE e a SGS disponibilizam a você os principais pontos a saber sobre a RDC 26/2015 que dispõe sobre os requisitos de rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares – conforme palestra realizada no Circuito ABRE de Palestras.

Abre.org.br

Na construção de uma embalagem o designer deve atentar-se a cada uma dessas informações e seguir à risca, afinal, não adianta ter uma embalagem bem construída que não pode ir ao mercado.


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