Aprender com problemas
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Aprender com problemas

O uso do método no processo criativo em equipe

Em uma das disciplinas com a turma de Publicidade e Propaganda, passo um trabalho avaliativo usando a metodologia de ensino PBL (Problem Based Learning). É considerada uma metodologia ativa de ensino pois coloca o estudante como protagonista do seu próprio aprendizado. É como se ele definisse as trilhas de conteúdo que irá percorrer para chegar à uma solução. No começo há um espanto por parte deles ao ter que decidir como resolver mas no final a experiência da jornada é realizadora.

Assim como de maneira empírica estamos acostumados a analisar problemas e testar hipóteses até chegar uma solução, esse método segue essa premissa mas como diferencial ele tem uma estrutura que orienta sobre deficiências e auxilia a traçar estratégias para concentrar esforços no que realmente importa.

É como quando na agência, você recebe um briefing com um problema de comunicação para solucionar e logo em seguida você abre seu banco de imagem favorito ou site de inspiração e referência. Dessa forma você olha pro problema a partir da solução, e não do problema.

Talvez se olhar para o problema e buscar compreender seus princípios e o por que de ocorrer, você consegue encontrar uma solução mais apropriada para esse problema em específico, e não algo paliativo para curto prazo.

Entrando em detalhes, esse método é formado por ciclos em três momentos, sendo eles

1º momento - Formular e analisar o problema

O primeiro momento é o de formular e analisar o problema. É preciso identificar as informações básicas (cenário do problema) e o que cada um da equipe tem conhecimento prévios sobre a temática em questão (identificar os fatos).

Vale nesse momento também esboçar algumas ideias (gerar hipóteses) para a resolução do problema central. O famoso brainstorm. E depois, entra a parte de identificar as “lacunas”, ou seja, quais assuntos em relação ao problema é preciso ir atrás de informação para compreender melhor. 

2º momento - Estudo autodirigido

Aqui ocorre a aprendizagem individual e autodirigida. As informações identificadas como importantes de serem coletadas para uma melhor compreensão do problema e a definição das estratégias a serem seguidas no momento da resolução, serão pesquisadas para que, mais tarde, sejam partilhadas e discutidas com outros integrantes do grupo.   

Dessa forma, cada membro da equipe criativa vai atrás das soluções e se aprofunda por conta própria sobre os tópicos levantados. O interessante é que nesse momento as individualidades se sobressaem, a visão que cada um terá do problema pode contribuir para enxerga com outros olhos a possível solução. Não fica engessado no mais do mesmo ou limitado ao que o briefing propõe.

3º momento - Conclusão

No terceiro momento, a equipe se reúne, agora com diferentes informações, que deverão ser aplicadas, compartilhadas, debatidas e avaliadas até que o grupo alcance uma ou mais novas conclusões. Se o problema for resolvido em conjunto, a solução está apresentada para começar a desenvolvê-la (criar key visual, montar planejamento, orçar mídia e produção...)

Se isso não ocorre, um novo ciclo se inicia. Pois em todas as etapas os membros da equipe produzem registros do que funciona e o que não funciona.

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O ciclo dessa metodologia pode se repetir quantas vezes forem necessárias para que o grupo esgote suas possibilidades e conclua, oferecendo uma solução para o problema. Sabemos que tempo é o que no dia a dia de uma agência de publicidade é tão relativo quanto um -mail do cliente pode mudar os 15 minutos finais de fechar a agência numa sexta-feira.

O ponto que quero trazer aqui é o processo, a forma como os problemas são enfrentados por uma equipe. O que propus para meus alunos foi proveitoso pois eles foram atrás de um problemas e dos caminhos para chegar a solução. Se sua equipe não tem um processo para cada campanha ou concorrência a ser desenvolvida, dificilmente o processo criativo de cada um entra em consonância pra pegar no tranco e caminharem juntos para a solução.

Já que problemas todo mundo tem, o que nos diferencia é como lidamos com eles, por que não tentarlidar com a PBL!?


Referência que uso em sala: Aprendizagem baseada em problemas : fundamentos para a aplicação no ensino médio e na formação de professores / Renato Matos Lopes, Moacelio Veranio Silva Filho, Neila Guimarães Alves (organizadores). – Rio de Janeiro : Publiki, 2019. 198 p. ; ebook.

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