Aprender e ensinar: um desabafo que se tornou inspiração para um novo desafio em 2020.

Aprender e ensinar: um desabafo que se tornou inspiração para um novo desafio em 2020.

Eu sempre gostei de aprender e ensinar

Aos quatro anos, aprendi a ler em casa - minha mãe me ensinou. Desde então, me dedico muito a praticamente tudo o que faço, buscando ser minha melhor versão. Assim, sempre fui uma excelente aluna e sempre tive paixão por ajudar as pessoas compartilhando conhecimento.

Aos nove, dava aula de inglês para minha avó - tínhamos encontros duas vezes por semana e ela me pagava mensalmente pelas aulas. Durante o Ensino Fundamental, explicava a matéria para os amigos e os ajudava a estudar para as provas, pois, de acordo com eles, com o meu jeito de ensinar era mais fácil de aprender.

No Ensino Médio, voltei a receber uns trocados pelas minhas aulas - me tornei Monitora de Matemática. Na faculdade de Relações Internacionais, a Monitoria foi de Introdução à Ciência Política.

Durante minha jornada na Brasil Júnior - a Confederação Brasileira de Empresas Juniores, responsável por representar e potencializar o Movimento Empresa Júnior (MEJ) brasileiro - a missão era simples e, ao mesmo tempo, complexa: ensinar qualquer coisa que ajudasse Empresas Juniores, Núcleos e Federações a atingirem suas metas anuais. Após sair do MEJ, o MEJ não saiu de mim: comecei a ensinar para os empresários juniores tudo o que eu sabia sobre vendas e relacionamento com o cliente.

Em 2019, trabalhando com vendas na Wavy, meus clientes aprenderam comigo sobre o Grupo Movile e a Wavy; sobre Customer Experience e Conversational Commerce; sobre SMS Corporativo, WhatsApp Business API, RCS e Apple Business Chat; ou simplesmente sobre como fazer um disparo em massa de mobile messages pela Wavy Messaging Platform.

Dizem que sou didática e que meu conteúdo é maneiro - gera insights e até inspira as pessoas, olha só! Mas, no final das contas, isso tudo se resume a uma paixão intensa e sincera por aprender e ensinar.

Com todo respeito às instituições de ensino formais, é sempre bom lembrar que você não precisa estar em uma cadeira formal de aluno para aprender e, muito menos, ter formação em pedagogia para ensinar. A troca constante de conhecimento entre as pessoas só depende da nossa fome de aprender e ensinar, e é mais do que necessária para evoluirmos enquanto seres humanos e profissionais, e gerarmos evolução no mundo ao nosso redor. Aqui, deixo um agradecimento a todos os meus professores “oficiais” e aos profissionais, líderes, colegas de trabalho, amigos e familiares que me ensinaram alguma ou muita coisa.

E também acredito muito que a gente começaria a resolver a maior parte dos problemas do Brasil com apenas duas coisas: (1) investimento inteligente e prioritário em educação, aliado a políticas de bem-estar social; (2) menos descaso e preguiça, e mais amor e dedicação quando o assunto é aprender e ensinar.

Sobre o ponto 2, que representa um esforço mais individual e menos coletivo, institucional e governamental (o que seria o caso do primeiro ponto), trago alguns dados e reflexões. Isso porque acredito que tanto eu como você podemos trabalhar para mudar essa realidade - seja transformando nossos hábitos, seja influenciando os hábitos de quem está ao nosso redor.

Dados de 2016 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revelam que o brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano, ao passo que a média anual de livros lidos pelos franceses, por exemplo, é de 21. Além disso, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Como muito bem colocado por Davi Lago, em artigo para o blog do Matheus Leitão no G1,

o baixo índice de leitura é uma de nossas mazelas históricas e aponta para o empobrecimento dos debates brasileiros. Por óbvio, o repertório amplo de leituras contribui para o amadurecimento do espírito crítico do cidadão. O que é a realidade senão a leitura que fazemos dela?

Na mesma pesquisa, quando perguntados sobre a motivação para a leitura, apenas 7% dos entrevistados disseram ler por atualização profissional ou exigência do trabalho. Nesse ponto, percebo que realmente vivo em uma bolha, já que, ao meu redor, amigos e colegas têm metas de livros lidos por ano; sempre compartilham artigos, e-books, podcasts e outros milhões de conteúdos; se engajam com vários eventos sobre negócios e empreendedorismo; e geram discussões relevantes sobre lifelong learning, organizações mais conscientes, Revolução 4.0 e futuro do mercado de trabalho, por exemplo.

Outro dado preocupante: de acordo com o Banco Mundial, e em artigo publicado pela Confederação Brasileira de Municípios, estudantes brasileiros devem demorar mais de 260 anos para atingir a qualidade de leitura de alunos de países desenvolvidos.

Para fechar, trago insights do Luís Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro: o Brasil ficou dentre os últimos lugares do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) no quesito leitura e cerca de 30% dos nossos professores se declaram não leitores. Sobre esse último dado, estou até agora me perguntando: como assim?

Por que ir à escola e fazer tarefa de casa é tão chato para a maioria dos alunos brasileiros? Por que a maioria dos brasileiros têm tanta preguiça de ler e de estudar? Como a gente muda uma cultura em que falta o hábito de leitura na maioria das famílias brasileiras? Como tornar a educação algo pelo qual as pessoas têm paixão?

Será que um dia teremos um país em que a maioria das pessoas consegue comunicar suas ideias de forma escrita com maestria; ler e interpretar textos de forma satisfatória; e argumentar de forma coerente, com base em dados, fatos e pesquisas, conduzindo diálogos construtivos e empáticos e não debates desrespeitosos, arrogantes, ignorantes e polarizados? Quando seremos um país de cidadãos mais conscientes e responsáveis?

Depois de uma retrospectiva da minha trajetória seguida de pesquisas e reflexões - tudo que você acabou de acompanhar neste artigo -, o que era apenas um combo de desabafos + questionamentos + vontade de mudança acabou se tornando, em meio a dezenas de outras variáveis as quais não cabe trazer aqui, um novo desafio para 2020.

À partir da semana que vem, começo a trabalhar diretamente com educação na Luma Escola Individualizada, que possui como um de seus valores "aprender e ensinar". Será coincidência? Destino? A única certeza que eu tenho é a de que, nesse momento, esse é o caminho que mais faz sentido para mim e mais se conecta com tudo aquilo em que acredito.

Ana Maria sempre foi muito independente, comunicativa, esperta e curiosa. Ajudava mesmo seus colegas de classe quando preciso. Recordo-me de um momento em que ela me ajudou com a matéria de fração na cozinha da casa de sua avó. Tenho prazer em fazer parte de sua jornada e acompanhar seu crescimento pessoal e consequentemente profissional ❤️

Bruna Maggion

CMO Grupo Alura | Aprimorando vidas com educação em tecnologia 👩💻

4 a

Amei o texto, a forma que escreveu e a história! Parabéns!

Julietty Quinupe Betzel

Educação | Gestão Pública | Design Thinking | Facilitação de Processos

4 a

Aaaa lindona, que alegria saber que vai fazer parte desse desafio! Aproveite muitoo e que seja apaixonante todos os dias!

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