Aprendizados após 2 anos de mentoria de devs iniciantes
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Aprendizados após 2 anos de mentoria de devs iniciantes

Há 2 anos, através da Devpass, começamos a explorar e identificar as dores na experiência de aprendizagem de pessoas desenvolvedoras. Desde então, foram centenas de conversas e entrevistas com pessoas iniciantes, tendo a oportunidade de iniciar, com muitas delas, processos de mentoria com abordagens e objetivos diferentes.

Essa experiência me trouxe alguns aprendizados que gostaria de compartilhar com devs, tech leads e gerentes de engenharia que pretendem fazer ou já realizam mentoria. Com este artigo, espero contribuir para que consigamos ajudar ainda mais quem está entrando no mercado de desenvolvimento e enfrentando seus desafios.

O momento do mercado

Por falar em mercado, acredito que vale uma reflexão sobre a situação atual. Pessoas desenvolveras que iniciam a carreira hoje encontram um leque muito maior de tecnologias e padrões e, consequentemente, produtos e sistemas mais complexos que 10 anos atrás.

Para complicar, descrições de vagas estão lotadas de termos e siglas, que nem sempre são necessárias ou não batem com a expertise pedida. Na minha experiência, tem sido muito comum ouvir perguntas como "Devo estudar a arquitetura X ou Y?” e "Estou estudando a tecnologia X, mas a empresa A pede a tecnologia Y na vaga. Devo focar em qual delas?”.

Como pessoas mentoras, temos experiência para identificar quais tecnologias são padrões de mercado e quais podem levar um tempo ou, até mesmo, sequer entrar na stack das empresas.

Além disso, há tecnologias que, apesar de mais simples, ajudam a entender conceitos mais complexos. Portanto, vale termos isso em mente para guiar o estudo e ajudar a amenizar essa ansiedade tão normal no nosso mercado.

O momento da pessoa desenvolvedora

Existe um gap muito grande entre o número de pessoas desenvolvedoras e vagas de desenvolvimento de software. Estimulado também pelo aumento salarial que vimos nos últimos anos, muitas pessoas decidiram entrar na área, cada uma com backgrounds e necessidades diferentes.

Há quem já dedicou anos a uma carreira completamente diferente e decidiu fazer a mudança para o mercado de tecnologia. Naturalmente essa pessoa procura soluções mais rápidas como cursos e bootcamps de, no máximo, 3 meses, por exemplo. Apesar de serem ótimos para introduzir conceitos de programação, existem fundamentos de computação que são impossíveis de aprender em tão pouco tempo.

Existem também estudantes de cursos mais longos, de 1 ou mais anos, como os universitários. Apesar da maior experiência e entendimento de conceitos de programação, faltam habilidades profissionais e soft skills que são indispensáveis em processos seletivos e no dia a dia de equipes de engenharia.

Por fim, temos pessoas que já possuem uma carreira com programação, mas estão migrando para novas tecnologias. Enquanto o conhecimento de programação certamente ajudará muito no processo, mudanças de plataformas (Ex: Mobile para Backend, e vice-versa) podem trazer mais desafios para ajustar a mentalidade para a nova plataforma.

Identifique qual é o momento da pessoa que você está mentorando. Isso irá ajudar você a entender as principais oportunidades de melhoria para ela evoluir profissionalmente.

A proatividade da pessoa mentora

Quando falamos de mentoria, é comum colocarmos o peso maior na pessoa que é mentorada. Afinal, ela deve aproveitar a oportunidade de estar interagindo com alguém que tem mais experiência.

No entanto, o background, contexto e outras variáveis da pessoa desenvolvedora geram diferentes tipos de comportamento. Por mais que tenhamos mantido uma consistência de sessões de mentoria, por exemplo, a pessoa pode ter dificuldades naturais que a impedem de procurar ajuda, seja pelo não entendimento completo do assunto ou a clássica Síndrome do Impostor.

Seja uma pessoa mentora proativa e entre em contato ocasionalmente para entender o andamento do estudo, identificar pontos de melhoria ou resolver dúvidas rápidas.

Mostre que você tem interesse no desenvolvimento da pessoa, criando um ambiente leve e propício à troca de conhecimento e evolução profissional.

Prática é mais importante que teoria

Não importa o momento da jornada, o que a pessoa desenvolvedora mais deseja é colocar a “mão no código” e resolver problemas, enquanto aprende coisas novas. Resolver problemas pode ser mais importante que saber os detalhes teóricos por trás da solução.

Eu confesso que existem conceitos de computação que aprendi de fato depois de vários anos de experiência, apesar de saber seguir padrões e resolver problemas com eles, como Arquiteturas de Software. Após anos de experiência, preparei meu cérebro com outros conhecimentos que me ajudaram a entender a teoria por trás das coisas mais facilmente do que quando estava no início da minha carreira.

Dependendo da necessidade da pessoa desenvolvedora, foque em ensiná-la a seguir padrões de código, em vez de primeiro entender os conceitos por trás.

Isso certamente a ajudará a aplicar novas habilidades mais rapidamente, seja em processos seletivos ou durante a resolução de problemas de código em uma equipe de engenharia.


Estamos inseridos em um mercado muito volátil, que vai de mudanças de tecnologias a layoffs, fusões e compras de empresas. Quem se oferece a dar mentoria, tem o papel fundamental de ajudar pessoas desenvolvedoras iniciantes a enfrentar esses desafios, conseguir as primeiras oportunidades e lidar com os desafios após isso. Além disso, não há nada como receber uma mensagem de agradecimento pelo conhecimento compartilhado ou objetivo profissional alcançado. 😊

👉 E você? O que aprendeu com a experiência de dar mentoria para pessoas desenvolvedoras iniciantes?

👉 Devs, como a mentoria ajudou ou tem ajudado você no seu desenvolvimento pessoal e profissional?


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Adicionalmente, para a pessoa mentora, há um grande ganho que é a prática como mentor, podendo ajudar na sua própria carreira, além de que ser lembrado por um mentorado é um sentimento bem positivo :)

Ótimo artigo!

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