Aprendizados de um programa corporativo (ou, simplicidade e essencialismo aplicados ao T&D)

Desde março, a Zup Innovation deu a oportunidade para mais de 350 lideranças: um programa corporativo de desenvolvimento de lideranças, com foco em ferramentas de gestão e relacionamentos. O sonho (e pesadelo) de qualquer profissional de desenvolvimento nasce assim: nesses programas gigantes, inéditos e desafiadores. E eu fiz parte disso (junto com um time de pessoas maravilhosas, a saber: Camila Severo , Ornellas . , Davi Ramos Dumas Neves e Marisa Alves )! Orgulho que fala, né?! 

Poderia ficar aqui tecendo linhas e linhas sobre tudo o que fizemos nos últimos meses (e citar que nosso NPS médio de todos os seis ciclos foi acima de 97, ou lembrar que tivemos uma taxa média de engajamento acima de 70%...), ou descrever o quanto evoluí pessoal e profissionalmente, mas, como essa é uma rede de compartilhamento de boas práticas (apesar de muitas vezes parecer um LinkDisney), queria deixar aqui os maiores aprendizados que eu e meus colegas tivemos ao longo desse período (e espero que você possa aproveitar algo): 

1 - O valor da aprendizagem social é inestimável. Mais do que nunca, precisamos entender que se queremos consumir conteúdo, o Google está aí. "Dá um Google". Podemos consumir qualquer coisa, a qualquer momento. Mas, consumir conteúdo não quer dizer que estamos aprendendo. Aprender, tem sua raiz etimológica no latim, e quer dizer “levar para junto de si”, ou, metaforicamente “levar para junto da memória”. E para criar memórias, nada melhor do que unir emoção e pessoas. Para a nossa grande surpresa, o que as lideranças mais gostaram e elogiaram ao longo de todo o programa foram as trocas com seus colegas. As trocas têm muito poder, muito mais do que queremos admitir.

2 - As lideranças trazem consigo uma sabedoria inestimável, e nenhuma ferramenta/teoria substitui as experiências do grupo! Harvard, MIT, IMD, SU... Todas essas referências são importantes, mas, será mesmo que o cerne de um programa de desenvolvimento deva recair sobre referências externas? Com lideranças que passaram por tantas empresas, desafios, projetos e experiências, o real valor ainda está nas teorias e fontes? Sim, esse arcabouço tem seu valor e papel, mas penso que precisamos ir além.  Muitas vezes, ainda pautados pela lógica do consumo pelo consumo (que se estende até ao consumo de conteúdo), podemos nos esquecer que o saber coletivo é nosso maior ativo. Quantas vezes damos mais à "etiqueta", "grife", "fonte" do que às pessoas? 30 pessoas trocando entre si, falando sobre suas experiências, conquistas, cases e problemas podem ensinar tanto sobre liderança e relacionamentos quanto centenas de livros e cursos que vemos por aí. 

4- “Simplicidade é o mais alto grau de sofisticação.” Se foi Da Vinci que disse isso, eu não sei. Mas, que a frase é de efeito e muito adequada para o nosso contexto de desenvolvimento corporativo, ah, ela é! É claro que precisamos evoluir nossos sistemas de aprendizagem, é urgente que a educação corporativa evolua a passos largos (pois já está obsoleta) e, me parece óbvio que precisamos questionar cada dia mais as “Crenças Escolarizantes” que o magnífico Alex Bretas nos conta. E como evoluir sem perder a simplicidade? Aqui fica outro aprendizado que tivemos ao decorrer dessa jornada: LXP de ponta ajuda, projetos milionários impressionam e gamificações que parecem feitas pela Tencent são legais, porém, no final, ainda estamos falando de pessoas, que lideram outras pessoas, e que tem desafios reais, duros e estressantes.

Frente a poucos recursos, escolhemos o simples: pessoas interessadas, paixão por desenvolver,  trocas de alto nível, uma ou outra ferramenta e improviso! O resultado? 94% das pessoas disseram que o programa trouxe conteúdos e ideias altamente aplicáveis às suas realidades. Vejo todos os dias aqui e no Instagram programas de desenvolvimento de milhões, que mais parecem produções de Hollywood. Sou entusiasta das novidades e acho quase tudo incrível, mas, ainda é possível fazer muito com pouco. Não precisamos de um orçamento estratosférico para apoiar as pessoas em suas estradas de evolução. Na dúvida, ou na escassez, faça o simples (não o simplista).

4 - Por último, e não menos importante, grandiosidade envolve coletividade (ou a velha frase “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.”). Antes de todo ciclo, o nosso time de LD se reunia para lapidar o que viria. Pensávamos em grupo, discutimos e discordávamos (muito). Nem sempre era bom e confortável. Certamente foi muito mais trabalhoso do que se cada um fizesse algo sozinho(a). Mas esse processo de divergir e convergir foi essencial. Não só para estreitarmos as nossas relações e evoluirmos como pessoas, mas para criarmos ideais melhores. Ainda sobre esse senso de coletividade, saímos conscientes e com uma certeza: nenhuma mudança se dá só por um grupo pequeno e seleto de pessoas. Sem BPs e lideranças muito ativas, nada seria possível. Uma liderança próxima, que incentiva seu time a crescer e a priorizar o próprio desenvolvimento vale mais do que muitas competições e convites mirabolantes. Um(a) BP que provoca as pessoas e incentiva a prática do que é aprendido vale mais do que qualquer reconhecimento por participação ou prêmio individual.

E aí colega de RH, me conta: qual premissa simples sobre o aprendizado e programas de desenvolvimento que você precisa relembrar todos os dias? (ou lembrar de não esquecer?)

Joceline Abe

Pessoas & Cultura| HR Executive| Executive Coach | Liderança| Desenvolvimento| RH| Recursos Humanos| Mentora de Carreira | Palestrante

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Excelente artigo, Fernanda Okura Carvalho ! Muito bem escrito e direto ao ponto! Como tudo o que você faz. Muito obrigada por compartilhar conosco seus aprendizados! Aprendi aqui bom você. 😘

Josiane Cunha

Consultora interna RH / Coach de Executivos / Recrutamento / Gerente de RH

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Fernanda Okura Carvalho ouvir os depoimentos sobre o quanto os conteúdos apoiaram e apoiarão no dia a dia de nossos Líderes faz valer todo esforço, dedicação e paixão que vc, Vitor Ornellas, Davi Ramos Dumas Neves e Camila Severo tiveram. Topezera demais!

Gui Yoshioka

Brand Experience | Events | Employer Branding

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Obrigado por compartilhar seus insights, Fer. O texto é muito pertinente e me colocou em um lugar de reflexão muito positivo. Percebo que o simples tem recuperado, cada vez mais, o seu lugar. Os estímulos oferecidos são tantos e cada vez mais grandiosos, que voltar a valorizar o que temos de melhor (nossas subjetividades, ao meu ver), tem sido um caminho certeiro. Parabéns pelo texto, fiquei com vontade de participar das trocas de vocês hehe.

Georgia Bartolo

Columnist | Gender DE&I Specialist | Human Rights Lawyer

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Fantástico Fe!

Alex Bretas

Palestrante | Escritor | Fundador do Mol

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Alegria testemunhar essas descobertas todas, Fernanda Okura Carvalho! Gratidão por compartilhar com a gente 😍

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