ARQUITETAS(OS) PROTAGONISTAS

Nós arquitetos criticamos a qualidade da arquitetura e do urbanismo de São Paulo e do Brasil, mas não fazemos quase nada para mudar essa realidade, além de ficar na nossa bolha com megafone na mão.

Os principais responsáveis pela urbanização das cidades são os incorporadores e a regulação pública para uso e ocupação do solo. Na dinâmica atual o arquiteto serve para aprovar projeto nas prefeituras, basicamente. Quem define o prédio, o empreendimento, o loteamento, o condomínio, são incorporadores e construtores baseados em custos e os arquitetos assinam os projetos de acordo com a “receita” definida pela política de custos como programa.

Numa pesquisa rápida no LinkedIn busquei por “diretor de incorporação”, em 20 resultados aleatórios, contemplando as principais incorporadoras do Brasil, 16 são engenheiros civis, 2 administradores de empresas, 1 engenheiro químico, 1 advogado e nenhum arquiteto. Nenhum arquiteto era responsável pelo desenvolvimento imobiliário/arquitetura de nenhuma destas incorporadoras. Encontrei mais engenheiros químicos do que arquitetos.

Saí da busca aleatória e resolvi buscar em duas incorporadoras específicas, IdeaZarvos e Vitacon. IdeaZarvos arquiteto, até que enfim. Vitacon, a diretora não indica no perfil do LinkedIn, mas me pareceu ser arquiteta, não posso afirmar.

E porquê? Porque os engenheiros são os responsáveis por quase toda a produção arquitetônica da cidade de São Paulo e de quase todas as cidades? Porque os arquitetos, urbanistas e engenheiros químicos não são maioria? Os arquitetos, os grandes planejadores?

Eu tenho a minha teoria. Mas, antes de tudo os arquitetos deveriam aprender que o resultado do nosso trabalho é um produto, na maioria das vezes, que tem valor comercial, que movimenta grande parte da economia do país, que tem custo, receita e que gera lucro ou prejuízo. É um fato. Os engenheiros civis sabem disso.

Os arquitetos estudam a história das cidades, estudam seu crescimento orgânico, mas na maioria das vezes, não enxergam que o crescimento urbano é consequência do crescimento econômico.

Como arquitetos, se quisermos melhorar a qualidade urbana e da arquitetura das nossas cidades, se quisermos ser mais justos com os “consumidores” precisamos ocupar as cadeiras de decisores. Precisamos ser os protagonistas e deixarmos de ser coadjuvantes, hoje nós estamos fora desse jogo, percebe?

1º passo

Os arquitetos precisam aprender Incorporação Imobiliária nas faculdades, na sua formação. Nem que seja matéria optativa.