A Arte de Pensar Claramente- Rolf Dobelli
Rolf Dobelli, no seu livro A Arte de Pensar Claramente, nos apresenta uma série (extensa) de armadilhas do pensamento que demonstram os limites de nossa racionalidade. Dentre todos, destacamos os seguintes erros de pensamento que influenciam em nosso processo de tomada de decisão:
a) confirmation bias - interpretamos novas informações de forma que sejam compatíveis com nossas teorias e visão do mundo; ignorando os fatos que as contradizem;
b) viés da autoridade – errar é humano, mas diante da autoridade diminuímos nosso senso crítico. Simplesmente obedecemos à autoridade, mesmo que a sua posição não faça sentido racional ou moral;
c) viés da disponibilidade – somos dramáticos, não racionais. Superestimamos as possibilidades de ocorrência de fatos mais espetaculares, que mais facilmente visualizamos a sua ocorrência. Por isto, temos mais medo de morrer em uma queda de avião, que de infarto (apesar de ser mais provável que este último ocorra);
d) viés da história – construímos o sentido de nossas decisões a posteriori. Distorcemos e simplificamos os fatos, para que eles façam sentido na nossa versão da história;
e) viés da retrospectiva – do ponto de vista retrospectivo, tudo parece claro, como sendo a única sequência possível dos fatos. Isto nos torna mais sujeitos a erros futuros;
f) ilusão de controle – temos a tendência a acreditar que estamos no controle de todas as situações, quando na verdade temos muito pouca influência sobre os acontecimentos;
g) tendência a hipersensibilidade ao estímulo – as pessoas reagem aos estímulos, não às boas intenções;
h) viés do resultado – julgamos o acerto de uma decisão pelo seu resultado. Um resultado ruim não significa necessariamente que a decisão foi errada (e vice-versa);
i) negligência com a possiblidade – não temos habilidade natural para trabalhar com probabilidades, por isto costumamos negligenciar os riscos envolvidos em uma decisão;
j) viés do risco zero – superestimamos o risco zero, mas economicamente o risco zero é impossível ou não faz sentido (pelo custo envolvido). Nada é 100% seguro;
k) indução – induzimos conclusões universais, a partir de nossas experiências individuais;
l) aversão à perda – emocionalmente uma perda pesa o dobro do que um ganho. Ou seja, o medo de perder motiva mais que a chance de ganhar alguma coisa;
m) falsa causalidade – relação não é causal. A correlação entre dois fatos não torna um a causa do outro. Correlação: melhores alunos vêm de lares com mais livros. Verdadeira Causalidade: pais mais cultos valorizam a formação dos filhos e tem mais livros em casa;
n) efeito halo – a partir de um aspecto, deduzimos a figura completa. Por exemplo, pessoas com boa aparência ganham mais ou tiram melhores notas. O efeito halo nos impede de ver as verdadeiras qualidades;
o) enquadramento – reagimos diferente a informação, dependendo de como ela é apresentada. C’est le ton qui fait la musique;
p) viés da omissão – quando tanto a ação quando a omissão podem levar a um prejuízo, se opta pela omissão. Uma omissão deliberada é mais tolerada que uma ação condenável. Preferimos deixar alguém ser prejudicado do que prejudicá-lo diretamente. Não declarar os próprios rendimentos é mais aceitável que fraudar documentos fiscais, apesar de ambos terem o mesmo efeito tributário.
A Arte de Pensar Claramente, Rolf Dobelli.