De CFO para Conselheiro: o caminho para 2025

A presença de líderes com background financeiro está crescendo em um ritmo impressionante nos Conselhos. Em 2024, cerca de 29% das cadeiras já foram ocupadas por profissionais dessa área – e, para 2025, espera-se que esse número aumente ainda mais. Mas essa transição não é automática e tampouco simples. Sair do papel de executor para se tornar um conselheiro estratégico exige mais do que expertise – demanda uma mudança de mindset, novas competências e, acima de tudo, preparação.

Vida de conselheiro X vida de executivo

Um CFO no conselho enfrenta uma mudança transformadora: deixar de lado a urgência da execução para abraçar a paciência estratégica. Essa transição é um verdadeiro divisor de águas, posto que exige adotar uma nova postura, onde influenciar e orientar se tornam mais importantes do que executar.

Como executivo, você é acostumado a liderar, tomar decisões rápidas e garantir que elas sejam implementadas. Como conselheiro, o desafio é diferente. Trata-se de orientar decisões por meio do diálogo, contribuindo com sua expertise para conduzir o grupo rumo ao melhor caminho. O conceito central aqui é a escuta ativa: ouvir, dialogar e guiar sem a autonomia direta da execução.

Outro ponto que exige adaptação é a diferença de remuneração. Executivos geralmente recebem maiores compensações, refletindo a intensidade do envolvimento diário e o escopo de suas responsabilidades operacionais. Já os conselheiros geralmente participam de reuniões mensais, com dias de preparação e atividades em datas pré-estabelecidas.  Esse novo cenário, no entanto, traz algo ainda mais valioso: a possibilidade de impactar organizações em uma escala ainda maior.

Competências-chave para 2025

CFOs no conselho unem rigor financeiro à visão estratégica, criando um diferencial decisivo para tomadas de decisão. Para 2025, destacam-se algumas competências indispensáveis:

1. Traduzir dados financeiros em estratégias acionáveis (como fusões e aquisições (M&A), reestruturações organizacionais e iniciativas ESG);
2. Saber persuadir e influenciar o board sem o poder de execução direta, promovendo acordos coletivos;
3. Dominar as boas práticas de governança e contribuir para o fortalecimento da transparência e da integridade organizacional;
4. Balancear sua visão analítica para identificar riscos com a capacidade de, ainda assim, explorar oportunidades estratégicas;
5. Apropriar-se de temas como transformação digital, sustentabilidade e diversidade para trazer uma visão moderna ao conselho;
6. Simplificar conceitos financeiros complexos para públicos diversos no conselho;
7. Estabelecer confiança e credibilidade com outros membros do board.

Traçando o caminho para o Conselho

Ingressar em um conselho de administração é um marco significativo para qualquer CFO. Para garantir um lugar à mesa, é necessário que o executivo adote uma abordagem proativa e estratégica, cultivando habilidades, conexões e uma reputação que reflitam sua capacidade de contribuir para os desafios do conselho.

Um dos passos mais importantes é construir uma rede de relacionamentos sólida e relevante no setor. O networking deixa de ser um exercício pontual e se transforma em uma prática contínua. Participar de eventos especializados, buscar interações significativas com líderes e conselheiros experientes e manter-se visível em fóruns relevantes são estratégias essenciais. Essa troca constante, além de proporcionar aprendizado, aumenta as chances de ser considerado para posições de destaque em conselhos.

Outro aspecto fundamental é a busca por capacitação em governança corporativa. Formações renomadas, como as do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), são um ponto de partida importante para adquirir esse repertório. 

Um CFO que aspira a uma cadeira no conselho precisa também dedicar atenção especial à construção de sua marca pessoal. Em um ambiente onde credibilidade e influência são determinantes, ser reconhecido é fundamental. Participar de discussões sobre tendências do mercado e expor insights relevantes em plataformas como o LinkedIn pode ser uma excelente estratégia para ampliar a sua autoridade no tema, e reforçar a percepção de valor que um CFO pode trazer ao conselho.

Tendências para 2025: O que esperar?

O papel dos conselhos de administração está mudando, e os CFOs estão na linha de frente dessa transformação. Quais tendências devemos esperar para 2025?

Maior diversidade nos Conselhos

Entre 2023 e 2024, houve um aumento de 9% na presença de mulheres com histórico financeiro em conselhos, e a expectativa é de que esse número continue subindo. Essa mudança reflete um movimento global por Conselhos mais inclusivos, que agregam diferentes perspectivas às decisões.

Cenário macroeconômico desafiador no Brasil

O ambiente econômico brasileiro continuará apresentando desafios significativos nos próximos anos. A piora da percepção fiscal e as taxas de juros elevadas terão um impacto direto nas decisões empresariais. Nesse contexto, os CFOs desempenharão um papel crítico em processos como fusões e aquisições (M&A), reestruturações e na gestão de riscos financeiros em um cenário de incertezas.

Demanda por lideranças técnicas com visão ampla

Em tempos de crise global, como os conflitos geopolíticos e as mudanças  climáticas, a habilidade de conectar o impacto financeiro com questões sociais e ambientais será fundamental. O futuro dos conselhos exigirá profissionais que compreendam a complexidade desses desafios e saibam transformá-los em oportunidades estratégicas - e o CFO é a chave para isso.

Em um cenário de transformação digital e inovação constante, o CFO se posiciona como a ponte entre a estabilidade financeira e a ousadia estratégica, tornando-se um candidato natural para integrar o conselho. Mais do que uma evolução de carreira, essa transição representa uma oportunidade única de deixar um legado e redefinir a forma de contribuir para o sucesso das organizações.

E você, como vê o papel do CFO no conselho em 2025? Compartilhe suas experiências e percepções nos comentários.