Autoconhecimento: significado, como ter e na prática
O que é autoconhecimento
O autoconhecimento é a capacidade que temos de entender nossa personalidade e o que motiva as emoções que sentimos. Conhecer a si mesmo possibilita prever como reagir a determinadas situações, interpretando os sinais que a mente nos dá, para assim, quebrar padrões de comportamento destrutivos e elaborar novas formas vantajosas de viver a vida.
Importância do autoconhecimento
O autoconhecimento pode aparentar ser uma característica inacessível, e é comum que não saibamos do que se trata, apesar do termo estar se popularizando nos últimos anos, na área da saúde mental.
"Como a própria palavra já diz, autoconhecimento é o conhecimento da pessoa em relação a si mesma", explica a psicóloga Joana D'Arc Sakai.
Segundo a psicóloga Adriana de Araújo, ter consciência da própria identidade nos faz entender o que motiva as nossas emoções.
"Mais do que reconhecer que você está com raiva, é importante saber a intenção desse sentimento. Às vezes, uma sensação pode estar associada a uma experiência passada, ou a algo que estejamos vivendo no presente", afirma.
Quem conhece a si mesmo também é capaz de respeitar os próprios limites, delimitando o que gosta ou não. Joana Sakai também aponta que o autoconhecimento implica em um maior controle das emoções, o que nos faz lidar com sentimentos negativos, sem que eles nos dominem.
Benefícios do autoconhecimento
Além de ter um melhor convívio consigo mesmo, a pessoa que se conhece também aprimora seus relacionamentos interpessoais.
"Ações mais coerentes, articulações fundamentadas e postura crítica consistente são algumas das características que potencializam nossos vínculos sociais. Todas elas são consequências do autoconhecimento", afirma Joana Sakai.
Estes fatores colaboram para a criação de uma persona segura, autônoma e assertiva, visto que a compreensão da própria essência nos prepara para as adversidades do dia a dia.
O autoconhecimento também altera nossa forma de enxergar a vida: "Quando nos conhecemos, assumimos a responsabilidade por nossas atitudes, sem esquecer de reconhecer o mérito de nossos esforços", diz a psicóloga Milena Lhano.
A consciência de nossa identidade nos faz sentir merecedores de nossas conquistas. O contrário disso faz com que tenhamos uma visão distorcida da realidade.
Autoconhecimento no tratamento de distúrbios emocionais
Quando sofremos com a ansiedade ou depressão, é comum que queiramos apenas nos livrar dos sintomas. Os distúrbios emocionais nos desanimam, retiram a nossa energia para completar as tarefas mais simples, e de modo geral, nos fazem enxergar o mundo por lentes monocromáticas.
Reduzir sentimentos incapacitantes como a tristeza é uma ação importante, entretanto, Adriana de Araújo esclarece que é necessário analisar o que estamos vivendo no momento, para entender a origem de nossas angústias, e assim, solucionar os problemas.
É nessa hora que o autoconhecimento pode ser útil. A especialista esclarece: "Imagine uma pessoa que está vivenciando sintomas de ansiedade por conta de seu trabalho. Mais do que 'eliminar' os sintomas do distúrbio, ela deve questionar-se sobre o que está havendo em sua carreira. Pode ser sobrecarga ou falta de conhecimento", diz Adriana.
Independente do que for, o ato de fazer perguntas a si mesmo já é um método de autoconhecimento. "É absolutamente muito simplista achar que nossas dificuldades emocionais serão curadas ao 'arrancarmos' os sintomas que sentimos", conclui.
Por onde começo a me conhecer
Segundo Adriana, a psicoterapia é a maneira mais segura de iniciar o processo de autoconhecimento, visto que o aparato técnico de um especialista é capaz de fornecer um suporte emocional adequado para as pessoas. Entretanto, isso não significa que você não pode se descobrir por conta própria.
"Meditação, questionamentos filosóficos e até mesmo conversar sozinho ou com os amigos são formas de se introduzir ao autoconhecimento", afirma Adriana.
Joana Sakai alerta que quanto mais vasculharmos a nossa essência, maiores serão as chances de nos sentirmos frustrados com quem somos. Portanto, é necessário cautela ao nos questionar. Acolher a si mesmo e entender nossas limitações deve fazer parte do processo.
O que perguntar a si mesmo na hora de se conhecer
A base do conhecimento da própria identidade vem do questionamento. Nem sempre as respostas serão agradáveis ou verdades absolutas, visto que estamos em constante mudança. Porém, criar um espaço na rotina para a reflexão possibilita valiosos aprendizados.
De acordo com Joana Sakai, existem perguntas que podem nos guiar no processo de autoconhecimento. Veja quais são:
- Quem eu sou?
- O que eu desejo?
- Quais são os meus objetivos a curto e longo prazo?
- Como eu reajo diante de circunstâncias que me desagradam?
- Como reajo diante de sentimentos como a raiva e frustração? De modo agressivo ou pacífico?
- Consigo controlar minhas emoções diante de situações que contrariam meus desejos?
- O que me faz bem e quero manter?
- O que me causa mal-estar e quero eliminar?
As respostas para estes questionamentos podem não estar claras, em um primeiro momento. Portanto, caso seja necessário, busque a ajuda de um especialista.
É importante reiterar que o objetivo das reflexões é proporcionar uma linha de raciocínio que traga bem-estar e conforto diante de situações desafiadoras. Ao entendermos quem somos e o que desejamos, é possível traçar planos de ação que nos levem aos nossos objetivos.