AUTONOMIA, o ingrediente secreto para a alta performance
Podemos afirmar que a gestão, como conhecemos e praticamos atualmente, é um modelo ultrapassado criado no século XIX. Estamos no século XXI. A sociedade já passou por diversas mudanças ao longo desse tempo.
O mundo evolui constantemente, então por que o modelo de gestão não acompanhou? Por que continuamos utilizando o mesmo padrão de séculos atrás? Será que ainda ele ainda é efetivo?
E isso não precisa estar relacionado somente ao mundo dos negócios, mas à vida pessoal também. O modo como gerenciamos o tempo, as tarefas diárias, as conversas cotidianas… Nossas ações são moldadas por aquilo que aprendemos com a gestão da Era Industrial.
Sendo assim, ao longo deste artigo, quero desconstruir essa ideia velha para que você entenda a importância da autonomia e do quanto o conceito de gestão está ultrapassado.
Gestão Como Ferramenta de Controle
Frequentemente esquecemos que a gerência não é algo natural, nem um dom criado pela natureza para nos favorecer. Não é como uma árvore ou um rio. Ela é como um computador ou uma bicicleta. Como tal, foi inventada pelo ser humano para suprir uma necessidade.
Gary Hamel, autor do livro O Futuro da Administração, é um dos gurus mais respeitados no mundo da gestão e traz a ideia de que a gerência é uma tecnologia.
Temos ainda Daniel Pink, escritor de Motivação 3.0, autor e consultor na área de motivação. Ele afirma que a motivação nada mais é do que uma tecnologia que se tornou defasada.
Embora observamos que algumas organizações vêm fazendo adaptações em seu modelo de gestão — enquanto outras tantas ficam apenas no discurso —, a gestão não mudou muito em 100 anos.
O que prevalece ainda é o controle, os motivadores externos. Tais condições deixam a gestão fora de sintonia com as capacidades não rotineiras, típicas do lado direito do cérebro, como a criatividade, uma das soft skills mais requeridas atualmente.
Assim, a prática da gestão baseada na ideia de que, para agir ou seguir em frente, precisamos de um empurrão, não é algo efetivo. Não precisamos de recompensas ou punições para seguirmos em frente.
Afinal, será que essa é, de fato, a nossa natureza? Ou, utilizando uma linguagem do mundo digital, será que esse é o “contexto default”? Aliás, será que realmente estamos instruídos a ser passivos e inertes ou fomos programados para ser ativos e envolvidos?
A resposta para esses questionamentos é bem simples: somos seres curiosos e auto dirigidos. É nosso modo particular de ultrapassar limites e derrubar barreiras que, por vezes, são construídas por medos e inseguranças.
Autonomia e a Quebra de Paradigmas
Aqui, cabe destacar que, se aos 20 ou 50 anos, somos passivos e estáticos, não é por conta da natureza humana. Na verdade, é porque algo do ambiente que nos rodeia ativou um contexto padrão.
A gestão como conhecemos é esse “algo”, pois tende a modificar a natureza básica do indivíduo. Além disso, faz com que reproduzamos comportamentos “padrões” de passividade e inércia.
Nesse contexto, é impossível falar de autonomia sem abandonar comportamentos enraizados e “quadrados”.
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É necessário resistir à tentação de controlar as pessoas e a nós mesmos. Em vez disso, devemos fazer o possível para reavivar o comportamento de curiosidade e auto direção, que são os pilares da autonomia.
A qualidade fundamentalmente autônoma do ser humano é essencial para a Teoria da Autodeterminação, já que envolve um comportamento com total senso de vontade e escolha.
Contudo, é importante mencionar que autonomia é diferente de independência, pois não se trata do individualismo extremo. Como um conceito humano, ela é sinônimo do agir com critério. Isso significa que podemos ser, ao mesmo tempo, autônomos e interdependentes.
A Autonomia e o Bem-Estar
Estudiosos acreditam que a autonomia é algo que as pessoas buscam para melhorar determinados aspectos da vida. Afinal, ela exerce um efeito poderoso sobre nosso desempenho e nossas atitudes individuais.
Uma pesquisa feita pela Cornell University, por exemplo, analisou o comportamento organizacional de 320 empresas. Do total, metade das instituições oferecia autonomia aos funcionários. As demais se sentiam seguras com top down ou comando e controle.
No estudo, verificou-se, ainda, que as empresas que ofereciam autonomia cresceram quatro vezes mais do que o índice apresentado por aquelas que preferiam continuar no comando, controlando seus colaboradores.
Desse modo, a gestão que praticamos hoje parte do pressuposto de que as pessoas são mais marionetes que protagonistas. Ela está sustentada na supervisão, no jogo de recompensas e em outras formas de controle como “empoderamento” e “flexibilização”.
A noção de “empoderamento” está baseada no entendimento de que a organização detém o poder e, de maneira boazinha, cede uma parte dele para os funcionários, os quais ficam agradecidos pela atitude.
Outro exemplo é que as pessoas continuam tendo que cumprir um horário flexível, religiosamente. Uns continuam batendo ponto, outros são supervisionados diretamente pelo gestor. No entanto, esta flexibilidade apenas alarga as grades e, de vez em quando, abre os portões.
Assim, empoderamento e flexibilização são exemplos de controle disfarçado.
A autonomia está diretamente ligada à capacidade de empreender, de fazer acontecer, de tornar você protagonista da sua própria vida e das decisões que toma, de fazer parte do todo.
Esqueça a Gestão, Abra Espaço Para a Autonomia
Como pudemos observar, a gestão não é a solução. Na maioria das vezes, é o problema. Por isso, já passou do momento de pegar o conceito de “gestão” que conhecemos e incinerá-lo, jogá-lo às cinzas.
A realidade clama não por uma gestão melhor, mas por uma liderança. Está claro o renascimento do auto direcionamento, ou seja, da autonomia!
Presidente do Conselho | Senior Advisor | Conselheiro | Palestrante | Mentor | Varejo | ESG | Startups | Capitalismo Consciente | Autor do Livro "A estratégia do varejo sob a ótica do Capitalismo Consciente"
2 aValerya Carvalho pois é, enquanto estamos lidando com millenials e Gen Z e daqui a pouco com geração Alpha, eles vem com o chip do Propósito ativado e esperam trabalhar alinhados por valores e tendo líderes que darão a eles algo para acreditarem e não simplesmente algo para executarem. Há uma grande parte das empresas olhando no passado. Por isso, seu texto abrange muito bem que o modelo de comando e controle hierarquizado, insistem e reclamam que as novas gerações são desmotivadas e não engajadas. Exercer uma liderança consciente não é levar as pessoas nas costas e fazer as coisas por elas, mas levá-las no coração e mostrar o caminho a seguir. Na dúvida o Capitalismo Consciente Brasil pode ajudar a transformar o jeito de se fazer Investimentos e negócios no Brasil.
BMV GESTORA DE CAPITAL NATURAL | ESG ABNT PR2030 | FINEP SUBVENÇÃO ECONÔMICA | Benefícios Seguro Saúde Cibernético Vida Odonto Vacinas
2 aValerya Carvalho parabéns pela simplicidade e objetividade do texto. E sua conclusão, que reproduzo abaixo, espero que balance as crenças e faça a diferença para os seres pensantes. "Como pudemos observar, a gestão não é a solução. Na maioria das vezes, é o problema. Por isso, já passou do momento de pegar o conceito de “gestão” que conhecemos e incinerá-lo, jogá-lo às cinzas.""
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2 aLegal! #betacodex
Provocações e a Tia Filó | BetaCodex Member
2 aFicou muito bom, Valerya.