Avaliação de impacto e ESG: fundos sofisticam suas metodologias
Investir em empresas requer o monitoramento de métricas que indiquem o seu retorno financeiro. Realizar essa avaliação é prática comum a qualquer fundo de investimento. Mas o que acontece quando a essa análise se adicionam indicadores ESG e de impacto socioambiental?
Nesse caso, tudo se torna mais complexo. As metodologias para mensurar o retorno de um investimento em um negócio para a sociedade como um todo ainda não estão 100% estabelecidas e têm sido aprimoradas continuamente por diversos players.
Mais do que isso, não há uma única solução plug-and-play de mensuração de impacto e ESG que pode ser aplicada universalmente a todos os negócios. Afinal, cada um se propõe a gerar diferentes impactos positivos na sociedade. A avaliação de uma empresa que atua em educação para alunos de baixa renda não pode ser a mesma de uma que atua com diagnóstico precoce de pacientes oncológicos, por exemplo.
Em matéria recente, o Valor explica como dois fundos de investimento de impacto - a GK Ventures e a Vox Capital - estão sofisticando suas próprias metodologias. Em ambos os casos, a lógica é essencialmente a mesma. Reunimos abaixo os principais pontos considerados nessa construção.
Em primeiro lugar, todo o processo precisa ser individualizado, pelos motivos expostos acima. Junto a cada empresa investida, é preciso aplicar a Teoria da Mudança (que mapeia objetivos a serem atingidos e resultados previstos) e construir indicadores adequados.
Em seguida, é preciso decidir como monitorar esses indicadores. Processo que não costuma ser simples ou barato.
Por exemplo, como avaliar objetivamente (e traduzir em valores financeiros) o impacto do diagnóstico precoce de pacientes oncológicos utilizando-se de inteligência artificial? Avaliação que deve considerar o impacto não apenas sobre a vida dos pacientes, mas também de familiares?
Finalmente, assim como a construção e monitoramento desses indicadores, a sua análise também deve ser individualizada.
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Cada fundo de investimento de impacto mencionado pela matéria do Valor tem desenvolvido metodologias que seguem a lógica acima, mas com suas peculiaridades.
No caso da GK Ventures, a gestora se uniu ao Insper Metricis (núcleo de medição para investimentos de impacto socioambiental do Insper) para criar o Guia de Monetização de Impacto Socioambiental. Sua ideia central é mostrar o valor gerado à sociedade por cada R$ 1 investido em um portfólio ou empresa.
A Vox Capital, que faz análises de impacto desde 2009, segue as boas práticas recomendadas por órgãos como The Impact Management Platform e Global Impact Investing Netword (GIIN). O fundo inclui avaliações qualitativas, por meio de Focus Groups e entrevistas individuais com usuários.
Mensuração de impacto e ESG é um tema intrinsecamente complexo. Some-se a isso os fatos de que poucas empresas medem o seu impacto e de que não há uma obrigação regulatória nesse sentido. E uma padronização de avaliação e relatório de impacto não é factível pelos motivos explicados.
Assim, cada player do ecossistema de impacto socioambiental e ESG precisa criar suas metodologias.
Nesse sentido, o compartilhamento de melhores práticas e a parceria com institutos acadêmicos e de pesquisa são vitais. Tanto para o desenvolvimento de melhores ferramentas de mensuração, como para a criação de relatórios claros e precisos que divulguem de maneira assertiva o valor que negócios de impacto ou que integram ESG à sua gestão geram para a sociedade.