A Barreira Linguística destruirá a carreira dos brasileiros?
Nunca pensei em escrever um artigo para o Linkedin até algumas semanas atrás quando estava trabalhando como intérprete, e ouvi de um americano: "nós temos grandes planos para ele, mas ele não consegue aprender inglês!". Isso não é um publi-editorial, nem mesmo uma tentativa de me promover, mas uma curiosidade que gostaria que fosse debatida.
Não saber um idioma deveria ser fator definidor da carreira de um profissional de excelência?
Eu me vejo em uma encruzilhada pessoal pois, por um lado, sou professor de língua inglesa e examinador de Cambridge, ou seja, trabalho para um mundo com mais pessoas fluentes. Do outro, sou tradutor-intérprete, e tenho trabalhos devido a essa "deficiência" do mercado. Esse comentário do estrangeiro me fez se perguntar sobre isso.
Na minha vida acadêmica na área de linguística estuda-se que a aquisição de língua é feita naturalmente enquanto criança e que, após essa fase, a aquisição acontece de outra forma no cérebro (sem muitos detalhes pois não é a questão do artigo). Logo, aprender outra língua não é mais natural, mas sim um esforço tal qual aprender um esporte, uma profissão ou um instrumento musical.
Só que se eu não consigo aprender futebol, também há aqueles que não conseguem aprender línguas. É muito comum ver pela internet alguns artigos falando sobre as sete ou oito inteligências divididas em: Linguística, Lógica-Matemática, Corporal-Cinestésica, Naturalista, Espacial, Musical, Interpessoal e Intrapessoal. Essas divisões mostram que certos grupos de pessoas têm maior facilidade com uma área do conhecimento que outras. Então, pode-se afirmar que não conseguir falar outro idioma não é uma incompetência profissional, e sim uma limitação natural.
E nessa linha de pensamento, o que vi foi o Neymar das vendas (o americano não parou de elogiá-lo) tendo sua carreira travada pelo simples fato de não conseguir aprender uma língua. Será que esse deve ser o fim da carreira de um profissional? Mesmo sendo o melhor da empresa em sua área? Debati com o VP para quem trabalhava que há muitas pessoas que não conseguem aprender uma língua e que havia outras soluções como secretárias bilíngues, tradutores in-company ou mesmo um profissional do departamento que seja fluente agindo como intérprete e, para minha surpresa, a resposta foi que ele nunca tinha cogitado essas soluções para o "problema" e que pensaria sobre o caso. Me pareceu que eles (leia-se estrangeiros) pressupõem que quem não fala inglês simplesmente não se esforça para aprender, e que a única alternativa é subsidiar um curso de língua e, não dando certo, procurar outro profissional.
Tenho um exemplo na minha família, meu pai foi um profissional muito competente na área de logística que não teve sua ascensão profissional por não saber inglês (apesar de ter estudado em mais de dez escolas diferentes) e, trabalhando na área da educação de segunda língua vejo essas limitações em muitos profissionais e me pergunto, o que seria o correto? Uma empresa multinacional atuando no mercado exterior exigir que todos falem inglês ou ela se adaptar a língua daquela região? Realmente essas são as duas únicas alternativas?
Não sei quantos lerão esse artigo, mas gostaria de saber. Quem deve se responsabilizar pela barreira linguística, o profissional, a empresa ou os dois em conjunto?
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7 aUm exemplo real: detinha todos os quesitos para atuar como gerente de projetos através de uma consultoria estrangeira no país, os projetos seriam somente no Brasil, a fluência do idioma inglês era algo deficiente e, por isso, a contratação foi rejeitada. Esclareceram que era FUNDAMENTAL pois mensalmente haveria uma reunião virtual de 1 hora com integrantes da consultoria no estrangeiro... ou seja, a cada mês 159 h de português e 1 h de inglês... e lá se foi a oportunidade...
Diretor Desenvolvimento de Negócios/Diretor Gestão de Vendas, Marketing vendas consultivas e técnicas no B2B. Engenharia Industrial, Oil&Gas, Gestão equipes, exportação, montagens industriais, avaliações de custos....
7 aComplementando, você pode ser fluente..mas se parar de falar no dia a dia... deixa de ser fluente..pensou segundos para completar a frase não é fluente mais..certo professor??
Diretor Desenvolvimento de Negócios/Diretor Gestão de Vendas, Marketing vendas consultivas e técnicas no B2B. Engenharia Industrial, Oil&Gas, Gestão equipes, exportação, montagens industriais, avaliações de custos....
7 aPenso que as empresas devem ser adaptar ao mercado que está operando..portanto os caras de fora deveriam aprender o idioma local.. Vá para a Europa e somente fale ingles..você será muito melhor recebido se arranhar a língua nativa como o Alemão se for para lá, Frances se for para a França, Espanhol se for para Espanha, Italiano se for para Italia, porque eles dão muito valor a sua língua nativa..Agora a bem da verdade virou um pouco de MODISMO NO PAÍS EXIGIR INGLES PARA QUALQUER POSIÇÃO..AMIGOS A EMPRESA ESTÁ GANHANDO DINHEIRO EM NOSSO PAÍS..DEVERÍAMOS VALORIZAR O QUE É NOSSO..é meu pensamento.
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8 aGostei da questão em debate. Eu acredito que, em muitas áreas, o tradutor não conseguiria assumir o papel do profissional por faltar a ele (tradutor) o conhecimento específico daquela determinada área e as habilidades que levaram o profissional ao cargo que ocupa. Todas as situações de argumentação e liderança ocorrem por meio da linguagem verbal. Portanto, para empresas e cargos que realmente necessitam da comunicação em L2 no dia a dia dos negócios (descarto aqui empresas que usam o inglês apenas como critério de seleção), ter um profissional que não a domine é como ter um profissional mudo. Posso até estar exagerando no comparativo, mas, há pesquisas que mostram que profissionais das áreas gerenciais e diretivas das empresas, no geral, tem um controle linguístico maior do português. Acredito que o mesmo deve ser aplicado a L2 - quão maior a posição na escala da "cadeia alimentar" corporativa, maior deve ser o domínio de L2.