A bela viola

Eu entro pelo corredor e vejo salas com o nome dos valores da organização. No café transformado em espaço de descompressão, a história da empresa que começou de forma tão ousada e irreverente e que hoje se acomoda.

Frases espalhadas pelas paredes, mural de compromisso assinado por todos os colaboradores. Part time day às 6as feiras. 

Transparência nos vidros, espaços abertos e pouco hierárquicos. Tudo muito bem, tudo muito bom. Tudo como deve ser. Um case à vista de boa gestão do capital cultural? 

Entre quatro paredes, porém, a vida não está nada fácil para o grupo de líderes que entrevisto.

Executivos sofrendo com discursos diferentes da prática - o que gera insegurança. Premiações e promoções acontecendo para profissionais com comportamentos dissonantes do desejado - o que gera desconfiança e frustração. 

Fico pensando: quanta energia produtiva escoando pelo ralo nas relações?

Sim, essa empresa investiu em lapidar sua identidade, definiu sua cultura desejada, materializou e espalhou símbolos pelo seu espaço, criou rituais. Fez tudo certo. O que está faltando e que está colocando tudo a perder?

Nada fácil gerenciar cultura, este ativo intangível que existe - quer você queira ou não - e que pode levar uma organização ao céu ou ao inferno se não cuidada.

Desafio é mudar e sustentar a mudança nos comportamentos da liderança.

Desafio é fazer escolhas difíceis e abrir mão de resultado a qualquer custo.

Desafio é trabalhar resiliência nos líderes e investidores.

Desafio é testar os valores nos tempos de vacas magras.

Desafio, minha gente, é de coerência. É fazer o Pensar das lideranças andar junto com seu Agir no mundo.

O que você tem visto, na sua organização, que ajuda na construção desse espaço de integridade?