Biotecnologia como alternativa para a produção de energia renovável
A biotecnologia permite a utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para produção de energia a partir de recursos renováveis, como a biomassa da cana-de-açúcar, dejetos da suinocultura, avicultura e da vinhaça.
A utilização de fontes alternativas de energia é umas das grandes prioridades atuais, e será uma aposta das empresas pós-crise do coronavírus, visto que contribui significativamente para contornar os graves problemas socioambientais ocasionados pelo desenvolvimento tecnológico. A preocupação com o meio ambiente tem estimulado o mercado mundial do setor energético a buscar novas formas de produzir energia limpa.
A demanda por energia limpa e recursos renováveis encontra-se em contínuo crescimento, tão quanto a economia global e a população. Embora a busca por fontes de energias alternativas e renováveis ganhe interesse social e económico no cenário mundial, a matriz energética mundial é predominante de fontes não renováveis, como o petróleo, carvão e gás natural, como pode ser verificado na figura abaixo (ano 2016):
Fonte: IEA, 2018 apud EPE, 2020.
Fontes renováveis como solar, eólica e geotérmica, por exemplo, juntas correspondem a apenas 1,60% da matriz energética mundial, assinaladas como “Outros” na figura. Somando à participação da energia hidráulica e da biomassa, as renováveis totalizam 14%, segundo a IEA, apenas 26% da energia elétrica consumida em 2018 veio através de fontes renováveis.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial, usamos mais fontes renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, nossas fontes renováveis totalizam 42,9%, quase metade da nossa matriz energética, como mostra a figura abaixo (ano 2017):
Fonte: BEN, 2018 apud EPE, 2020.
A matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial, o que coloca o país numa posição de destaque nessa área. O Brasil por suas características de país tropical e extenso território apresenta condições inigualáveis para ocupar um importante papel neste segmento. As fontes não renováveis de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE).
A matriz elétrica brasileira é ainda mais renovável do que a energética, isso porque segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), grande parte da energia elétrica gerada no país vem de usinas hidrelétricas (65,2%), seguida do gás natural (10,5%), a biomassa (8,2%). A energia eólica e solar (6,9%) também vem crescendo bastante, contribuindo para que a nossa matriz elétrica continue sendo, em sua maior parte renovável.
As fontes de energia renovável que mais cresceram nos últimos anos foram a solar e eólica. Na região nordeste, cerca de 89% de toda a energia consumida vem dos ventos (ano 2019). As projeções da EPE apontam que de 1,2% hoje, a energia solar deverá saltar para 10% de participação na matriz elétrica brasileira até 2030.
Não obstante, outras fontes ainda pouco exploradas são uma alternativa para ampliar a matriz de fontes de energias renováveis no país. A biotecnologia com utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para produção de energia a partir de recursos renováveis, como a biomassa da cana-de-açúcar, dejetos da suinocultura, avicultura e da vinhaça, tem um grande potencial a ser explorado.
De acordo com os dados da Aneel (data 30/09/19), a biomassa representa apenas 0,096% dos micro e minigeradores no Brasil. Conforme Fábio Amato (G1 - Brasília), para permitir o desenvolvimento de novas fontes de energia no Brasil, o governo vem, há mais de dez anos, concedendo benefícios a quem compra energia de usinas eólicas (vento), solares (sol) e de biomassa (queima de material como bagaço de cana para geração de energia). A medida deu certo.
A principal força propulsora do crescimento da demanda por energia renováveis será a pressão social pela substituição de combustíveis fósseis por fontes mais limpas. A biotecnologia por meio da agroenergia pode ser uma solução tanto ambiental quanto económica, uma vez que a mesma é produzida a partir da biomassa. O Brasil tem um grande potencial para explorar essa fonte de energia renovável, tão como um desafio de dar acesso à energia elétrica a quase 1 milhão de brasileiros.
O covid-19 deixou ainda mais amostra as desigualdades sociais presentes em todo mundo, dentre elas: o acesso à energia elétrica. A pandemia do coronavírus evidenciou a necessidade da utilização de fontes de energia renovável, como a luz do sol ou o vento, fontes gratuitas e de grande abundância em algumas regiões.
Os equipamentos para explorar essas fontes podem ser instalados rapidamente e gerar a energia que carecem as comunidades sem acesso à rede elétrica, especificamente durante um período de isolamento social mundial. Apesar de requerer altos investimentos para sua instalação, segundo os especialistas do setor, o investimento é diluído durante o tempo, já que a matéria-prima para sua produção é gratuita, especialmente a solar e eólica.