BIOTECNOLOGIA OU ROBÓTICA: QUAL A MELHOR MANEIRA DE VIVER MAIS?

O programa “FANTÁSTICO”, da Rede Globo, apresentou ontem, dia 17 de setembro de 2017, uma reportagem mostrando duas vias pelas quais alguns cientistas intentam prolongar a vida humana: uns planejam transferir a mente de uma pessoa para um robô enquanto outros querem alterar o DNA.

Sobre esse instigante assunto, gostaria de fazer a seguinte reflexão: está claro que o primeiro grupo de cientistas – ao pretender fazer uma espécie de “download” ou “upload”, dependendo de como se veja a questão – da mente humana para uma máquina, pressupõe que a mente está no cérebro ou, dito de outro modo, que o cérebro é a própria mente humana. Mas, quem disse que a mente é o cérebro? Quem disse que os pensamentos, a vontade, a consciência são apenas reações químicas e correntes elétricas cerebrais? O cérebro não poderia ser apenas um instrumento da mente, através do qual ela age e aprende? E, sendo o cérebro um meio de ação da mente, as reações químicas e as descargas elétricas não seriam apenas manifestações, correspondências biológicas da atividade mental?

Se é assim, então a pretendida transferência de mente será uma mera digitalização dos impulsos elétricos gerados no cérebro. No máximo, teremos uma cópia de memórias e, talvez, de “traços” de personalidade. Porém, quem garante a consciência da pessoa será mesmo preservada na máquina? Qual a certeza de que os pensamentos, as ações e as decisões do humano cibernético, ou do robô humanizado, serão as mesmas que a pessoa teria se tivesse continuado viva? Para organizar, e até completar, esses dados, quanto das lacunas geradas deveria ser “preenchido” por um software? Então, ainda seria a mesma pessoa? Provavelmente, não.

Analisando mais a fundo, vejo que há uma outra premissa, subjacente nisso tudo, a qual os próprios cientistas provavelmente não perceberam, ou seja, já que eles assumem que a mente pode ser transferida para um outro corpo, então presume-se que ela não depende do cérebro para existir. Logo, o cérebro não é a mente. Ele apenas abriga a mente, servindo-lhe de instrumento. Portanto, a mente está para além do cérebro. Assim, a consciência seria capaz de sobreviver à morte do corpo.

E quem garante que isso já não ocorre naturalmente, independentemente da ciência?

Por tudo isso, creio ser muito mais factível prolongar a vida humana através da biotecnologia. Todavia, não será tudo um mar de rosas. Pois, não há segurança alguma de que novas formas de eugenia e de segregação baseadas no DNA e respaldadas pela ciência, como já aconteceu no passado, possam surgir.

Apesar de toda a boa intenção – no caso, o prolongamento da vida biológica humana e o tratamento mais eficiente e eficaz de doenças, sobretudo as degenerativas –, todos esses estudos podem gerar brechas, através das quais podem ser justificadas novas formas de ditaduras, bem mais terríveis do que tivemos ao longo da História. O futuro não é tão florido como se pensa.


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