Blockchain & Tokenização

Iniciativas de tokenização, ou seja, de criação de ativos digitais ou de representação de ativos físicos no mundo digital, se beneficiam das propriedades da Blockchain intrínsecas as criptomoedas, para rastreabilidade da origem dos ativos, forte mecanismo de consenso para consumar operações e capacidade de melhor compensação, liquidação e gerenciamento das transações para acelerar mercados existentes ou possibilitar novos mercados, como comentei em meu artigo.

A convite da Casa Firjan realizamos em parceria com o #ecoapucrio o evento "Blockchain e a revolução do mercado financeiro: os impactos das criptomoedas na economia", onde explorarei diferentes aspectos da tokenização, que compartilho nesse artigo. A abertura do evento foi realizada pelo Iuri Campos, que apresentou a Casa Firjan e suas iniciativas.

A fundamentação histórica e base econômica das criptomedas, ficou por conta da ótima apresentação de Gabriel Aleixo, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) e chefe de pesquisa da QR Capital. Clique aqui para assistir na íntegra.

A Vanessa Almeida, do BlockchainLab do BNDES, buscou demonstrar que a aplicação de Blockchain vai muito além das criptomoedas, apresentando os projetos TruBudget e BNDES Token. Também compartilhou relevantes informações sobre eventos, mapeamentos, grupos de trabalhos e análises realizadas pelo Lab. Clique aqui para assistir a apresentação.

Partindo da metáfora de "máquina da confiança" da famosa capa da The Economist, reforcei a ideia de "distribuição poder" para consolidação do entendimento do propósito da tecnologia. Também utilizei o clássico exemplo primitivo de contrato inteligente de Nick Szabo, uma "vending machine", para ilustrar a proposta de uso das propriedades da Blockchain para tornar regras invioláveis e fluídas para o ambiente digital.

Entrando no tópico central deste artigo, defini um token como uma representação física ou virtual, cujas trocas podem ocorrer por diferentes meios (pessoa-pessoa, máquina-pessoa, etc.). Fichas de pôquer, milhas aéreas e notas de dinheiro são exemplos de fácil compreensão, que já existiam antes do surgimento do Bitcoin.

Os tokens também são utilizados no ambiente digital para representar dados e identidade de usuários, de forma a facilitar autenticações em serviços específicos. Por exemplo, o login social do Facebook emite para aplicativos terceiros tokens que encapsulam credenciais para entrada do usuário.

Porém, estamos especialmente interessados em tokens que representem valores quantificáveis de forma digital, pois a tecnologia de blockchain está reinventando o design, o uso e o valor dos tokens, elevando a ideia de tokenização para outro patamar. Nesse contexto, o valor do token é reconhecido pelo conjunto de pessoas ou empresas que desejem transacioná-los, não existindo valor no token em si, mas sim no que ele representa para esse grupo.

Partindo destas definições, o próprio Bitcoin ou as criptomoedas nativas de outras redes de Blockchain são na sua essência tokens. Assim como, tokens criados em redes previamente existentes. Em particular, esses tokens são agrupados de acordo com suas características, como se segue.

• Stablecoins são tokens (ou criptomoedas) cujo valor está diretamente atrelado a outros ativos de menor volatilidade, como uma moeda fiduciária (emitidas e reguladas centralmente pelos governos, como o euro, o dólar americano, renminbi chinês, dentre outras), uma mercadoria negociada publicamente, um portfólio de títulos públicos, dentre outras possibildiades. Essa natureza de token tem surgido como uma tentativa de trazer eficiência para as transações no ambiente digital, sem a grande volatilidade presente nas criptomoedas tradionais.
• Utility Token ou tokens de utilidade funcionam como um voucher e são muito utilizados em métodos de crowdfunding para financiar o desenvolvimento de um produto, serviço ou plataforma. Esse token confere o direito a utilização do que foi desenvolvido posteriormente, nas quantidades adquiridas.
• Security Tokens ou tokens de segurança dão aos seus titulares uma participação na entidade emissora, da mesma forma que um acionista possui uma participação em uma empresa de capital aberto. Em particular, quando o token também confere o direito a voto nas decisões das empresa, o token pode ser chamado de Equity Token.

A possibilidade de associar regras, condições, validações e automações a cada transação de token, conferida pela Blockchain com suporte a Contratos Inteligentes, cria a ideia de "dinheiro programável". Em outras palavras, transparência e descentralização de poder que viabilizam o surgimento a captura de oportundidades de negócio.

Um exemplo clássico, é o ICO (Initial Coin Offering), oferta inicial de um token em troca de criptomoeda. O acrônimo é análogo à compra de uma ação em uma oferta pública inicial (IPO). Um grande volume de empresas se viabilizou financeiramente, de forma descentralizada, através de ICO. No entanto, os empreendimentos apoiados falharam a uma taxa alta. Uma análise feita por pesquisadores da Boston College mostra que 56% das startups que fizeram ICO encerram suas atividades dentro de quatro meses após a oferta do token e a queda no valor das criptomoedas em 2018 acalmou essa febre.

"No entanto, as inovações em tokenização não esperaram o amadurecimento de soluções blockchain. O comércio digital e a intensa competição entre programas de fidelidade e recompensa impulsionaram uma nova geração de tokens, que se tornaram ferramentas poderosas para capturar oportunidades de negócios." (Gartner, 2019)

Clique aqui para assistir minha apresentação e as perguntas e respostas com participação do público que ocorreu na sequencia.

Agradeço mais uma vez o convite para o evento e convido a todos a se inscreverem no canal do #ecoapucrio no YouTube para acompanharem mais sobre esse universo da tecnologia.