Blockchain, um grande Cartório de Registro virtual

O tema é polêmico e interessante. Você acredita que é possível digitalizar todas as transações que acontecem no mercado imobiliário? Trazer todo o pool de negociações e de contratos para o digital? 

Por Rafael Zanim - 07/08/2022 20:54.

Hugo Pierre CEO Founder da Growth Tech explica que sim, e que essa digitalização pode ser aplicada nas três importantes etapas de um empreendimento imobiliário: Concepção, Incorporação e Distribuição.

De cara, o primeiro impacto dessa transformação é a descentralização e o mapeamento detalhado de todas as etapas. Desde o registro destes contratos, das relações e negociações com o Trade, da auditória e rastreamento dos processos e até da governança da operação. Bem-vindos, esse é o Blockchain.

Podemos dizer de forma mais simples e análoga que o Blockchain é um grande Cartório de Registro digital, tão seguro quanto os Cartórios de Registro de imóveis tradicionais.

Mas, com algumas vantagens é claro, desburocratizado, ágil e de fácil auditoria.

A segurança vem dos registros, que são feitos por cadeias de blocos com informações criptografadas, arquivos, fichas ou tokens, que podemos comparar no mundo físico com os bens imóveis ou as frações imobiliárias e suas matrículas.

No início esse assunto assusta um pouco, mas isso não é tão novidade assim para o mercado imobiliário. Já existem sistemas para cada etapa que abrange a construção, a compra e venda de imóveis. Para conhecimento segue alguns exemplos: o PROPLEDGERS que já está em operação, certifica a identidade digital dos atores, cria documentos e assinatura digitais. O REGISTRA FÁCIL já opera com registro de negócios e fatos no Blockchain. TOKENIZA que tokeniza os produtos e ativos permitindo a comercialização e, o ÓPTIME que faz toda a monitoração, gestão e back office dos negócios. Antes de usar qualquer serviço digital tenha o cuidado de checar sua procedência e se tem validade jurídica.

A provocação que fica é avaliar o funcionamento e a aplicação na prática. Ricardo Reis da Academia Ademi-Pr traz um bom contraponto. Ele lembra como o mercado ainda é tradicional e conservador.

“Os processos são lentos e os cartórios exigentes, outro ponto importante está no cidadão que enxerga os negócios imobiliários sempre com muita insegurança por envolver altos valores”, explica Ricardo.

Apesar desta insegurança percebe-se que o mundo está caminhando para esta inovação e para a tokenização de ativos, os motivos são justamente a transparência e a celeridade aos processos que hoje são morosos. Processos mais rápidos permitem uma maior liquidez para o mercado de imóveis.

Esse comportamento de compra já acontece nos mercados de fundos imobiliários. Quantos investidores PF ingressaram nesta modalidade nestes últimos dois anos?

1,5 milhões de investidores, esse é o número de pessoas físicas que negociaram cotas de fundos imobiliários na B3.

É possível imaginarmos um aumento de demanda para o setor imobiliário?

Sim, se os valores forem mais acessíveis teremos mais interessados em adquirir tokens dos empreendimentos. Um mercado com maior liquidez, tem como resultado empresas mais competitivas. Com custo de produção e de gestão menores e mais lançamentos de imóveis. Lembre-se que temos um déficit de moradia no Brasil e a corrida já começou.

Com certeza essa popularização é uma grande pedra no sapato para muitos que hoje atuam no mercado. E não dá para fazer previsões, mas é possível dizer que tudo que veio de novo até hoje ajudou a melhorar o que já existe.

Falta agora regulamentações e segurança jurídica para a popularização do Blockchain.

A GR21 alerta, legalmente só é proprietário de um imóvel quem possui matrícula registrada em um Cartório de Registro de imóveis.

É a regulação e a segurança jurídica que trará o mercado e o consumidor para esta nova etapa. CVM, Banco Central e SUSEP estão acompanhando todos esses movimentos, ainda não houve nenhuma mudança nas regras, acredito que já existem grupos de estudos dentro destas instituições para acompanhar e ajudar na transformação desse setor tão importante para economia nacional.

Esses dias assinamos uma escritura pública de compra e venda usando a tecnologia de assinatura digital, foi prazeroso para nós e deu tudo certo. Economizamos por não precisarmos viajar 300 km até a cidade onde o imóvel estava localizado.

E aí, sente-se seguro, otimista com toda essa inovação?

 Desejo sucesso e espero que esse texto tenha te ajudado a adquirir mais conhecimento.

Assista o bate papo na integra no canal da CBIC: A Digitalização do Mercado Imobiliário Brasileiro no Blockchain - YouTube

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