BNDES = Manutenção de Empregos
ECONOMIA
Recife, 23 de março de 2020, segunda-feira
CORONAVÍRUS BNDES anuncia medidas com foco na geração de caixa das empresas e na conservação de 2 milhões de postos de trabalho
Para garantir a manutenção de empregos
O BNDES lançou, ontem, iniciativas que somam R$ 55 bilhões para mitigar o impacto da crise do coronavírus, com foco na geração de caixa das empresas e na manutenção de dois milhões de empregos. O montante equivale a 91% de tudo que o banco emprestou no ano passado. As ações marcam a entrada do BNDES na estratégia do governo para lidar com a turbulência, o que incluiu o lançamento de quatro pacotes econômicos.
Das iniciativas anunciadas pelo banco, apenas R$ 5 bilhões representam efetivamente dinheiro novo. Este será o valor para ampliação de uma linha de crédito para capital de giro, as necessidades de recursos do dia a
dia. Serão contempladas desde microempresas até firmas de médio porte, com faturamento anual de até R$ 300 milhões. O limite de crédito foi elevado de R$ 10 milhões para R$ 70 milhões. As empresas terão carência de dois anos e cinco anos de prazo para pagar. O BNDES já orientou os repassadores a não cobrarem Certidão Negativa de Débitos para reduzir a burocracia.
As ações incluem ainda a suspensão do pagamento de juros e do principal por seis meses, de R$ 19 bilhões em financiamentos obtidos diretamente com o BNDES de grandes empresas, e de R$ 11 bilhões em operações para empresas menores contratadas junto a outros bancos. Estão incluídos empréstimos a setores como petróleo, infraestrutura, saúde, indústria e comércio.
Está prevista a transferência de R$ 20 bilhões do PIS/Pasep para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), medida que tinha sido anunciada semana passada pelo Ministério da Economia. O reforço de caixa no Fundo permitirá que o governo lance um novo saque de recursos, para colocar dinheiro nas mãos das famílias durante a crise. “As medidas são de extrema importância. São medidas iniciais e fazem jus ao S de social”, disse o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que participou da transmissão feita pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano sobre as ações.
Ao fim, Bolsonaro disse ter “orgulho do novo BNDES”, que adota ações “com cautela”. Montezano destacou que as medidas serão adotadas enquanto a crise perdurar. “É o começo de uma jornada, uma abordagem transversal. Todos os setores presentes na carteira de crédito do BNDES estão sendo beneficiados”.
Montezano afirmou que o BNDES vai cumprir sua função anticíclica, de estimular a economia em momento de turbulência. Perguntado se o pacote anunciado era tímido diante da magnitude da crise, lembrou que a origem da instabilidade não é financeira. “A comparação com a crise brasileira de 2014 e a imobiliária em 2008 quando o banco aumentou o volume de empréstimos tem de ser feita com muita cautela. Naquele momento, o epicentro da crise era financeiro. O remédio mais eficaz era financeiro. Agora é uma questão de saúde”.
Ainda assim, o banco, que já trabalha integralmente no regime de home office, avalia uma série de ações com foco setorial. Os primeiros segmentos que serão alvo são companhias aéreas, turismo, bares e restaurantes, além do crédito a Estados e municípios.
Montezano ressaltou que as iniciativas diferem do papel adotado pelo banco em governos anteriores. “Propomos suporte financeiro às companhias aéreas. O suporte setorial não será só para uma empresa. Não vamos escolher campeão [referência à política de campeões nacionais. Teremos produtos que abarquem as grandes empresas e as regionais. Os recursos não devem ser usados para pagar credores privados, e o dinheiro precisa ser usado para a operação brasileira”.
Outra iniciativa em estudo é a criação de fundos garantidores. A ideia é que sejam criados mecanismos para assumir o risco das empresas durante a crise. No caso de Estados e municípios, o banco avalia que é possível oferecer de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões. O trabalho será feita junto ao Tesouro Nacional.