A BOLA DE FUTEBOL - ESSE OBJETO JÁ FOI UM DIA UM SONHO DE CONSUMO.
Aí vem a minha pergunta. Porquê? O que está acontecendo que hoje não existe mais o interesse de uma criança ou de um jovem na busca por esse material que já foi um dia motivo de euforia, onde muitos nem dormiam, pensando no dia seguinte para poder fazer os primeiros movimentos com ela, dar o primeiro chute, dividir com um grupo de amigos um espaço da rua, do campinho de terra e mostrar o quanto aquele objeto redondo era tão importante para a sua vida. Muitas vezes você era intocável, pois era o dono da bola. O jogo seguia enquanto você estivesse com ela naquele espaço. Ela era o centro das atenções. Hoje, pobre bola de futebol. Por mais que a tecnologia tente deixá-la mais bonita e vistosa, continuam não a enxergando nas prateleiras ou talvez até deslocada para um canto ou espaço que não atrapalhe a visão de um moderno Iphone ou um Ipad de última geração. Hoje, minha querida e estimada bola, você é empurrada com a ponta dos dedos de uma mão em direção ao gol adversário. Mas, uma coisa eu percebi nesse tempo em que você foi desprezada, o quanto mudou o comportamento neuro-motor dessa nova geração. Fazer as conhecidas embaixadinhas, hoje é algo extremamente complicado, talvez com as mãos alguém consiga. Tocá-la com os pés em progressão está sendo algo muito delicado. Eu, como profissional da educação física, chego a pensar que hoje estamos precisando ensinar essa nova geração a caminhar, ensinar a pisar corretamente no chão, mostrar que andar e correr é o que o fará levar adiante, a realização de um sonho com uma bola nos pés. Minha querida bola de futebol, hoje sou um jovem, quase chegando aos sessenta anos, que tenho muito a agradecê-la pelo que fez por mim. Você me trouxe muitos momentos de felicidade. A saúde que tenho hoje devo parte aos movimentos que fiz, se deslocando e correndo atrás de você. Obrigado por tudo, bola de futebol. Só não vou perdoá-la por um motivo, ter entrado sete vezes no gol brasileiro em um único jogo, mas, pensando melhor, você não foi culpada, alguém não teve competência para impedi-la de seguir por sete caminhos diferentes.