Bom dia e Burnout.
Em meio a essa pandemia que estamos vivendo, vejo que muitos andam ansiosos e até mesmo estressados, e não é pra menos. Estamos passando por um momento turbulento e não sabemos o que acontecerá daqui pra frente. Vendo tudo isso, resolvi compartilhar uma fase da minha vida.
Há um ano atrás acabei pedindo demissão, estava me sentindo super sobrecarregada, estressada e não via nenhuma saída. Já fazia terapia nessa época e o meu psiquiatra me alertou: "Se você não tirar um tempo para se cuidar, vai ter um infarto aos 25 anos." Pensei muito e segui o conselho dele. Por mais que morasse sozinha e dependesse só de mim, optei por me cuidar. Muita gente comentava o fato de eu ser nova e estar daquele jeito, que precisava ser forte, que era frescura e por aí vai. Mas no fundo, só eu sabia o que sentia quando a crise chegava. Era um mix de sentimentos ruins, uma sensação de incapacidade, de fraqueza, um desespero sem igual, parecia que não tinha solução, a dor chegava a ser física.
De tanto que falavam na minha cabeça, eu não aceitava que o que tinha era uma doença, achava que estava ficando louca, que realmente era fraca, que São Paulo não era pra mim (sou de Minas Gerais). E pra ajudar, não conhecia ninguém que tinha passando por aquilo. Mesmo com toda essa confusão acontecendo dentro da minha cabeça, vi que precisava parar.
No começo foi bem estranho, não tinha mais as preocupações e gatilhos do dia a dia, eram apenas coisas que dependiam de mim. Como boa virginiana me deparei com novas preocupações: O que as pessoas iriam pensar? Será que vou conseguir uma recolocação no mercado? Como vou me manter financeiramente durante esse tempo? Minha cabeça ficava a mil o tempo todo, era tudo muito novo e incerto.
Em menos de um mês, logo após pedir demissão, consegui um freela. No começo foi tudo lindo e maravilhoso. Novo trabalho, nova rotina, novas pessoas… Durou mais ou menos 20 dias, e lá estava eu tendo outra crise. Do nada sentia muita vontade de chorar, sentia meu coração palpitar, só queria fazer meu trabalho e ir logo pra casa. Percebi que ainda não estava bem e antes de prejudicar a minha equipe, fui ao RH e contei o que estava acontecendo. Um passo importante, porque não falava com as pessoas sobre isso, tinha muita vergonha. E por ironia do destino, o RH foi super receptivo e entendeu o meu lado, me dando todo o suporte para sair da agência e voltar para o meu objetivo inicial, me cuidar.
O tempo foi passando e fui intercalando freelas com pausas, assim consegui me manter e ao mesmo tempo me cuidar. Não foi nada fácil, cada dia era de um jeito, em alguns acordava super disposta, ia para academia, lia um livro, arrumava casa… Em outros, mal tinha vontade de acordar. Me culpava por estar em casa, por ver a vida passar e não fazer nada. Meu ano de 2019 foi assim, altos e baixos o tempo todo, mas fui me virando e hoje vejo que fiz o melhor que pude.
O motivo desse texto é pra mostrar que as vezes só precisamos tirar um tempo para nos cuidar, que nossa saúde mental é tão importante quanto nossa saúde física. Às vezes ficamos com vergonha de falar, de nos expormos e mostrarmos que somos vulneráveis, só que é preciso. Precisamos pensar na gente em primeiro lugar, não a nada no mundo que pague nosso bem estar.
Hoje estou bem, mas não foi de uma hora pra outra (como viram), foi um longo processo até aqui. Tive vontade de desistir, de fugir, de sumir, mas depois de muita terapia (aliás, acho que todo mundo deveria fazer) pude ficar bem novamente e entender que ok não estar bem. Somos humanos, somos falhos e temos limite. Entendi que cheguei ao meu limite e ainda bem que tive o privilégio de parar (imagino que muitos não tenham).
Um ano atrás mal conseguia sair de casa para trabalhar, suava frio, tremia e sentia falta de ar. Mas ainda bem que a vida passa, a gente amadurece e aprende. E tudo isso passou. Pensei que seria mais rápido, que levaria uns três meses no máximo, mas cada um tem o tempo de digerir e de lidar com as coisas.
E quem diria que em um momento como esse que estamos passando, fosse virar o meu melhor momento, aquele no qual esperei por tanto tempo. Ainda busco uma recolocação no mercado e sei que em breve as coisas irão melhorar.
O que espero quando encontrar uma nova oportunidade? Espero um pouco mais de empatia, porque isso pode acontecer com qualquer um. E para aqueles que estão passando por isso, não tenham medo de se expor, o diálogo é uma ferramenta de cura. E lembre-se, o mais importante é nossa saúde, seja ela mental ou física, porque uma hora a conta vai chegar e não terá dinheiro no mundo que pague por isso.
É como diz a música do Belchior: “Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro.”
Mentora - Terapeuta Integrativa - Através da palavra falada e de um mix de terapias personalizadas, guio você em uma jornada de autoconhecimento e evolução rumo ao seu objetivo!
4 aParabéns! Amei esse compartilhamento, que mostra o poder na vunerabilidade.. Vc está ótima!
Diretora de Estratégia, Marketing e Novos Produtos B2B @ RD Saúde
4 aRaq, obrigada por dividir sua história com a gente! Que a gente ainda possa se esbarrar nos jobs da vida e fazer coisas incríveis juntas! <3
Account Manager at Google
4 aObrigada por compartilhar isso. Você é incrível! 💛
Analista de Recursos Humanos Pleno | Recrutamento e Seleção | RH | Cultura e Desenvolvimento Organizacional
4 aPoxa, Raquel. Cheguei por um acaso nesse artigo e você não imagina como foi reconfortante ler isso. Me identifiquei com sua história, estou nesse momento na fase de exaustão, quase a ponto de explodir. É difícil quando você não consegue pensar no seu trabalho sem sofrer, sem querer chorar. Quando coloca o pé pra fora de casa e já sente como se aquele lugar fosse te engolir por completa. O suor, a tremedeira, a falta de ar. Estão todos aqui. Mas que inspiração LINDA esse artigo me deu. Obrigada por isso! Sei que só me falta a coragem e tudo vai ficar bem. Boa sorte pra nós, vai passar.