Bom início de ano para bolsa e renda fixa
As bolsas internacionais operaram em forte alta, praticamente sem exceção, estimuladas pela combinação de bom crescimento econômico, expectativa de alta dos lucros das empresas e pressão inflacionária moderada. Com o fluxo de compra por parte de investidores estrangeiros mantendo-se fortemente positivo, o Ibovespa teve belo início de ano e já acumula alta de 3,5%.
No cenário doméstico, o ano inicia-se com projeções de alta para o PIB de 2,7%. Para a renda fixa, a movimentação no Congresso visando a flexibilização da chamada “regra de ouro” (que impede a emissão de dívida para pagar despesas de custeio) representa elemento negativo que estimula a manutenção dos juros de longo prazo em níveis elevados.
2017
As finanças públicas continuaram a apresentar resultados bastante negativos ao longo de 2017, com melhora no último trimestre em função da recuperação da atividade econômica e da melhora na arrecadação de impostos. Refletindo esse fundamento e incerteza política, o Real esteve pressionado e recuou 1,5% no ano, um dos piores desempenhos entre as moedas de países emergentes. Os preços dos títulos negociados no Tesouro Direto apresentaram valorização positiva, particularmente dos papéis prefixados, que refletiram o recuo da inflação para os menores níveis em 20 anos e a forte queda da Selic promovida pelo Banco Central.
O ambiente externo manteve-se positivo. Apesar dos receios quanto a possível alta do dólar no mercado internacional relacionada à forte expansão americana, a força da recuperação da atividade econômica na Europa e a continuidade do programa de estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu resultaram em um cenário altamente favorável para o investimento em ações, tanto em países desenvolvidos quanto emergentes.
Com bom fluxo de compra de investidores estrangeiros, que superou R$ 13 bilhões no ano, o mercado de ações refletiu a melhora de fundamentos proporcionada pela queda de juros e reativação econômica e fechou 2017 de forma positiva - medida por seu índice mais conhecido, o Ibovespa, a alta foi de 26,86%. O cenário de menores despesas financeiras e aumento de vendas foi bastante benéfico para as empresas de porte médio e pequeno, levando o índice “Small Caps” a forte alta de 49,4%.
2018
Será importante monitorar os acontecimentos nos EUA, com a reforma tributária e a troca de presidentes do Fed ocorrendo em momento no qual a economia encontra-se aquecida e em pleno emprego, bem como a continuidade da expansão econômica na Europa e o possível fim do programa de compra de ativos do BCE. Elementos de risco advêm da política externa americana, particularmente de suas ações visando enfraquecer a OMC, e possível contencioso com a China, com possíveis reflexos negativos no comércio internacional.
No Tesouro Direto, os títulos de prazos médios e longos oferecem bons prêmios e taxas, porém a continuidade de resultados fiscais ruins, incerteza política e pressão cambial podem vir a neutralizar essa oportunidade. Nesse contexto, uma estratégia de alocação dinâmica, buscando evitar os períodos de maior risco e preservando capital para alocação em períodos de fluxo positivo tende a ser preferível.
O cenário positivo para a bolsa baseia-se na combinação de bom crescimento econômico, expectativa de alta dos lucros das empresas e pressão inflacionária moderada, com os níveis de preço nominalmente recordes sendo o contraponto a ser ponderado.
Marcos Paolozzi é editor do Mapa da Bolsa