Bom senso não é a mesma coisa que Senso Comum!
O om Senso na Construção Civil.

Bom senso não é a mesma coisa que Senso Comum!


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É de forma "completamente" controversa que dou início ao meu texto com a imagem anterior. Imagem de capa versus imagem do texto!

Venha daí o bom senso! "Havaianas de sola de aço nº35!" 🤔versus "Botas de Biqueira de Aço nº35!"

De forma nenhuma, quer seja no setor da Construção como em qualquer um outro setor da Indústria, o Bom Senso nunca será sinónimo de Senso Comum. Desfeito este possível equívoco posso começar a falar apenas do BOM SENSO!

“80% das consequências advêm de 20% das causas”

Foi a partir desta premissa baseada na Curva de Pareto ou Diagrama ABC que o Bom Senso foi avaliado.

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"A divisão em três classes (A, B e C) é mera questão de conveniência, o seu uso e bom-senso, será usado para estabelecer tantas classes quantas forem necessárias para os controles a serem estabelecidos."

É notório que TODAS as obras possuem particularidades. Portanto, existirão diferentes curvas ABC que corresponderão à realidade de cada obra.

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Pelo princípio de Pareto, temos todas as ferramentas para perceber a clara descompensação existente entre as causas e os efeitos. Princípios para o estudo das paridades esforço-resultado e ação-objetivo.

2Se todos os itens possuem o mesmo valor e, consequentemente, a mesma participação, diz-se que não há concentração. Portanto, o nosso diagrama de Pareto será representado por uma reta. Agora, quando os valores mais elevados estão concentrados num número muito pequeno de itens, então há uma concentração forte. Logo, o gráfico será acentuado nos primeiros itens (aqueles de maior relevância). Em seguida, terá um trecho de crescimento muito menor (relacionado aos itens de menor valor). As situações intermediárias são representadas pelas curvas indicadas como de Média Concentração e Fraca Concentração."

Na Construção Civil, raramente uma curva ABC assumirá contornos diferentes de uma “Concentração Forte”.

Tudo isto de uma forma muito mais cientifica de explicar o uso do senso comum na Construção Civil.

Para explicar a minha forma de "trabalhar" com o BOM SENSO, e para completar a parte cientifica demonstrada por Pareto, vou deixar alguns exemplos que se passaram ao longo do meu trabalho, sempre baseado em consequências e causas. de uma forma simples para poder deixar a mensagem de que nada é linear se a envolvência difere da base de estudo de determinados resultados, estas implicam as respetivas consequências.

O Bom Senso deverá começar por estar presente na fase de estudo de qualquer projeto. Este estudo é feito pela equipa de Projetistas, normalmente, pelo que consequentemente se prolonga para a fase de desenvolvimento do mesmo.

Infelizmente, e desculpem-me os colegas responsáveis por esta fase, a teoria e o que diz a "ciência" vigoram com maior facilidade no projeto do que a viabilidade e possibilidades de concretizações de determinados trabalhos em obra.

Foi sempre minha opinião a REAL necessidade de que qualquer projetista deverá passar por um estágio prolongado em obra para conseguir uma perceção mais fidedigna dos condicionalismos e obstáculos que são muitas vezes recorrentes "in situ" e que, quem nunca esteve em obra, não tem noção.

Esta presença duranta a execução dos trabalhos, em obra, da equipa de projetos pode, também, passar pela coesão e presença de todos na avaliação e estudo do Planeamento para a execução dos trabalhos.

Eu, tive mais projetistas ausentes, que fizeram o projeto... entregaram e nunca mais ninguém os viu. Mas, também já tive outros colegas que, não só se importavam com auxílio no estudo de alternativas, como calçavam as botas de biqueira de aço para irem ver o que tinham projetado a ser concretizado.

Uma das primeiras experiências de que me lembro foi numa obra, perto da minha terra, em que precisava fazer aprovar, junto da Fiscalização uma determinada brita e uma rega de emulsão betuminosa para a execução de um troço em semipenetração.

Recebi o projeto e consequentemente enviei para a Fiscalização a documentação da referida brita... estudo granulométrico, fabricante... etc. "Consegui" não obter aprovação de 3 britas ligeiramente diferentes, dentro dos valores solicitados. Mau! Numa 4ª tentativa lá veio a aprovação porque foi quase "copy paste" do fabricante, certamente para me calar também a mim.

Eu, já fiz fiscalização e sei que a responsabilização do que se tem por escrito importa muito... não vá correr mal e a culpa foi do Fiscal.

Mas prefiro analisar em conjunto, verificar, se preciso for com o projetista... e não ser "enganada" aos meus próprios olhos. Eu acredito no Bom Senso. Na Experiência. E não quero, nem quis, nunca, fazer trabalhos sem saber como e porquê estava a fazer de determinada forma ou com determinado material.

Acreditem que, colocamos em obra a brita que tínhamos submetido para aprovar na primeira tentativa e o Fiscal assistiu. Não considerem um desrespeito à pessoa Fiscal. Ele demonstrou que não sabia o que fazia ali. Ele próprio se desrespeitou.

O mesmo se passou com a Emulsão Betuminosa. Ou quase o mesmo!

Era solicitada uma pesagem, em kg, de emulsão "xpto" por m2 de estradão. Foi colocada a brita, feita uma rega de colagem da mesma e foi regada com a dita emulsão, conforme solicitado, e aprovado. Mas... por mais que regasse... e regasse... não conseguia atingir o valor solicitado. "N" visitas da Fiscalização para verificar a pesagem... e por muito pouco nunca aprovada.

Necessidade de, por causa da falta de bom senso e mesmo assistindo ao nosso trabalho, adicionar areia ao elemento a pesar. Falta de respeito? Não!

Falta de Bom Senso em perceber que há determinados valores que, se aproximados, são as quantidades pretendidas. É preciso olhar à envolvência, à finalidade, ao porquê...

Sim! Foi há muitos anos e ainda hoje o "Estradão" se encontra em boas condições.

Numa outra obra... em tempos bem diferentes eu fazia Consultoria/Fiscalização para o Dono da Obra. Era uma Fiscalização sobre outra fiscalização! Interessante, mas já o fiz outras vezes por solicitação de alguns Donos de Obra. Tarefa muito rigorosa, por sinal. São uns olhos sobre outros que, deverão fazer o mesmo que eu. Mas, o impressionante é que, o que não deveria acontecer, acontece.

Nesta obra, em questão, estava a ser usado um material da Onduline, como uma subtelha tendo em consideração que, para ir de encontro a algumas solicitações da certificação LEED, a telha do edifício foi toda retirada, lavada e reaproveitada. Sendo, assim, mais frágil e fazendo um papel menos estrutural e mais decorativo do que o real papel para que a telha é utilizada.

Para criarem um ripado, para assentarem a referida telha, foram furando a subtelha. Teria sido menos gravoso se todos os furos executados para fixação fossem feitos na parte alta do ondulado, para evitar que houvesse entrada de água. Mas... como se vê, isso não aconteceu numa área considerável de telhado com telhas colocadas já no seu lugar.

Alertei desde o início e a falta de Bom Senso e credibilidade fez com que fosse necessário levantar essa área toda de telhas e fosse feita a impermeabilização desses buracos.

Mais uma vez, falta de Bom Senso, falta de profissionalismo, falta de respeito pelo próprio trabalho e pelo de quem alertou atempadamente.

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Na mesma obra houve muitas outras "histórias". Deixo mais uma.

A obra era feita com a inclusão da remodelação de um determinado edifício muito antigo. que faria parte integrante do novo edifício a construir em conjunto.

Numa determinada zona desse edifício, a remodelar, existia uma laje, na origem de uma cozinha muito antiga, da qual não se sabia a sua constituição. Sendo que o projeto alertava para isso mesmo, dizendo que não era conhecida a constituição da laje e que seria necessário fazer uma pequena sondagem para averiguar as condições da mesma e se necessário proceder ao seu reforço, ou não.

Esta questão era explicita em projeto. A sala em questão passaria a ter uso como sala de reuniões ou conferências, ou seja, supunha-se a possibilidade de existência, em determinados momentos, de algum peso permanente sobre a mesma.

O Empreiteiro e Dono de Obra foram alertados para esta questão, com a devida preocupação e não deixando de ser pertinente não terem feito nada em prol da mesma.

A falta de Bom Senso e a ideia do "não faço porque acho que não devo" fez-me deixar esta questão explicitamente comunicada e registada.

Perante esta minha insistência o Dono de Obra, a seu cargo (coisa prevista em projeto!!!!) mandou elaborar um teste de carga por uma entidade competente, que felizmente não demonstrou a existência de movimentos, mas que deixou em aberto muitas coisas. A carga passará a ser permanente e a constituição da laje ficou sem ser desvendada.

Também é bom haver mistérios nas obras... ficam para a Posteridade! 😅

BOM SENSO, quem tem medo dele?

Há muita gente que foge dele, infelizmente. Nunca será bom para os trabalhadores, para a qualidade da obra e para o Resultado Global Final!

Muitas outras Histórias para outras "Botas".

Até breve e vale apena pensar nisto!

Beijinhos.




Não sendo eu uma pessoa da área acho que tenho uma visão comum com a engenheira que faz este texto porque são temas falados o que se pode fazer na sua opinião para resolver isto de vez ,outro ponto que eu acho que me pode responder creio porque não investimos na indústria do país para criar riqueza para este país que vive apenas do turismo, temos tantas Startaps com tanto potencial porque não passar, para grandes indústrias claro o estado tem que tem um papel activo, será que existem respostas!!!

Jorge Heitor

Responsável da Central de Compras e Aprovisionamentos na VICTORIA Seguros

2 a

Parabéns !! Gostei desta associação de conceitos. Esta Biqueirada de Havaianas N.° 35 só demonstra...BOM SENSO. Cá fico à espera de mais Biqueiradas !! Agradeço e retribuo os votos de uma boa semana. Tudo de bom !!

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