Brasil: Comércio externo, uma via para a recuperação. Por: Carlos Varela Luc

Brasil: Comércio externo, uma via para a recuperação. Por: Carlos Varela Luc

 

Brasil: Comércio externo, uma via para a recuperação

Por: Carlos Varela Luc

 

O Brasil vive, este fim-de-semana, o culminar de um processo eleitoral municipal. Esperemos que os eleitos trabalhem a favor da recuperação económica e contribuam activamente para rectificar a imagem do país. A tão esperada, e desejada, restituição da confiança permitirá, à classe empresarial, decidir por novos investimentos e criar novos postos de trabalho gerando, desta forma, riqueza. Os investidores e empresários são a "mola" da recuperação, o desenvolvimento depende deles.

 

O Brasil necessita de incrementar processos de exportação como a via mais eficiente para sair da crise, e para isso é imprescindível que os empresários invistam e, naturalmente, para que invistam é imperativo ter confiança, acreditar no futuro, primeiro no curto prazo e depois no médio e longo, para o que o poder local, antes de outros, deve atentar nas condições de trabalho de novos e velhos empresários colocando toda a sua capacidade e habilidade ao serviço da comunidade, pois para isso foram eleitos.

 

As federações e associações e sindicatos empresariais devem lançar novos modelos de apoio à internacionalização. Só haverá exportação se houver conquista de mercado e de clientes, se se concretizarem vendas e se as empresas estiveram preparadas para isso e os empresários motivados. Pelas conhecidas dificuldades, os micro, pequenos e médios empresários não se lançam em processos de exportação se não tiverem apoio dos órgãos de enquadramento das actividades empresariais nos quais se inserem.

Alguns analistas dizem que o Brasil demorará 25 anos para recuperar o que se perdeu, ou não se ganhou, nos últimos anos. É exagero, muito pessimismo e, acredito, reflecte desconhecimento da capacidade do tecido empresarial brasileiro e das potencialidades do Brasil, parece-me especulativo (teórico) mas, notícias deste teor, prejudicam a imagem do país e, por consequência, a rápida retoma e o desenvolvimento.

 

Sou pela comercialização da produção nos mercados externos. O Brasil tem qualidade e preços adequados a alguns mercados que parecem esquecidos. É preciso imprimir dinamismo às acções de penetração de novos mercados e agilizar a comercialização nos mercados onde já se trabalha. Para isso seria muito bom que as entidades empresariais criassem estruturas físicas nos mercados-alvo, ou em locais privilegiados em relação a esses mercados, para melhor os compreender e daí tirar vantagens competitivas na prossecução das actividades comerciais no exterior.

 

Os produtos comercializados pela China e por Taiwan, embora tenham já melhorado a qualidade inicial, ainda ficam muito aquém do que se produz no Brasil e os preços e condições de venda também já não são os de lançamento. O Brasil tem competências e capacidades para concorrer não só com a China e Taiwan mas também com muitos outros países do designado "primeiro mundo" e, por outro lado, apesar da elevada carga fiscal e os altíssimos custos do trabalho, os preços oferecidos ao mercado externo ainda se podem considerar competitivos.

Um processo de integração, através do fomento de alianças estratégicas e mesmo fusões, quando possível, se bem conduzido poderá aportar um importante incremento nas exportações e contribuir para o desenvolvimento das "pequenas indústrias". Mais uma actividade que deverá ter o patrocínio das federações das indústrias.

 

As Regiões do Sul do Brasil produzem bens e equipamentos e produtos alimentares que muitos países procuram mas, por "este ou aquele" motivo, não se encontram entre os que compram nestas regiões. É preciso criar veículos e estruturas para lá chegar com a oferta. De pouco serve criar grandes e complexas bases de dados se ninguém no terreno lá for fazer a negociação, só uma pequena parcela da totalidade das negociações encetadas por correspondência acabam com êxito. As missões comerciais são uma boa praxe mas não chega, é preciso "viver" o mercado e os efeitos dos "raids" têm uma muito limitada duração. As grandes empresas sabem do que falo, possuem agentes comerciais no local e muitas dispõem de escritórios de representação e/ou armazéns que abastecem mesmo antes da venda concretizada e de onde fazem o fornecimento com a celeridade que quem compra exige. Ainda de referir que a credibilidade de quem vende sai substancialmente beneficiada quando está fisicamente no território da compra (o comprador tem mais confiança,o que funciona como marketing, e a possível assistência pós venda tem menores custos). Entre o Brasil e a Europa ou entre o Brasil e África está um "mar" e um abismo de dificuldades, principalmente burocráticas mas também mercantis, já para não falar da Ásia.

O que se vende para o exterior é, na minha perspectiva, pouco se comparado com as necessidades dos mercados de alguns países.

 

Os 10 países para onde o Estado de Santa Catarina exporta mais são: EUA, China, Argentina, Japão, Países Baixos (Holanda), México, Rússia, Reino Unido, Alemanha e Paraguai. As exportações para os outros países é de menor expressão ou inexistente.

E os outros países da Europa, nomeadamente a de leste com tantas carências?

Na CEI (Comunidade de Estados Independentes) só a Rússia. E os restantes países?

E África, nomeadamente a de expressão portuguesa (PALOP's)? Têm-se aproveitado os fóruns promovidos pela CPLP para dar maior expressão às vendas intra bloco?

 

Apesar do muito que vejo fazer-se o saldo da Balança Comercial catarinense é negativo desde 2009 (importa mais do que exporta). É urgente despoletar acções para inverter a situação e, na minha opinião, só no terreno / mercado-alvo, aproveitando vantagens competitivas, se poderá incrementar as vendas e inverter os resultados. Avançar para o terreno mas, lógicamente, na sequência de planos adequados lembrando sempre que "o tempo que se gasta no planeamento, para além do necessário, é tempo que se perde na execução". Sair da "zona de conforto" é necessário.

 

Por: Carlos Varela Luc

carlosvarelaluc@gmail.com

 

 

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