Breaks já eram
Ontem, vendo na madrugada um debate sobre as eleições, o assunto era o tempo de TV e rádio dos candidatos que não mais era fator definidor das campanhas políticas, e eles, tão sabidos sobre os prognósticos, não sabiam explicar o porquê.
Vejam, amigos, em 2013, Vagner Oliveira, dono de uma agência chamada NBC, ficou milionário comprando espaços publicitários (breaks) nos veículos de todo o Brasil e os revendendo a clientes como Dolly, Ultrafarma, Terras de Santa Cristina I, II, III, IV…, entre outros. Em uma reunião disse: “Os comerciais em breaks não funcionam, eu tenho um estoque enorme de créditos e não consigo vender”. Coincidência. Naquele mesmo ano, estava terminando meu Mestrado em Comunicação e falava sobre isso na minha dissertação para o fim de curso.
Direto ao assunto dos candidatos, que são marca/produto e têm de inserir suas mensagens em histórias/conteúdos. Lembro do Faustão longe dos biscoitos da Bauducco, mas uma loira maravilhosa fazia o merchandising; no último ano, ele comia os biscoitos.
Alguns exemplos da mudança dos hábitos na comunicação: o governador da Bahia tem um programa numa web TV, que, desde o início, é um dos pilares de seu sucesso e interlocutor diário com os formadores de opinião na internet, em seu estado, e com âncoras de sites, blogs, plataformas; a novela das 21h mostra alguém vendo um tablete das Casas Bahia, que depois é complementado no break; a Unilever, já há alguns anos, produz seus audiovisuais para celulares e os aproveita para outras mídias; e vi no sábado, no “JN”, a apresentadora pedindo 15 segundos, que já voltava, e era para mostrar um comercial de aparelhos de TV da Samsung, ou seria da LG?!
O líder nas pesquisas para presidente tem 8 segundos nas rádios e TVs; o quarto nas pesquisas, quase 4 minutos, e, além disso, a mudança dos muitos dias para perto de 30 dias de campanha também atrapalhou a estratégia dos abastados – estratégia requer tempo/longevidade, tática é no ato, como são as redes sociais hoje em dia. Somos 147.300.000 eleitores e estamos de saco cheio de políticos tradicionalmente corruptos, e comercial de conversa fiada não convence ninguém nestes tempos de milhares de segmentações que a internet nos oferece.
Num país que tem o triplo de celulares em relação aos eleitores e fofocas vendem versões diretamente ao consumidor final, aos segundos, aos minutos, quanto maior o break menor será a audiência. E sejamos honestos (sem trocadilho), intervalo é coisa do passado.
Há tempos quero falar do Vagner, um craque, que só não previu que seu helicóptero podia cair em dia chuvoso e que, em publicidade, mesmo com sua personalidade sem alardes, devia estar na história do mercado da propaganda como o broker que deu certo, na contramão da poderosa Rede Globo de Televisão, com a mídia de seus clientes.
E por que não falar dos debates, que levam especialistas até dos institutos de pesquisa e não levam gente que entende de mídia digital e até das velhas mídias eletrônicas (TVs e rádios)?
2020 já é tarde para quem vai disputar prefeituras e vagas de vereadores e ainda não conhece a força de um conteúdo afinado com o eleitor.
Eleições 2018