Burocracia e burocratização
JORNAL MOGI NEWS
Caderno Cidade - 29/08/2017
O Sociólogo alemão Max Weber foi o primeiro teórico a usar o termo “burocracia” para descrever uma cultura e estrutura de empresa rigidamente fixada. A Teoria da Burocracia surgiu como definição rigorosa das hierarquias, das regras e das linhas de autoridade como forma de garantir a sobrevivência das instituições. Portanto, burocracia é a organização típica da sociedade contemporânea cujo objetivo é dar a máxima eficiência nas organizações e estado.
Em muitos países, mas particularmente no Brasil, o termo burocracia acabou ganhando uma conotação pejorativa e está constantemente associado às disfunções do sistema e não o sistema em si. Assim, burocracia acaba se confundindo com o fenômeno da burocratização, que é justamente a aplicação exagerada dos princípios da hierarquização, normatização e regulação na estrutura organizacional.
A burocratização atravanca o desenvolvimento de qualquer processo impactando no tempo necessário para sua concretização e em seu custo. E este é um problema de grande dimensão na realidade brasileira há muito tempo. Tanto é que em 1979 foi criado o Ministério da Desburocratização com o objetivo de reduzir o impacto da estrutura burocrática na economia e vida social brasileira, tendo existido até 1986.
Mudamos de século, mas o problema não só persiste como aumenta. Pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em 2010 aponta que o excesso de Burocracia já afeta 98% das empresas brasileiras em pelo menos uma das atividades legais diárias elevando seus custos de forma significativa.
Em índice que mede a facilidade em se fazer negócios divulgado pelo Banco Mundial no início da década o Brasil apareceu na 127ª posição num ranking com 183 países. Para efeito de comparação, o México que tem PIB e nível de desenvolvimento parecido com o nosso país ficou na 51ª posição. Quando se busca abrir uma empresa aqui, o empreendedor enfrenta uma verdadeira maratona com até oito etapas, pagamento de doze a dezesseis taxas e a apresentação de mais de 40 documentos.
Eis mais um aspecto que, entre tantos outros, conspira contra a competitividade do produto brasileiro.
AFONSO POLA é sociólogo e professor (afonsopola@uol.com.br)