Business strategy deve começar pela concepção da área de Estratégia [em criar redes de inter-relações que realmente aumentam performarce]

Business strategy deve começar pela concepção da área de Estratégia [em criar redes de inter-relações que realmente aumentam performarce]

Quando decidi fazer o movimento de sair do mercado corporativo para empreender, eu fiz pelo motivo principal de experimentar um cenário em que eu tomasse decisões de forma completamente independente. Com o passar do tempo, percebi que essa realidade não existe porque, em qualquer formato ou circunstância de negócio, tendo a própria empresa ou trabalhando para uma, sempre estaremos em um contexto que apresenta, invariavelmente, uma rede de relacionamentos e intercessões variadas. 

Se alguém não tem um chefe ou pares para se relacionar, terá, por sua vez, clientes, parceiros e targets que gerarão, naturalmente, a necessidade de adaptação e modelagem, seja do seu negócio, do seu posicionamento e até, muitas vezes, das suas crenças e vontades. As relações são a base de tudo em qualquer coisa que qualquer pessoa faz no mundo e, a partir do momento que duas ou mais pessoas se relacionam, todas adquirem a necessidade de adaptação.

As empresas são formadas por uma rede de relacionamentos, considerando tanto as pessoas que trabalham nela como todos que estão inseridos no papel de stakeholders. Elas podem ser comparadas, assim, com um corpo humano, formado pela conexão de uma rede estruturada de partes isoladas que possuem funções específicas. Já disse o Ken Robinson (autor de "Creative Schools" e "The Element") que as empresa não são mecanismos lineares, mas sim grandes organismos vivos, adaptáveis e evolutivos. 

Uma das descobertas recentes da medicina, tema de vários congressos e pesquisas atuais, é a atuação das fascias (tecido fibroso presente no corpo humano) no papel de conectar todo o nosso corpo, mostrando, inclusive, que se você tem uma dor no pescoço, essa dor pode ter sido originada no seu quadril - dessa forma, não adianta tratar somente o local da dor, mas também o local da sua origem. O nosso corpo faz compensações quando uma parte sua está funcionando mal (quadril), criando uma rede de adaptações que acaba por ocasionar pontos de crise no local onde a compensação se concentrou (pescoço).

Estratégia corporativa deveria ser como as nossa fascias, interligando todas as áreas e funções da empresa e conectando todas as pessoas que trabalham dentro e fora dela para todo o organismo funcionar plenamente, em sua melhor performance e em sincronia. Uma empresa sem uma pessoa ou uma área competente em gerar uma visão sistêmica para criar conexões, entre todas as partes, que fortaleçam umas às outras, sofre por lidar com os sintomas (pescoço) e deixa de potencializar suas ações mantendo-as isoladas do todo.

Esse é o retrato clássico da falta de conexão entre propósito, estratégia, processos internos (rotinas) e pessoas.

Tal cenário leva, inclusive, aos funcionários não “funcionarem" plenamente e se demitirem da empresa com mais rapidez do que ambas as partes gostariam: falta alguém com o papel de visualizar, organizar e comunicar o todo estrategicamente e, mais do que isso, alguém que dê uma visão de longo prazo para as pessoas que ali trabalham. Quando cada um só enxerga pequenas partes da história, a visão fica curta e as perspectivas individuais e coletivas também. O potencial de cada um também se limita com uma visão limitada.

Cada pessoa no mundo possui um potencial, porque o potencial de cada um é construído com base nas suas habilidades, experiências de vida (positivas e negativas) e motivações, que nunca se repetem. Assim como cada célula de cada órgão do corpo humano opera para um fim específico, cada pessoa em cada área da empresa também deveria ser designada de forma a tornar o seu potencial congruente com a sua função. Cada célula do corpo, junta com as outras, cria um órgão e todos os órgãos criam um corpo humano que funciona perfeitamente. Se uma célula do pulmão for alocada no pé e continuar agindo da mesma forma, haverá conflitos, baixa performance e doenças, ao mesmo tempo que uma pessoa sem o potencial de formar visões sistêmicas e conectivas não opera bem com estratégia, por exemplo.

O RH é o órgão responsável pela gestão de pessoas, o Marketing pelo posicionamento da marca, Vendas por se conectar com clientes e público-alvo, o Financeiro por garantir a viabilidade e abundância econômica e, assim, já conhecendo as funções de cada órgão de uma empresa, não podemos ignorar a relevância de alguém capacitado sendo responsável por fazer as conexões, partindo do propósito da empresa e desdobrando esse propósito em estratégia e ações efetivas por toda a extensão, interna e externa, da empresa.

O papel da estratégia é sistêmico, tanto no design quanto na sua implementação e monitoramento, tendo o mesmo potencial das fascias do nosso corpo, conclusão que gera a motivação de transpor as novas descobertas da medicina para o nosso mercado de business. 

Obrigada pela leitura,

Ana Seraceni, fundadora da Virou Hábito - empresa de consultoria que possui como causa ajudar pequenas marcas com propósitos positivos a prosperarem no mercado, e que, atualmente, também busca uma oportunidade no corporativo para atuar com o alinhamento entre propósito, estratégia e processos internos de empresas de médio e grande porte (ou startups).

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