Câncer de pele: panorama sobre incidência, tratamentos e prevenção
Câncer de pele: panorama sobre incidência, tratamentos e prevenção
O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil: a cada três diagnósticos de câncer no país, pelo menos um é de pele. Embora altamente tratável, a doença ainda apresenta risco de mortalidade, especialmente nos casos em que é diagnosticada tardiamente. Hoje, há recursos que facilitam a detecção precoce desse tipo de câncer e seu rastreio em populações com maior risco de desenvolvê-lo, como pessoas com a pele muito clara e acima de 40 anos. Assim, manter-se atualizado sobre os parâmetros para diagnóstico e promover a conscientização sobre a doença são de extrema importância para profissionais de saúde, que exercem um papel central na prevenção de desfechos indesejados.
A seguir, confira as estatísticas recentes sobre os tipos de câncer de pele no Brasil e no mundo, informações sobre diagnóstico e prevenção e as opções modernas de tratamento.
Tipos de câncer de pele
Os dois principais subtipos da doença consistem no câncer de pele melanoma e não melanoma.
O melanoma se origina nos melanócitos e representa a forma mais grave da doença, dado o alto risco de metástase. Menos comum, corresponde a 3% dos cânceres de pele no Brasil, porém é responsável por cerca de 43% dos desfechos fatais em todos os casos da doença.
Já o tipo não melanoma se origina principalmente nas células basais (carcinoma basocelular) ou nas escamosas (carcinoma espinocelular) e tem uma incidência 18 a 20 vezes maior do que o melanoma, representando 95% dos cânceres de pele no Brasil¹. Menos agressivo, dificilmente se espalha, tendo alta chance de cura através da remoção cirúrgica do tumor.
Dados do câncer de pele no Brasil e no mundo
As estimativas mais recentes mostram que, em 2020, houve 8.450 novos casos de câncer de pele melanoma por ano no Brasil, e 1.978 mortes decorrentes do quadro. Globalmente falando, é o 17º câncer mais comum, com mais de 324 mil novos casos em 2020. É também a 23ª maior causa de morte por câncer, resultando em mais de 57 mil desfechos fatais naquele ano³.
Já no tipo não melanoma, a estimativa de novos casos no Brasil em 2020 foi de 176.930, com 2.616 mortes causadas pela doença⁴. É o 5º câncer mais comum no mundo, gerando quase 1,2 milhão de novos casos e mais de 63 mil mortes em 2020, sendo a 22ª maior causa de morte por câncer³ - apenas uma posição acima do melanoma, que embora seja mais letal, é muito menos incidente.
Fatores de risco para o câncer de pele
As pessoas com maior risco de desenvolver a doença são aquelas com pele muito clara, albinas ou com vitiligo, e também as imunossuprimidas. O câncer de pele é, ainda, mais comum a partir dos 40 anos, embora essa média de idade venha diminuindo nos últimos anos⁴. Além disso, observa-se que homens correm risco maior de desenvolver carcinomas basocelulares e espinocelulares, possivelmente por acumularem mais exposição solar.
São considerados fatores de risco para o câncer de pele⁴:
Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico do câncer de pele é feito pelo médico dermatologista através de exame clínico, em observância a pintas, lesões e características suspeitas da pele. Além disso, a dermatoscopia é um exame não invasivo que colabora para essa investigação, permitindo a análise de camadas da pele não visíveis a olho nu.
A biópsia confirma o diagnóstico e, mais recentemente, a análise imuno-histoquímica tem sido usada de forma complementar ao exame, investigando características do tumor em nível molecular e fornecendo informações mais precisas sobre sua origem, comportamento e possível resposta a determinadas terapias.
As características de pele suspeitas que levam a essa investigação podem variar de acordo com o subtipo de câncer, conforme demonstrado a seguir:
Sintomas de carcinoma de células escamosas (ou espinocelular):
Comumente, as lesões de carcinoma espinocelular surgem em áreas do corpo expostas ao sol.
Sintomas de carcinoma das células basais (ou basocelular):
Sintomas de melanoma:
Para o diagnóstico deste subtipo de câncer de pele, utiliza-se a regra ABCDE na avaliação de pintas, observando se elas:
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Tratamento
Há diferentes opções no manejo terapêutico do câncer de pele, que variam conforme o subtipo da doença e o estágio do tumor, dentre outros fatores. Os principais são:
Prevenção
O principal fator de prevenção ao câncer de pele é proteger-se do sol, aplicando filtro solar corretamente, evitando a exposição em horários de maior radiação solar (entre 10h e 16h) e utilizando roupas e acessórios para cobrir a pele, como óculos de sol e camisetas com proteção UV, chapéus, sombrinhas, etc.
A atenção precisa ser redobrada pelas pessoas que têm predisposição genética à doença. Isso porque a doença pode acontecer por mutações em genes que são herdadas de familiares e aumentam o risco de melanoma, ou por síndromes hereditárias que elevam o risco de vários cânceres, incluindo o melanoma.
Com a tecnologia disponível hoje, é possível fazer testagem genética para rastrear esse risco, permitindo a adoção de medidas preventivas que podem mudar o desfecho da doença: para pacientes com melanoma detectado em fases iniciais, a taxa de sobrevida em 5 anos é 99%.
Alguns sinais da predisposição ao câncer de pele são múltiplos casos (três ou mais) de melanoma em um lado da família, ou de cânceres possivelmente causados por síndromes genéticas (como o de mama, pâncreas, etc.). Se o indivíduo já teve três ou mais melanomas, ou teve a doença em uma idade jovem (menos de 45 anos), também é possível que se trate de uma mutação herdada.
Independente da predisposição, a conscientização sobre os fatores de risco e de prevenção do câncer de pele é muito importante para que toda a população tome os cuidados necessários e atente-se para mudanças suspeitas na pele.
O acompanhamento médico regular e a realização de autoexames fazem toda a diferença para um diagnóstico precoce, que é capaz de salvar vidas. Converse com seus pacientes sobre as medidas simples que auxiliam a ter uma pele saudável.
Fontes:
Com base nas informações apresentadas em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-pele