Cadê a indignação?
Não passa um dia sequer sem que a crise ocupe nossos pensamentos. Cada nova informação só confirma que os responsáveis por conduzir o país estão mais preocupados com seus próprios interesses do que com o bem-estar coletivo. Eles estão tão atolados na corrupção e na ganância que já nem percebem o estrago que estão causando.
A filosofia dominante é "O QUE EU GANHO COM ISSO?", um pensamento egoísta que isola o indivíduo do convívio com pessoas íntegras e atrai legiões de oportunistas prontos para tirar vantagem de qualquer situação. O problema é que, quando a maioria das pessoas começa a adotar essa filosofia, estamos jogando um jogo perigoso e devastador para a sociedade. E isso eleva a crise a um novo patamar, transformando-a em uma CRISE ÉTICA.
Infelizmente, qualquer solução para a crise atual trará dores e cicatrizes. O que realmente devemos nos preocupar é com os aprendizados que serão transmitidos aos jovens a partir deste terrível momento que estamos vivendo. Eles aprenderão a enfrentar crises com base nas consequências de suas escolhas ou desenvolverão competências predadoras ao melhor estilo "custe o que custar", transformando os valores em relíquias de uma educação ultrapassada?
Em crises anteriores, vimos os jovens se movimentando intensamente, lutando com garra e paixão para melhorar o cenário. Nos anos 1970, jovens lutaram contra a ditadura militar. Nos anos 1980, gritaram por "eleições diretas" e por mudanças políticas. Nos anos 1990, surgiram os "caras pintadas" que derrubaram um presidente e lutaram pelo fim da inflação.
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E agora? Estamos vivendo um período estranho e perturbador. Onde estavam os jovens que deveriam ter se levantado suas bandeiras quando a crise econômica mundial mostrou suas garras em 2008? ou quando os primeiros rumores de corrupção no escândalo político em 2013 se tornavam conhecidos? Ou ainda quando surgiu a pandemia em 2020, como todas as suas infelizes consequências?
Será que essa filosofia egoísta realmente conseguiu paralisar toda uma geração de jovens, ensinando-os a se omitir e a cuidar apenas dos próprios interesses? O que aconteceu com a indignação dos jovens? Gostaria de ter respostas para essas perguntas, mas o que vemos atualmente é um inquietante silêncio.
A crise atual ainda não é a maior que já enfrentamos, mas se os jovens não assumirem seu papel de agentes de transformação, certamente descobriremos que tudo pode piorar. E quem irá sofrer mais será justamente esse jovem que insiste em ficar em silêncio, se esquivando da realidade com seus celulares e suas "vidas digitais perfeitas e fúteis" nas redes sociais.
Acredite, só iremos avançar nesse cenário de crise quando os jovens transformarem seu silêncio em atitudes concretas e não em reclamações vazias.