Cada família um Reality Show! Acabou a intimidade?
Hoje, parece que sim! Estamos em uma bolha cujo objetivo parece ser transformar emoções em uma habilidade social, um "contrato" inclusive com base legal. O politicamente correto como estilo de vida não me representa (e tampouco me comove).
Já reparou como agora somos sensíveis a tudo, e toda e qualquer coisa nos atinge de uma forma dramática e impressionante? Se você não enxerga apenas vítimas por toda parte, não tem coração ou é simplesmente um privilegiado sem compaixão.
Frustração. Infelicidade. Insucesso. Erros. Decepção. Hipocrisia. Tudo isso parece não existir no Mundo Mágico de Moranguinho criado a partir das narrativas que enaltecem as vítimas, como se a dificuldade do caminho fosse sempre uma pedra plantada com maldade por um opressor.
Soa filosófico e estranho, mas estou falando da realidade simples de muitas famílias: qual não é o susto e a indignação dos pais quando crianças mimadas se mostram arredias, intolerantes à frustração e narcisistas (para não dizer egoístas)?
Como bem colocou Theodore Damrymple em suas obras, educação e exemplo pressupõem disposição para disciplinar, o que requer discernimento; e discernimento requer reflexão; a reflexão demanda energia; e todos estão exauridos diante de tantos "ismos" e "afazeres".
Colocar-se como vítima cai como uma luva. Primeiro, porque implica que a culpa pode ser imputada a terceiros; depois, porque a moda consiste em demonstrar publicamente empatia por aqueles vitimados - isso seria uma mostra de como somos virtuosos.
Na prática, só tem direito ao reconhecimento digno do próximo quem se compadece publicamente, com textão e muita opinião (e quase nenhuma informação de fato), ainda que agir assim seja apenas uma forma de ganhar likes e participar da "onda".
Diante do politicamente correto, experimente discordar e uma tempestade cairá sobre sua cabeça. Diante de tanta gente histérica e emotiva, tome parte ou simplesmente evite criticar. Tenho certeza de que você já passou por isso.
Sumiu a intimidade. Desapareceu a privacidade. Agora tudo é público, amplificado e transformado em uma "indústria de causas". Ou você está engajado ou é um herege. A diferença verdadeira, nos atos, nas atitudes, nos resultados práticos, isso é coisa de privilegiados, opressores e seres atrasados.
Penso que a ditadura das emoções e da vitimização é o grande mal experimentado atualmente. A vida privada não deveria ser um reality show. Você concorda? Não? Comente.