Cansaço daqueles
Sim, o desânimo acaba chegando um dia. Não há quem não tenha sido visitado por ele. De várias formas, brutalmente ou em conta-gotas, o abatimento mental começa lá pelo alto da montanha que construímos e como uma avalanche desliza destrutivo ladeira abaixo.
Alguns sobrevivem bem, reconstroem sonhos, recomeçam a subida e curam as feridas de forma quase milagrosa. Outros sucumbem, não conseguem mais, simplesmente. E há ainda aqueles cujo deslizamento não foi tão aparente. Nem teve forma de avalanche. O desmoronamento emocional aconteceu tão lentamente que na aparência tudo vai bem. Talvez esses sejam os que mais sofram. Afinal, não saber que o próprio mundo cai é não saber da própria vida.
O que nos leva a um tipo de abatimento com poucos sintomas? Como perceber que o cansaço chegou, mesmo dentro de uma rotina tipo no-break?
Claro que há especialistas em várias áreas de competência emocional, capazes de discorrer sobre fadiga mental e espiritual com eloquência e sabedoria. Muitos deles encontram soluções e cura, com ou sem ajuda química. Mas e se o cansaço for tão grande que até mesmo dos mestres no assunto já estejamos enjoados?
Não censuraria ninguém refratário a alguns gurus. Vivemos um período de proliferação em massa de gênios curadores, coachings sorridentes, líderes salvadores e até mesmo máquinas programadas para dar mais do que receber...
Cansamos muito de tudo isso também!
Pode ser que a opção ideal então seja uma profunda reflexão sobre a simplicidade. Interrogando-nos sobre valores que perdemos e aquela pureza que caiu do varal e foi pisoteada.
Li hoje que o Balão Mágico vai reunir o grupo 35 anos depois. Acho que vou pegar carona nessa calda de cometa e me reencontrar com a criança que amava a vida e acreditava no futuro. Mesmo que isso me obrigue a encontrar outra montanha.