Capacidades Dinâmicas: o que são e o que isso tem a ver com inovação

Vem da filosofia, lá do Locke, os pilares do empirismo: transparência, inspeção e adaptação. Pula do século XVII para o século XX e esses pilares são promovidos à base fundamental dos métodos ágeis. Nada se cria, diz Lavoisier, tudo se transforma. Transformar é inovar e isso é igual a dizer que inovação é mudança, é dinamismo. Agora vamos por partes.

Não há nada de absolutamente inédito nesse texto. Se você procurar no Google Scholar sobre "Capacidades Dinâmicas" (assim, entre aspas mesmo para que a pesquisa seja feita pelo termo exato) você encontrará mais de oito mil referências apenas em português. A gente sabe porque pesquisou muito sobre isso enquanto preparamos (Flama e AIO) um evento para descobrir o que é, afinal, inovação. Descobrimos que devemos seguir perguntando e que a definição de inovação é fluida. O que ouvimos da Gabi Valente, criadora da Escola da Diarista, e que assumimos como nossa verdade é que a inovação no Silicon Valley é diferente da inovação na Restinga, seja lá o que for a inovação.

Trazendo, com uma escumadeira, para a superfície o que queremos trabalhar, concluímos que o dinamismo dos indivíduos e grupos é o que permite que exista a capacidade de adaptação a um ambiente de mudanças constantes. Tal ambiente, para fins de simplificação, é o mundo em que vivemos. Quem já é maior de idade teve que se adaptar à COVID, enchentes, fumaça de queimadas, múltiplas faces e perigos de redes sociais e das inteligências artificiais. Na medida em que o tempo avança, maior a quantidade de mudanças. Novas tecnologias permitem ainda mais mudanças. Alguém disse que a tecnologia veio para resolver os problemas que a própria tecnologia criou.

Mas precisamos definir "dinamismo", assim como já precisamos, no início dos anos 2000, escolher uma definição de "agilidade" e, quem sabe um dia, teremos uma clareza maior do que é "inovação". Aí vamos para as Capacidades Dinâmicas: conjunto de habilidades de pessoas e organizações em integrar, construir e organizar competências existentes nesse nosso mundo de mudanças constantes. Ou seja, mesmo que falemos mais adiante sobre os componentes das Capacidades Dinâmicas, no fundo estamos falando de capacidade de adaptação. Mas para isso também é preciso de transparência (a boa comunicação, ampla geral e irrestrita, sem segredos) em tudo o que está acontecendo e a inspeção para saber se nossa adaptação se adequa, de fato, às mudanças que ocorrem. Refraseando: a mudança sempre ocorre, temos transparência suficiente para saber dessa mudança, nos adaptamos e inspecionamos se essa adaptação nos permite navegar melhor à cada mudança e o ciclo recomeça. Ainda é Empirismo.

Para melhor entendermos as Capacidades Dinâmicas ainda vamos dividí-las em três categorias:

• Capacidades de Percepção
• Capacidades Aproveitamento
• Capacidades de Transformação

O nome de cada uma dessas categorias, depois do que você já leu até aqui, já deve dar uma pista sobre o que é cada uma delas. Para que esse artigo não se torne infinito, porém, vamos falar sobre cada uma delas nas próximas edições.

Vídeo bem bacana com um papo após o evento que promovemos