Capitalismo consciente: bem-estar social para além do lucro
Uma teoria vem norteando empreendedores da nova economia: a do capitalismo consciente. Esqueça o tripé “missão, valores e visão”, que passa a ser visto como um roteiro forçado – e não muito sincero na prática – para convencer clientes e funcionários sobre a imagem da empresa. Todas as partes interessadas, estando dentro ou fora da organização, querem mesmo é enxergar, com transparência, o que está por trás de um CNPJ. O novo paradigma (ainda em desenvolvimento, é preciso dizer) contempla, simultaneamente, valores para todos os envolvidos, promovendo prosperidade e interligando cadeias de forma mais justa e equilibrada. Os negócios não se restringem apenas à geração de lucro e manutenção de empregos, mas também a valores de bem-estar social. Afinal de contas, o lucro deixa de ser objetivo para ser consequência.
Agora, são quatro os pilares. O primeiro é o “propósito elevado”, ou seja, os fortes valores que vão além do lucro e que inspiram, envolvendo o empresário, assim como os colaboradores e consumidores, que, engajados, amam o que fazem e anseiam avanços conjuntos. O segundo é “cultura consciente” – uma forma de cultivar amor e cuidado, desenvolvendo uma relação de confiança transparente entre os membros da equipe e investidores. Depois vem a “liderança consciente”, em que o papel do líder é servir ao propósito da organização, buscando o melhor em seus colaboradores, promovendo transformações positivas. E, por último, a “orientação para todos os envolvidos no negócio”, o que quer dizer maximizar retornos para todos os envolvidos na cadeia: colaboradores, consumidores, comunidade, governo e investidores.
Nem é uma novidade, mas se consolidou com o estudo do professor Raj Sisodia, em conjunto com David B. Wolfe e Jagdish N. Sheth, que deu origem ao livro Empresas humanizadas: pessoas, propósito e perfomance. A partir daí surgiu um movimento mundial espontâneo, com criação de organizações sem fins lucrativos para difundir ideias em todo o mundo. Entre os exemplos de destaque está o Whole Foods Market (varejista americana de alimentos naturais) e a The Body Shop (cosméticos naturais).