Capitulo 2 - Estruturas organizacionais e o VMO
VMO (Value Management Office) é essencialmente sobre condução de processos de transformação e um fato inquestionável de toda e qualquer transformação empresarial é que são movimentos que exigem mudanças não só sobre aspecto de tecnologia mas também de processos e pessoas.
Empresas que optam por um programa de transformação normalmente se desafiam a adotar abordagens mais flexíveis, adaptáveis e inovadoras para tomar decisões e enfrentar as incertezas do mercado. Isso inclui ênfase na aprendizagem contínua, na capacidade de se ajustar rapidamente a mudanças e na busca de estratégias mais ágeis e colaborativas para lidar com a complexidade e as incertezas de um mundo em constante mudança.
Estrutura organizacional
Vamos começar pelos conceitos: Estrutura Organizacional é a forma como as empresas estão organizadas para operar, tomar decisões, comunicar-se, e se adaptar a mudanças. Quando falamos em Estrutura Organizacional estamos falando de quão hierárquica, quão "departamentalizada", quão especializada, quão centralizadora e flexível é uma empresa.
Empresas muito grandes podem ter diferentes modelos de organizações e culturas, dependendo da natureza do trabalho, tamanho, setor de atuação e objetivos das frentes de trabalho. A escolha da estrutura organizacional adequada é uma decisão estratégica importante que afeta o desempenho e a capacidade de adaptação da organização ao longo do tempo e quando a empresa opta por começar uma Transformação, é fato que ela também buscar adaptar suas estruturas para modelos mais colaborativos e flexíveis com um fluxo de entrega de valor mais contínuo e dinâmica característico de modelos operacionais ágeis.
Agilidade extrapolando a tecnologia e chegando no negócio
É um fato que empresas mais resilientes têm maior probabilidade de atravessar crises e emergir delas mais fortes. Adaptar-se a mudanças, recuperar-se de crises e continuar a crescer e prosperar no longo prazo é mais uma das justificativas para se adotar modelos operacionais mais ágeis extrapolando áreas de tecnologia, mas entrando também em otimização de processos operacionais.
Essa tendência da agilidade extrapolar as frentes da tecnologia, usando abordagem ágil também nas frentes de negócio, tem o intuito de priorizar a entrega rápida de valor, adotando ciclos de desenvolvimento mais curtos e iterativos e quebrando os silos organizacionais para promover a colaboração cross-funcional, abrindo espaço para correr riscos controlados e incentivar o pensar diferente, mas para que isso aconteça é preciso dar autonomia, criando ambientes de trabalho mais dinâmicos, adaptáveis, sem muito medo de errar.
É importante equilibrar a autonomia com a responsabilidade e a prestação de contas, para garantir que os objetivos organizacionais sejam alcançados de maneira eficaz.
O grande desafio das organizações é conseguir vincular suas estratégias em objetivos claros para que as equipes consigam ter autonomia para pensar livremente em soluções e mudanças que resolvam determinado problema ou desafio. Chegar nessa estrutura mais ágil exige muito esforço, mudanças de papéis, custa muito caro, leva bastante tempo e impõe um risco enorme para o negócio e não envolve apenas a implementação de novos processos ou metodologias, mas também exige uma mudança cultural e organizacional profunda.
Muitas empresas optam por começar essa transformação organizacional com iniciativas pontuais ou em equipes específicas, e, à medida que a maturidade ágil aumenta e os benefícios se tornam mais evidentes, optam por expandir gradualmente a adoção ágil para outras partes da empresa.
Por onde começar? Que tal focar em Gerar fluxo contínuo de entrega de valor
Um excelente primeiro passo para começar a transformar as organizações para modelos mais ágeis é começar a pensar em organizar seus grandes projetos em iniciativas menores de entrega de valor, prezando por ter cada vez mais pequenas e constantes evoluções do que grandes entregas.
O VMO tem papel importante na divulgação dos objetivos estratégicos e no apoio de transformar esses objetivos em um plano táticos que contemple um conjunto de iniciativas e projetos multidisciplinares, além de ações e mudanças pontuais que são decompostas em pequenas e frequentes entregas de valor associados a um objetivo estratégico.
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Organizar e dar visibilidade das transformações dessa forma, viabiliza e tangibiliza a estruturação de metas, além de facilitar o engajamento de toda a companhia em prol da estratégia. Faz com que seja viável quebrar grandes desafios em missões menores e com técnicas de planejamento multidisciplinar fazer com que essas missões sejam distribuídas entre as equipes com metas claras, colaborativas, consciente das dependências e importância da sua entrega especifica para um contexto como um todo.
Qual o critério para se montar um squad?
Gosto muito de uma figura que encontrei em um material do Alexander Oswalder (o pai do canvas) que coloca a tecnologia como uma esteiras de entrega de valor. Essas esteiras são agrupadas em produtos e serviços que em outras palavras são tribos ou squads que cuidam de grupos de processos de negócios fim-a-fim.
Essas esteiras precisam ser especializadas e contemplar todas as soluções e processos que viabilizam a entrega de valor fim-a-fim.
Esse modelo de esteiras de entrega de valor, não é algo novo, consultorias mais tradicionais utilizam esse método para organizar e viabilizar grandes programas de Implantação ERP, alguns exemplos de esteira de entrega de valor:
Falaremos mais profundamente sobre organização dessas esteiras quando abordar Cadeia de Valor e entrega de valor exponencial.
Criar essas esteiras de entrega de valor, organizando os desafios e objetivos estratégicos dessa forma, viabiliza introduzir práticas ágeis em organizações com estrutura mais tradicionais de uma forma incremental e evolutiva, basta escolher uma ou duas esteiras, mapear as soluções sistêmicas, os cenários de negócio e montar uma equipe multidisciplinar que irá atuar na viabilização dos objetivos estratégicos.
Além disso, a introdução de práticas ágeis, como Scrum, Kanban, Lean, Six Sigma pode ajudar a gerenciar eficazmente essas entregas de valor e promover uma cultura de melhoria contínua.
Enfim, fugir de grandes e longos projetos, estruturar objetivos estratégicos em entregas de valor claras e mensuráveis são boas práticas de organização de programas de transformação, isso naturalmente incentiva a colaboração e permite a introdução de práticas ágeis em contexto complexos e exponenciais. Ao adotar essa abordagem, a organização pode se beneficiar de uma maior capacidade de resposta, maior eficiência, maior satisfação do cliente e maior probabilidade de sucesso em seu programa de transformação e o VMO é o orquestrar disso tudo.
Referências Bibliográficas:
"Thinking, Fast and Slow" de Daniel Kahneman